
Comparados por demasiadas vezes aos Radiohead, pelo timbre vocal de Matthew Bellamy em parte, os Muse têm vindo a manter a sua imagem alternativa, não se tornando demasiado comerciais ou demasiado independentes. Contam-nos histórias de desilusões e de mudanças, bem como conflitos interiores que assim são expostos através das fascinantes melodias da banda britânica. E tem vindo a ser sempre assim, ao que Brian Molko dos Placebo chamou a repetida gravação do mesmo álbum apenas com nomes diferentes. Desengane-se esta primeira impressão e olhe-se mais a fundo para a substância residente em todos e em cada álbum da banda.
Testando as reacções dos seus fans, do público em geral e da crítica, como primeiro single de apresentação do novo álbum os Muse escolheram "Supermassive Black Hole". Uma improvável mas altamente viciante dose de adrenalina, onde durante toda a duração se ouvem as guitarradas bem acentuadas de Bellamy, e a sua voz numa esforçada tentativa de recuperação da vibração disco dos anos 70. E a verdade é que, mesmo não sendo de esperar a sua reprodução nas pistas de dança, esta seria a música ideal para tal.
Começam electrónicos com "Take a Bow", um início ameno que faz prever o que de resto se avizinha. Logo de seguida há "Starlight", onde a espantosa letra é combinada com naturalidade e eficiência com o instrumental soft e com alguns toques ainda electrónicos. Após "Supermassive Black Hole", surge "Map of the Problematique", fruto da distorção dos intrumentos de cordas e das suas vibrações numa desenfreada tentativa de se sobreporem aos restantes sons. Mas o melhor vem mesmo na extraordinária trilogia final. "City of Delusion" (uma das melhores faixas do álbum, se não mesmo a melhor), "Hoodoo" (um sussurro que se transforma num instrumental arrepiante) e "Knights of Cydonia" (o encerramento perfeito) completam assim um dos álbuns mais esperados do ano.
Black Holes and Revelations é, por isto e mais mil e um motivos, até ao momento, o melhor álbum de 2006. Não só representa o regresso dos Muse três anos depois da obra prima Absolution, como a evolução da banda desde Showbiz. E se as sonoridades em algo mudaram, a matéria prima continua lá, e a cada novo acorde da guitarra de Bellamy parece personificar-se num novo e essencial elemento que nos leva a crer que esta não irá esgotar tão depressa. Ou seja, estes são os Muse iguais a si mesmos. E dizer isto já não é dizer pouco.
P.S: Não será surpresa para ninguém que o concerto da banda em Portugal inserido na tour deste novo álbum será a 26 de Outubro no Campo Pequeno. Espera-se certamente o melhor espectáculo do ano.
Classificação:      |
Acho que o disco é, na melhor das hipóteses, mediano, e nada acrescenta ao que a banda já fez, o que nunca é muito meritório (o primeiro single era só para enganar). A primeira metade dos disco consegue ser boa, a segunda ainda não me convenceu.