Kurt Cobain não era um génio. Aceitemos essa ideia sem diminuir a influência da pessoa (e não apenas do ícone). OMTV Unplugged dos Nirvana é capaz de ter sido o primeiro álbum que comprei com o meu bem poupadinho dinheiro. Tinha 10 ou 11 anos e foi a conselho de alguns "mais velhos" que acharam por bem que eu devia conhecer. Os Nirvana não são da minha geração. Não me lembro do que andava a fazer no dia em que Kurt Cobain morreu. Muito provavelmente porque a coisa me passou ao lado. Hoje, vários anos depois, já conheço e reconheço Nirvana. E respeito (e sozinho desafino-o, como quem ameaça que vai cantar) o tão bem executado unplugged deles. Em versão acústica, Lake of Fire.
Num ano em que o cartaz não foi particularmente brilhante, o Optimus Alive!, que conta apenas com três edições, já se afirmou como um dos mais interessantes a nível nacional. Se o ano passado estava recheado de bandas, ícones e monumentos da música, este ano havia mais espaço para respirar e deambular pelo recinto sem programa definido.
1 O recorrente "dia metaleiro", que marca presença em muitos festivais, abriu as hostes do Alive! deste ano, no palco principal: Ramp, Mastodon, Lamb of God, Machine Head, Slipknot e Metallica. Não é a minha praia, não vou extender-me portanto a falar do que não sei. De qualquer forma, como nota pessoal, Mastodon acabaram por superar a concorrência e dar um espectáculo de rock, mais do que só um espectáculo de luz, cor e adereços...
Infelizmente, perdi tudo o que se passava neste dia no palco Optimus Discos. O que me leva a comentar a verdadeira necessidade de um 3º palco com bandas, em simultâneo com os dois palcos já existentes. Quanto a mim, o formato "ilha de dança" que apresentaram o ano passado funcionava melhor, mesmo em termos visuais.
A alternativa ao metal, encontrava-se no palco Super Bock. E a primeira surpresa chega com Delphic que lançam o mote deste palco secundário para os dias que se seguiam... Electro-Rock! Os sons alucinados de Madchester misturam-se com a sonoridade brit-pop com uma pitada de revivalismo rock e é festa garantida.
Air Traffic é banal e TV On The Radio não vive à altura do hype que os rodeia. Klaxons, por seu lado, crescem ao vivo e acabam por (correndo o risco de ser espancado pelos amantes do metal) dar o melhor concerto da noite.
Os Metallica acabam de dar o seu concerto ao mesmo tempo que Mr Mitsuhirato termina o seu set list. Mas ainda há vida no palco Super Bock e acaba por ser Erol Alkan a agitar quem ainda vai resistindo ao primeiro dia de Alive!
2 No meio é que está a virtude e, o Alive! não é excepção. O 2º dia de festival acabou por ser o melhor, mesmo que de forma discreta...
Placebo e partes de Blasted Mechanism foi tudo o que vi no palco principal. Prodigy passaram-me ao lado, estava ocupado nos The Ting Tings. Blasted são animação garantida em qualquer festival e nunca desiludem. Placebo, por seu lado, mostraram um lado cansado, envelhecido e pouco relevante. Dos primeiros dois álbuns pouco se ouviu (do primeiro não chegaram a tocar nenhuma música) e insistiu-se no novo Battle For The Sun, ainda demasiado verde ao vivo. Sentiu-se saudades dos Placebo impertinentes dos anos 90.
No palco Optimus Discos vi a primeira música de Coldfinger. E foi o suficiente para querer voltar a ouvir Margarida Pinto a solo.
O palco Super Bock era o sítio a estar durante todo este dia. Infelizmente perdi Late of the Pier, John Is Gone, The Gaslight Anthem e - dizem alguns, os melhores da noite - Hadouken! Pela positiva, comecei no palco secundário com aquele que ia achar o melhor concerto dos três dias de festival: Does it Offend You, Yeah? Voltamos ao Electro-Rock, ao puro talento dos britânicos para fazer música crua e revolucionária e à consagração do palco secundário como o ex-líbris de um Optimos Alive! sem os monstros das edições anteriores.
Seguiram-se os andrógenos Fisherspooner e o seu Electro (aqui mais Pop do que Rock) e os apetrechos visuais que os tornaram numa das bandas mais interessantes de, literamente, ver. A noite acabava com Zombie Nation, mas as pernas pediam descanso depois de tanto dançar no acelerado concerto dos The Ting Tings.
3 Um concerto desta digressão de Chris Cornell pode ser apelidado de esquizofrénico. Entre Audioslave, Soundgarden e a sua carreira a solo, somos levados para 3 estilos bem diferentes que chegam mesmo a ser incompatíveis. Talvez esteja a ser conservador, mas o grunge e hip-hop de Timbaland não pertencem no mesmo espaço. De qualquer forma, Chris Cornell é um frontman carismático, com uma voz dos diabos e que, quando aposta na vertente rock ainda nos deixa de boca aberta. Seguiu-se a irritante actuação dos Black Eyed Peas, que tiveram o seu momento mais alto quando passaram alguns excertos de músicas de Michael Jackson. O mais baixo, por outro lado foi quando Fergie decidiu que devia cantar Big Girls Don't Cry, do seu álbum a solo. Erro crasso. E os meus ouvidos ainda se queixam. Finalmente, Dave Matthews Band. A legião de seguidores e o pseudo-culto que se gerou à volta deles escapa-me por completo e aborrecidos é a melhor forma que encontro para os descrever. Não duvido que os fãs tenham gostado do concerto, eu ao fim de algumas músicas decidi ver o que se estava a passar noutros lados.
O palco Optimus Discos foi demasiado pequeno para os Linda Martini e o seu rock intimista. A banda tem uma coerência em palco avassaladora, partilham irmãmente o protagonismo e foi bonito ver a forma como acabaram o concerto, todos virados para o centro do palco numa comunhão rara de amor pela música que fazem. Nós agradecemos e esperamos pelo próximo ano, já num espaço à sua dimensão.
Los Campesinos mostraram como se faz uma festa no palco Super Bock e Lykke Li espalhou charme. Ghostland Observatory e o seu electro foram a banda sonora da minha despedida do Alive! 09.
Mesmo com algumas deficiências o Alive! conseguiu mostrar porque merece a nossa atenção e como, em apenas três anos e uma boa organização, se destrói o espaço que pertencia ao Super Bock Super Rock [que, este ano acabou de assinar a sua morte] Fica só o meu apelo: Para o ano queremos os Radiohead!!! Não os deixem ir parar ao Rock In Rio!
Tudo indica que é um dos melhores do ano. Para já deixo-vos como Two Weeks, uma grande música deste quarteto de Brooklyn. Se gostarem do género, não deixem de dar uma oportunidade ao cd.
Inauguramos hoje uma nova rubrica no Take a Break, chamada "Sons do Baú", e que têm como objectivo a postagem, com periodicidade aleatória, de músicas do passado que de alguma forma nos tocaram e acompanharam ao longo da vida.
Ainda me lembro da primeira vez em que ouvi os "My Bloody Valentine"! Deve ter sido em 95 ou 96. Emprestaram-me 3 cd's que logo gravei em cassetes audio e que ainda hoje tenho, porque isto da fácil acessibilidade à música é coisa recente, convém lembrar...
De qualquer modo, esta música de distorções harmoniosas, é talvez a mais bonita do álbum loveless e aquela que Sofia Coppola elegeu para a banda sonora de "Lost in Translation"!
Comentário: Não havia mesmo espaço para United States of Tara num grupo de 7 nomeados?
Melhor Série Drama:
Big Love
Breaking Bad
Damages
Dexter
House
Lost
Mad Men
Comentário: House ser nomeado na pior temporada da série parece-me claramente um exagero. E True Blood? Ao menos a melhor série da temporada (Breaking Bad) é nomeada.
Actor Principal - Comédia
Alec Baldwin - 30 Rock
Steve Carell - The Office
Jemaine Clement - The flight of the conchords
Jim Parsons - The Bing Bang Theory
Tony Shallboub - Monk
Charlie Sheen - Two and Half Men
Actor Principal - Drama
Simon Baker - The Mentalist
Gabriel Byrne - In Treatment
Bryan Cranston - Breaking Bad
Michael C. Hall - Dexter
Jon Hamm - Mad Men
Hugh Laurie - House
Comentário: Simon Baker? Grande surpresa...A nomeação de Cranston é mais que merecida, mas confesso que o serial killer Michael C. Hall já merecia a vitória e o respectivo reconhecimento.
Actriz Principal Comédia
Chrstina Applegate - Samantha Who
Toni Collette - United States of Tara
Tina Fey - 30 Rock
Julia Louis-Dreyfuss - The New Adventures of Old Christine
Marie-Louise Parker - Weeds
Sarah Silverman - The Sarah Silverman Program
Comentário: Se Toni Collette não ganha este prémio...
Actriz Principal Drama
Elizabeth Moss - Mad Men
Glenn Close - Damages)
Sally Field - Brothers and Sisters
Kyra Sedgwick - The Closer
Mariska Hargitay -Law & Order: Special Victims Unit
Holly Hunter - Saving Grac
Comentário: Calista Flockhart merecia este ano a nomeação. Muito mais do que Sally Fields. De resto, as "suspeitas" do costume.
Actor Secundário Comédia
Tracy Morgan - 30 Rock
Jack McBrayer - 30 Rock
Jon Cryer - Two and a Half Men
Kevin Dillon - Entourage
Neil Patrick Harris -(How I Met Your Mother
Rainn Wilson - The Office
Comentário: Jeremy Piven não está entre os nomeados?? NPH pelos vistos, para além do discurso de apresentação dos prémios, podes começar a preparar o discurso da vitória.
Actor Secundário Drama
William Shatner - Boston Legal
Christian Clemenson -(Boston Legal
Aaron Paul - Breaking Bad
William Hurt - Damages
Michael Emerson - Lost
John Slattery - Mad Men
Comentário: Aaron Paul!!!!! O percurso deste actor desde a primeira temporada até ao final da segunda é abismal. Merece a nomeação e seria um grande vencedor surpresa. E acho que uma nomeação ao Lafayette de True Blood não ficava nada mal. Assim como o destaque ao sensacional Ron Pearlman
Actriz Secundária Comédia
Kristin Chenoweth - Pushing Daisies
Amy Poehler - Saturday Night Live
Kristin Wiig - Saturday Night Live
Vanessa Williams - Ugly Betty
Jane Krakowski - 30 Rock
Elizabeth Perkins - Weeds
Actriz Secundária Drama
Cherry Jones - 24
Hope Davis - In Treatment
Dianne Wiest - In Treatment
Chandra Wilson - Grey’s Anatomy
Sandra Oh - Grey’s Anatomy
Rose Byrne - Damages
Comentário: E a Katherine Heigl? Grande surpresa. Quase tão grande como a Rose Byrne ser nomeada. Mas merece inteiramente o destaque. E por onde anda a Katey Sagal do Sons of Anarchy?
Comentário Geral: nem True Blood, nem Battlestar Galactica, nem Californication, nem The Shield. Muitas ausências num ano que fica marcado por algumas surpresas.
Podem consultar os restantes nomeados na página dos Emmys - http://www.emmys.tv
not_alone A Ressaca Está sol, calor e não apetece ir ao cinema ver filmes que nos façam suar muito o intelecto. A Ressaca portanto é um filme bem disposto, disparatado q.b. sem cair (muitas vezes) no completo ridículo... Para além disso, o trio Bradley Cooper / Zach Galifianakis / Ed Helms é o género de tipos com quem todos podemos aprender qualquer coisa para passarmos um verão bem mais cool e memorável. Deixe a vergonha em casa e ria bem alto na sala de cinema, vale a pena.
Duarte A Ressaca Está bem que é apenas entretenimento descartável, com o único intuito de provocar o riso e gargalhadas. Mas a missão é cumprida na perfeição, com uma mistura de humor javardola extremamente inspirado, gags de enorme fisicalidade cómica e personagens extremamente bem escritas e caracterizadas, com destaque para um barbudo surreal e um asiático com tendências agressivas. E vamos ser honestos, não é díficil identificarmo-nos com uma despedida de solteiro que dá para o torto, esse evento por que muitos passam e que deixa sempre marcas, que convém o tempo apagar, ou não.
Paulo Shotgun Stories Num mês algo pobre em estreias, foi este pequeno filme cá chegado com 2 anos de atraso que mais despertou por estes lados a atenção cinéfila. Com um ritmo pausado e uma grande economia de recursos, o filme de estreia de Jeff Nichols partilha muitas semelhanças com alguns títulos do seu produtor, David Gordon Green, nomeadamente o gosto pelas paisagens rurais americanas, a ausência de uma verdadeira história, e as grandes composições que arranca dos seus actores. Não é um grande filme, mas é uma bela obra de estreia que me faz querer seguir o futuro de Nichols com muita atenção.
P. Shotgun Stories
Há aqui uma óptima tensão enquanto o filme se encaminha para uma inevitável tragédia. Shotgun Stories mostra-nos uma América que nos é misteriosa. E essa densa América redneck ganha aqui contornos de vingança. Num filme que é de violência, é curiosa a ausência de sangue. Temos, isso sim, áridas paisagens e um trio de irmãos que a vida derrotou. Jeff Nichols juntou amadores, numa escolha de casting perfeita, a Michael Shannon. E o actor que dominou por completo Revolutionary Road tem aqui todo o espaço de que necessita. Por todo o filme perpassa uma estranha e deliciosa humanidade, que nos leva a identificar-nos com o que nunca conhecemos.
Lembram-se deles? Há cerca de dois meses atrás iniciámos um rubrica nova no Take a Break: Post de Escuta. O objectivo passa por entrevistar um projecto nacional, que viva no myspace, e dar a conhecer os intérpretes e a música. A rubrica estreou-se com este projecto, aCorda, que venceu o concurso Jovens Criadores 2008, organizado pelo IPJ e pelo CPAI. Por mérito deles, vão actuar já esta semana, dia 9 de Julho, no mítico Cabaret Maxime, em Lisboa.
Pela nossa parte, fica apenas o desejo de que seja um espectáculo com toda a originalidade de que são capazes.
Como já é hábito nos últimos anos, a equipa do Take a Break voltou a reunir-se para definir aqueles que são os 10 melhores filmes da primeira metade do ano. E se em outros tempos aparecia sempre um título consensual, este ano a luta pelos lugares cimeiros foi renhida.
Sem mais demoras, segue o TOP 10 do 1º semestre de 2009:
1# The Wrestler
2# Gran Torino
3# Revolutionary Road
4# The Curious Case of Benjamin Button
5# Milk
6# Che: Argentino e Guerrilha
7# Rachel Getting Married
8# This is England
9# Let the right one in
10# Star Trek
Agora que apresentam os nossos favoritos até ao momento, gostaríamos de saber a vossa opinião: "Qual o melhor filme do 1º semestre de 2009?". Vota na sondagem que está barra lateral ou aqui.
Todos os anos, por esta altura, entre as inúmeras estreias de Verão carregadas de grandes produções e animações, há também lugar para a comédia ligeira desprovida de outras pretensões que não as de tentar arrancar o maior número de gargalhadas por espectador. The Hangover consegue-o sem problemas de maior, e o seu sucesso gigantesco é, por esta altura, mais do que compreensível, seguindo uma receita com tudo para dar certo: o realizador Todd Phillips, já com um currículo de peso na comédia javarda, dirige sem medos um argumento recheado de gags sem grandes papas na língua ou problemas com o políticamente correcto e, sobretudo, um grupo de actores não muito conhecidos mas consistentemente inspirados: Ed Helms (membro regular da versão americana de The Office) é bastante divertido, assim como Bradley Cooper que consegue entrar no espírito sem grandes problemas, mas são o comediante Zach Galifianakis (vai tornar-se numa estrela) e Ken Jeong quem rouba o espectáculo. Ah, e Mike Tyson... e com piada (?!). Tem problemas? Certamente, porque nem sempre acera no alvo, porque Heather Graham é despachada num papel completamente acessório (e como eu gosto da Rollergirl) e porque se sente claramente que o argumento tem de ser despachado quando a duração se aproxima do final e se tem de arranjar conclusão para a história deste grupo de amigos em Las Vegas para uma despedida de solteiro que só não é memorável porque ninguém se consegue lembrar do que aconteceu. Mas isso no final pouco importa quando as gargalhadas surgem em grande número. Ninguém espera mais do que isso quando entra na sala.
Há muito tempo que não ouvia estas sonoridades... Ouvi ontem e gostei de relembrar. Sixteen days, o primeiro ep dos This Mortal Coil, um clássico dos anos oitenta! Espero que gostem!