É um clássico, mas penso que não podia faltar a esta coluna do blog. Porque aqui está uma cena fabulosa de construção cinematográfica que, apesar de retratar horrores inacreditáveis, o consegue fazer com um sentido de espectacularidade assustador. Até porque grande parte de Apocalypse Now é sobre isso mesmo: a chegada com pompa e circunstância da cultura do espectáculo ocidental que destrói e contamina tudo à sua volta. É, por isso mesmo, uma das mais perturbadoras sequências alguma vez filmadas, mas ao mesmo tempo torna-se impossível não sentir aquele arrepio na espinha. Para ver com o volume bem alto.
Está óptima a montagem neste trecho. A parte do silêncio em que se vêm os orientais a,subitamente, orrer para ver os aviões é de um contraste conceptualmente arrepiante!
Pessoalmente, o grande momento neste filme, para mim, é o diálogo do Kurtz com o Charlie Cheen, filmado à luz das velas, em que a cara do Kurtz se vê sempre iluminada parcialmente. Tanto pelo diálogo (mais monólogo) como pela beleza da fotografia, considero esse trecho absolutamente genial!
De qualquer forma, este novo cinema americano vai sendo impossível nos dias que correm... Tem que se trabalhar o dia todo, não há tempo para pensar e a doença mental que abunda chama-se stress! Pena que não haja, nem tempo, nem espaço, para as outras psicopatologias... Pena que o mundo ande desta forma...
Venha o horário laboral obrigatório de 6 horas por dia, com direito a salário mínimo igual ao do Luxemburgo!!! eheh!!! Ou então venha napalm na A.R.!!!
De génio. Brilhantismo puro.