domingo, março 09, 2008
Filme do mês | Fevereiro

Ana Silva There Will Be Blood

Há quem fale de uma espécie de tête-à-tête entre «No Country For Old Men» e «There Will Be Blood», os grandes filmes que já nos chegaram este ano. Ainda sem ter visto o primeiro, só posso destacar aqui o filme de Daniel Day-Lewis – um filme arrebatador e inesquecível. Com desempenhos inigualáveis (claramente Day Lewis, em grande sintonia com Paul Dano), e com uma construção cinematográfica brilhante, é um filme que tão depressa não deverá desaparecer das nossas memórias.

H. There Will Be Blood

Esperámos cinco anos pelo regresso de Paul Thomas Anderson... E que regresso! There Will Be Blood é um marco na sua carreira e não hesito em afirmar que é um dos melhores filmes de 2008, obra criada com mão de mestre e que, a espaços, nos faz pensar noutros mestres: como Welles no seu insuperável Citizen Kane. Daniel Day-Lewis é magnânimo como Daniel Plainview, sendo muito bem secundado pelo jovem Paul Dano. No seu conjunto (o trabalho notável de incorporação do som, a fotografia, a direcção artística...) o filme é todo ele um portento.

not_alone There Will be Blood
There Will be Blood é uma obra maior. Daquelas que falaremos daqui a 20 anos quando recordarmos os grandes filmes da nossa vida. Assim como a interpretação de Daniel Day Lewis ficará na história, ao lado de grandes nomes como Al Pacino, Robert De Niro ou Marlon Brando. E dito isto, não consigo pensar em mais nada que faça justiça à magnitude deste filme.

Paulo There Will Be Blood

A espera valeu bem a pena, e cinco anos depois de Punch-Drunk Love, eis que o grande Paul Thomas Anderson regressa com uma obra inesquecível. There Will Be Blood é uma história sobre ambição, poder, religião, capitalismo e, convém não esquecer, sobre pais e filhos, voltando a família a funcionar como um dos alicerces principais da narrativa. Visualmente, é de um arrojo ímpar, e é fortíssimo em termos dramáticos, estando carregado de planos, sequências e diálogos marcantes. Lembra Kubrick, Welles ou Malick, mas There Will Be Blood é, acima de tudo, um filme com a marca de génio do seu realizador.

P.R. There Will Be Blood

There Will Be Blood é daqueles filmes que aparecem apenas de vez em vez. É uma obra absolutamente perfeita, com pormenores que a transportam para a galeria dos melhores filmes de sempre e onde Daniel Day-Lewis brilha com uma intensidade que ofusca tudo e todos. PTA tem aqui o seu Barry Lyndon, o seu filme maior, a sua obra-prima até porque, na minha opinião, e entrando no campo já mais discutível, este filme deixa Magnolia uns furos atrás.

Duarte No Country For Old Man

Depois das exarcebadas expectativas, ainda mais exponenciadas pela glória nos Oscars, a nova película dos Coen confirma tudo o que de genial prometia. É imaculadamente concebido e concretizado, tenso como um parafuso bem apertado e com interpretações, e momentos, que vou guardar bem fundo na minha memória cinéfila. E tem camada após camada de reverberação dramática, atrás de cada morte, de cada gota de sangue, de cada ilusório acordar com o desencanto da nossa nova realidade. Este mundo já não é para velhos, mas é nele que temos que viver. E assim, só me resta agradecer aos Coen " for keeping on playing on their corner of the sandbox."


posted by P.R @ 7:33 da tarde  
9 Comments:
  • At 9:32 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    pta tem o seu barry lyndon aqui? there will be blood é assim tão razoavelzinho? :p
    agora a sério, não acredito que seja melhor que magnolia.

     
  • At 11:14 da tarde, Blogger Juom said…

    Eu acho que, com uns revisionamentos e o devido tempo, é mesmo capaz de ultrapassar "Magnolia" na minha consideração. Vamos a ver, mas que é brilhante, lá isso é!

     
  • At 11:42 da tarde, Blogger P.R said…

    oh miguel Barry Lyndon é uma obra-prima absoluta! E é um dos melhores de Kubrick :P

    Quanto a Magnolia nunca partilhei da devoção ao filme ! É um belíssimo filme, sim senhor...Mas não é o melhor filme da década e nao é melhor que There Will Be Blood! :)

     
  • At 6:01 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Quero deixar os parabéns ao Duarte por ser o único que escolheu para fime do mês o No Country For Old Men.

    Haja alguém independente neste blogue e que não esteja ressabiado pelo PTA ter sido goleado pelos Coen nos Óscares.

     
  • At 11:09 da manhã, Blogger Juom said…

    Sim, realmente a mim tira-me o sono que os realizadores dos geniais "Barton Fink", "Fargo" ou "The Big Lebowski" tenham ganho Oscares. Aliás, nem dormi desde essa noite até hoje, de tão ressabiado que estou.

    Ou então, se calhar, só gosto mais de "There Will Be Blood" do que de "No Country For Old Men" e pronto. Isso quer dizer que não gosto do filme dos Coen? Enfim...

     
  • At 11:45 da manhã, Blogger P.R said…

    Lol o mundo é realmente engraçado..

    No post anterior o último comentário evidencia que ligámos em demasia a prémios e a Oscars... Agora, quando elegemos o filme que não ganhou nos Oscars, somos criticados por estarmos "ressabiados" por NCFOM ter ganho...

    Um enorme e estridente LOL é o que tenho a dizer :P

     
  • At 9:08 da tarde, Blogger Unknown said…

    Boas,

    Para mim, a melhor fita foi mesmo o "No Country for Old Men". Os Coen exercem uma ginástica física e mental notável que passou despercebida à maior parte dos espectadores. A violência foi apenas utilizada como recurso extremo para um abrir de olhos à sociedade, com o intuito de ela perceber o quão degradante e anárquica se está a tornar.

    Abraço.

    PS: Visitem o novo site dedicado à sétima arte: www.bilhetemagico.com

     
  • At 5:22 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Senhor Projeccionista!

    ;)

     
  • At 5:49 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ao contrário da maioria dos filmes onde no final o bem venci o mal e o mocinho vence o vilão, No Country For Old Men nos mostra uma visão mais real do mundo corrompido e violento q vivemos hoje, um mundo onde não existe super heróis, mutantes com super poderes ou carros q se transformam em robôs para nos dá uma "ajudinha"... Este mundo infelizmente não existe pelo contrário o mocinho e o vilão somos nós mesmos, somos nós q temos q vencer (sem nenhum efeito especial computadorizado de alto orçamento) o mal ou o bem.

    Abraço.

     
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