
A conhecida actriz Lúcia Moniz sempre teve como sonho, entre outras coisas, ser cantora. Com a ajuda do talentoso Nunno Bettencourt alcançou-o finalmente. Foi em 1999 que lançou o seu primeiro disco, intitulado Magnolia, que mudou a vida, senão de muitos, a minha. Honestamente simples e humilde, este primeiro trabalho da cantora é uma pequena janela para um mundo lá fora.
Magnólia é inexplicavelmente perfeito. Não necessariamente perfeito na complexidade musical ou nos diferentes registos e arranjos, mas na multiplicidade de emoções que nos faz sentir. Chegou a mim e conquistou-me por completo. A voz doce da (lindíssima) Lúcia embalou algumas das minhas lágrimas mais revoltas, que teimaram em não ficar cá dentro. Foi desculpa para soltar alguns gritos exorcizantes. Balancei ao som do seu humor. Intervalando o português e o inglês, num perfeito estado de equilíbrio entre as duas línguas. É quase parte da mobília das minhas memórias de adolescente. A cantora e compositora, abre as portas do seu singelo mundo e dá-nos permissão para o adoptar. Para que ele possa ser, por alguns momentos, nosso. Tivesse eu direito a uma compilação para servir de banda sonora à minha vida e estaria, certamente, um lugar reservado para uma faixa de Magnólia.
Com a simplicidade de uma flor, Magnólia, é belo e sincero naquilo que transmite. Não pretende ser mais do que uma compilação de músicas, munidas de uma honestidade desarmante. A naturalidade de letras como “a vida segue lá fora” ou “cheiros de ti”, descortina momentos comuns aos dissabores e prazeres pelos quais todos já passámos. Inevitavelmente deixamos aqueles ritmos consumirem-nos. Lúcia Moniz está longe de ter um alcance de voz acima da média, assim como os modestos acordes das músicas deixam pouco espaço para grandes espantos. Mas, a habilidade com que os dois se unem e a autenticidade do resultado final, deixam pouco espaço para rotular, à partida, este álbum.
Magnólia é assim, um álbum, que não é. Torna-se.
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Dela, pouco ou nada conheço. Mas o que se sente é isso, sim. Como o vosso espaço, laranja, preto, num estado Jack Johnson, com flores, magnólias ou não, e com um lema que só me faz sentir bem-disposto sempre que o olho. Porque é isso que a música é, uma quebra. Parabéns.