quinta-feira, julho 31, 2008
Voz numa pedra

Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento

Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal

Mário Cesariny
posted by P.R @ 6:00 da tarde   0 comments
sexta-feira, julho 25, 2008
E que tal, Catwoman?
Depois de visto The Dark Knight a nossa "sede" pelo universo Batman de Nolan aumenta consideravelmente. Com todo o êxito que o filme está a ter duvido muito que não se caiam em tentação de fechar a trilogia. Por mim, se a qualidade se mantiver lá, parece-me uma excelente ideia.

A questão é, quem entraria no terceiro filme que pudesse "substituir" o brilharete de Joker? Na minha opinião apenas uma personagem: Catwoman.Sinceramente, e para quem viu este filme percebe, acho que faz sentido um interesse amoroso na vida de Batman. Para além do que a personagem tem o carisma suficiente para encher o ecrã.

Como a imaginação está sempre a fervilhar, encontrei três actrizes que, do meu ponto de vista, seriam grandes escolhas para o papel. Ei-las:



Para os mais distraidos são Eva Green, Emily Blunt e Marion Cotillard. Aceitam-se sugestões no sítio do costume.
posted by P.R @ 12:26 da tarde   11 comments
quinta-feira, julho 24, 2008
The Dark Night

Why do you wanna kill me?
Kill you? I don't wanna kill you... you complete me.

The Dark Knight não é o melhor filme da história do cinema. Mas é seguramente dos melhores policiais de sempre, o melhor filme de super-heróis já feito (bate aos pontos o Spider-man) e têm um vilão equiparável a Hannibal Lecter, Alex de Large e Norman Bates. E tudo isto deve-se sobretudo a Christopher Nolan, uma figura já incontornável desde novo milénio, que reveste Batman e as demais personagens com uma textura dramática impressionante, redimensionando o conceito de super-herói, onde o homem por detrás da máscara escolhe o caminho mais difícil e ingrato para que a esperança e a crença na justiça e no homem perdure. Muito mais podia ser dito, mas vou esperar por mais uma ida ao cinema para confirmar o que hoje me parece evidente: obra-prima.
posted by P.R @ 10:13 da manhã   10 comments
quarta-feira, julho 23, 2008
Mercury Prize

Sairam ontem as nomeaçãoes para o célebre Mercury Prize, os prestigiados prémios britânicos que distingue o melhor álbum produzido naquela país. Eis os "felizardos":

Adele - «19»
British Sea Power - «Do You Like Rock Music?»
Burial - «Untrue»
Elbow - «The Seldom Seen Kid»
Estelle - «Shine»
Laura Marling - «Alas I Cannot Swim»
Neon Neon - «Stainless Style»
Portico Quartet - «Knee-Deep In The North Sea»
Rachel Unthank - «The Bairns»
Radiohead - «In Rainbows»
Robert Plant & Alison Krauss - «Raising Sand»
The Last Shadow Puppets - «The Age Of The Understatement»

Apenas algumas notas: estranho a ausência de Coldplay e Portishead, muito merecida a nomeação de The Last Shadow Puppets (na minha opinião um dos melhores discos do ano) e aposto que a "luta" pela vitória vai ser entre Radiohead e Robert Plant. Os sucedores dos Klaxon, que ganharam o ano passado, são conhecidos a 9 de Setembro.
posted by P.R @ 10:27 da manhã   2 comments
terça-feira, julho 22, 2008
Funny Games
Spoilers!

Começo este texto por referir que nunca vi o original e, como tal, é impossível fazer comparações. Posto isto devo dizer desde já que acho Funny Games um filme absolutamente brilhante. Brilhante na forma de manipular intencionalmente o espectador, como na cena em que a criança é morta no meio de vários gritos e o que vemos é um dos jovens calmamente a fazer uma sandes. Quem é que naquela altura não esperava/queria ver o que se tinha passado? Haneke é provocador e brinca perversamente connosco, fazendo uma crítica mordaz à violência gratuita no cinema e na televisão, à manipulação por parte dos mass media mas também à ânsia do público por sangue e drama e por só ver aquilo que bem quer. Exemplos disso estão espalhados por todo o filme: quando o Pitt fala para a câmara a perguntar se queremos mais, na mítica cena do review, um longo plano da televisão salpicada de sangue depois da morte da criança e de outros pormenores deliciosos como o facto de a primeira coisa que Ann faz quando os “convidados” saem de sua casa é… desligar a televisão.

Para além desta componente de crítica quase cruel, a verdade é que o filme é também um drama fabuloso, onde percebemos e sentimos a raiva, a dor, a angústia daquela família tão bem espelhados por dois desempenhos prodigiosos de Naomi Watts e Tim Roth a mercê dos fantásticos Michael Pitt e Brady Cobert.

Se este é um filme que divide opiniões a mim conquistou-me por completo. Acho que é um exercício singular sobre os efeitos devastadores da violência quer na forma, quer no conteúdo. E é um dos melhores do ano.

posted by P.R @ 11:45 da manhã   8 comments
quinta-feira, julho 17, 2008
The Dark Knight: Campanha Viral


Provavelmente muita gente me vai querer espancar depois de dizer isto, mas é com um maléfico sorriso na cara que partilho a alegria de ir à ante estreia de The Dark Knight. Mas, e no que diz respeito à campanha de marketing do filme há sempre um "mas", o que quero destacar é a forma como os convites para a dita ante estreia são apresentados.

Dentro de um saco transparente, hermeticamente fechado (como se de a prova de um crime se tratasse) temos uma carta do Joker. A aparente carta de jogar desdobra-se e dá então lugar ao convite duplo para a mágica sessão dia 23 de Julho. Basicamente a ideia é a que se encontra na foto seguinte, sendo que a carta portuguesa é ligeiramente diferente.



The Dark Knight estreia a 24 de Julho em Portugal e vamos rezar para que seja tudo aquilo que nos estão a fazer acreditar.
posted by not_alone @ 3:33 da tarde   1 comments
segunda-feira, julho 14, 2008
Bob Dylan | Optimus Alive! | 11-07-2008

Bob Dylan foi um homem do Blues na Sexta à noite. Não deixou de percorrer temas incontornáveis como “Rainy Day Women #12 and #35” (com que começou a actuação), “Don’t Think Twice, It’s All Right”, “Highway 61 Revisited”, “Things Have Changed” ou “Like a Rolling Stone” (com que acabou), mas os arranjos e a voz estavam bastante modificados. Mas ele estava lá, na dele, sem grandes histerias de público, um público bastante heterogéneo em termos etários, que o seguiu com mais ou menos atenção. À minha frente uma mulher acompanhada de duas crianças resolveu sair à segunda canção porque “o homem estava velho”. Mas à minha volta, casais de meia idade e jovens que, como eu, gostam do Dylan por um tempo em que não éramos sequer nascidos, sorviam as melodias com satisfação. Foi-se ali para ver um mito vivo, e vimo-lo, a tocar, sendo ele, como se nem houvesse multidão. Talvez o palco do Alive não tenha sido o melhor local para o Dylan homem do Blues. Mas que importa? Vimos e ouvimos Bob Dylan. E isso faz valer qualquer noite – e qualquer festival.
posted by Anónimo @ 12:25 da manhã   1 comments
domingo, julho 13, 2008
Se Questo É Un Uomo



Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casa aquecidas,
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara.


Primo Levi
posted by The Stranger @ 3:38 da tarde   0 comments
quinta-feira, julho 10, 2008
Nota
Caríssimos,

Depois de ultrapassados alguns problemas com o template, está de volta a sondagem. Infelizmente, tivemos que que fazer um restart da mesma pelo que perdemos os votos daqueles que já tinham manifestado a sua opinião sobre o Indiana Jones. Desta forma, e pedindo desculpa pelo sucedido, pedimos a quem já votou que faça novamente, e a quem não fez que faça também o obséquio! A malta agradece!

A equipa Take a Break
posted by P.R @ 12:08 da tarde   0 comments
Filme do mês | Junho

Ana Silva Nada a destacar

H. Alexandra

Alexandra, realizado pelo russo Aleksandr Sokurov, foi sem margem para dúvida o melhor filme que vi o mês passado. Um olhar envolvente, simultaneamente muito real e algo poético, das deambulações de um avó de visita ao neto soldado na Tchetchénia. A sua condição de mulher, de velha, de avó e de russa é confrontada com vários "outros", sendo que ela emerge sempre, com todas as suas fragilidades, como um ser admirável, extraordinário não deixando nunca de ser comum. Um dos mais belos filmes do ano.

not_alone O Orfanato

Num mês particularmente fraco, O Orfanato destaca-se por conseguir surpreender. Tem suspense, mistério, drama e até sobrenatural ou fantasia, nas medidas certas. Consegue manter-nos envolvidos no sua trama com um argumento sólido e, já no final, deixa de lado o mecanicismo da coisa para deixar o sentimento segurar as pontas soltas. E resulta, estranhamente.

Paulo The Happening

Num mês globalmente fraco em termos de estreias o destaque vai, ainda assim, para The Happening, o novo M. Night Shyamalan. Apesar de se saldar, talvez, como o menos empolgante filme da sua carreira, é ainda assim uma obra recheada de grandes momentos de cinema que, por si só, valem o visionamento e suplantam algumas debilidades ao nível do elenco e mesmo do argumento, nem sempre tão coeso como outras obras que carregam a sua assinatura. Além disso, é um dos seus trabalhos mais extremos, no limite, em que o dispositivo do medo, surge sem uma forma propriamente dita. É também um filme-mensagem disfarçado de série B, e uma proposta sólida para este Verão cinematográfico.

P.R. Nada a destacar

Duarte The Happenning

Shyamalan nunca realizou nada que eu não apreciasse. Gosto do seu estilo, do seu método, da sua muito particular forma de contar uma história e de lhe proporcionar uma específica ambiência. E "The Happening" segue um pouco a sua linha cinematográfica, não desiludindo, sendo sempre capaz de nos prender efectivamente à cadeira, mas, neste caso, infelizmente, de uma forma menos inspirada do que é habitual, apesar de, estranhamente, bem mais violenta graficamente. Mas as coisas boas estão lá na mesma, talvez assentes numa premissa sobrenatural menos inspirada, mas que fazem juz a um cinema de género, a que se claramente cola e que evoca em cada plano.

posted by P.R @ 11:45 da manhã   0 comments
segunda-feira, julho 07, 2008
Grandes Momentos | Willow

Ora aqui está um filme da minha infância. Sem saber o que era ser produzido e escrito por George Lucas, realizado por Ron Howard ou protagonizado por Van Kilmer, Willow foi um filme que vi e revi dezenas de vezes fascinado pela aventura de Willow e Madmartigan. Em 2008 faz 20 anos que o filme estreou. Para recordar esse momento e o grande filme que é deixo-vos com o trailer de Willow.

p.s - tirem o bébé e ponham um anel e reparem nas semelhanças com o senhor dos anéis...

posted by P.R @ 11:26 da manhã   1 comments
quarta-feira, julho 02, 2008
Cinema | Balanço 1º Semestre
Estamos no ínicio de Julho, que é como quem diz, entrámos na segunda metade de 2008. Como tal, nada mais pertinente, seguindo a tradição, que fazer uma pequena avaliação cinematografica destes primeiros seis meses. Para tal, e, novamente, como manda a tradição, os membros do Take a Break reuniram-se e votaram nos 10 melhores de 2008 até ao momento. Reunidos e contabilizados os votos, chega agora a altura de os apresentar.

10# Persepolis

9# Lust, Caution,

8# Cassandra's Dream

7# I'm not there

6# Atonement

5# No country for old men

4# My Blueberry Nights / The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford

3# The Darjeeling Limited

2# Into the Wild


1# There Will be Blood


Apesar da boa qualidade dos filmes que nos têm sido presenteados até ao momento, a verdade é que There will be blood foi, esmagadoramente, apontado pelos membros do blog como o melhor até à data. Posto isto lançamos o desafio de elegerem também aquele que consideram o melhor filme do 1º semestre de 2008.

A equipa Take a Break

Update: Agora sim, temos o top 10 completo!
posted by P.R @ 4:18 da tarde   8 comments
 

takeabreak.mail@gmail.com
Previous Post
Archives
Cinema
>> Críticas
>> Filme do mês
>> Grandes Momentos
>> 10 Filmes de Sempre
>> Balanços
"Combates"
Críticas Externas
Música
>> Concertos
>> Discos
>> Sugestão Musical
>> Video da Semana
>> Outros
Teatro
TV
Literatura
Outros
Links
Affiliates