
É caso para dizer "finalmente", à tão esperada chegada da mais popular família da televisão norte-americana às salas de cinema. Desde que se iniciaram com os sketches de 30 segundos no The Tracey Ullman Show, em 1987, The Simpsons nunca mais pararam, tendo conquistado a sua própria série televisiva em 1989 que, como toda a gente sabe, se mantém ainda hoje no ar, com a sua popularidade ainda aumentando a olhos vistos - basta ver a forma como a FOX (canal da TV Cabo) tem tratado a série, em constante loop, apresentando dois episódios diários e retomando a série desde o início, sempre com bons resultados de audiências. Na verdade, estamos diante de um dos melhores e mais viciantes produtos que a televisão jamais ofereceu.
Mas afinal, o que é que vale Os Simpsons - O Filme, como um produto independente? Pessoalmente, penso que é praticamente impossível dizê-lo, uma vez que as personagens estão já de tal forma impregnadas na cultura popular que se torna difícil abordá-lo dessa forma. Será que uma pessoa que nunca tivesse visto a série, nem tivesse tido qualquer contacto anterior com as personagens (imaginemos que estava a viver em Marte e tinha regressado ontem à Terra) conseguiria divertir-se com o filme? Certamente que sim. Mas será que se iria divertir tanto quanto aqueles já altamente familiarizados com as idiossincrasias das personagens? Provavelmente não.
De certa forma, e mesmo que muitos possam discordar plenamente do que vou dizer a seguir, Os Simpsons - O Filme acaba por funcionar como uma extensão do seu conceito televisivo, sem trazer grandes novidades. Claro que existem ligeiras adaptações ao grande ecrã, começando desde logo pelo formato largo (2.35:1), que lhe confere um aspecto épico delicioso, bem como algumas sequências mais trabalhadas ao nível da própria animação, mas a construção narrativa quase se mantém intacta. Temos uma história principal que envolve preocupações ambientais e a estupidez de Homer enquanto cidadão, marido e pai, da qual posteriormente irá procurar a redenção. E temos também todo aquele leque de secundários que já conhecemos tão bem ou melhor do que a palma da mão. Ou seja, nada de particularmente diferente daquilo que podemos ver habitualmente.
Claro que isso quer dizer muito pouco, uma vez que apesar de parco em novidades, a equipa por detrás dos Simpsons é das mais criativas do panorama televisivo mundial. O humor continua deliciosamente maldoso, oferecendo constantes momentos de ir às lágrimas, ao mesmo tempo que não se esquece da ternura e simpatia habituais para com as personagens. Tal como em alguns episódios, há personagens que acabam por assumir um papel ligeiramente mais secundário (neste caso é Lisa que, apesar de até ter direito a se apaixonar, acaba por passar um pouco ao lado do resto da família). De resto, temos os habituais cameos, disparos subtis em todas as direcções, as piscadelas de olhos cinéfilas, o humor nonsense habitual e políticamente incorrecto (cheios de piadas ácidas em relação à FOX, a "casa" dos Simpsons, e mesmo ao próprio espectador - ver a deliciosa sequência inicial). Sem dúvida que qualquer fã irá certamente sair satisfeito da sala, com mais esta dose vinda directamente de Springfield.
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Tenho de ver isso :) Este mês ainda nao vi dois dos filmes mais mediáticos: Death Proof e The Simpsons ... Vou ver se colmato essa lacuna brevemente :) Um abraço!!!