quinta-feira, março 08, 2007
The Curse of the Golden Flower


Vindo do mesmo realizador de filmes muito bem recebidos pela crítica mundial, House of Flying Daggers e, principalmente, Hero, todo o ambiente que circundava The curse of the golden flower prometia um filme grandioso. Tendo nas suas fileira a portentosa Gong Li, o filme é, até à data a mais cara produção chinesa de sempre, e, visto o filme, percebe-se onde se gastou o dinheiro: na direcção artística, guarda-roupa e efeitos especiais. O problema é que tudo se esgota aí.

Retratando a Dinastia Tang, o filme começa com a apresentação da imperatriz, do imperador e dos seus três filhos, embora apenas os dois mais novos sejam comuns. Estando a ser envenenada diariamente pelo marido, que a quer levar à loucura, a imperatriz começa a desenvolver sentimentos menos maternais em relação ao seu enteado, o príncipe-herdeiro, o que propiciará toda a narrativa e desembocará no dia anual festivo dos crisântemos.

O enredo, como se constata, é deveras interessante e prometia um filme épico. No entanto, toda a profundidade e conteúdo do filme são anulados pela sua excessiva produção . De facto, durante largos minutos somos completamente contaminados com uma paleta de cores, e um adornar asfixiante das personagens que em nada ajuda o desenvolvimento da narrativa. Se a produção de um filme costuma ser o enquadramento para a história do mesmo, em The Curse of The Golden Flower há claramente uma subserviência do argumento em relação à produção artística. Se tal não bastasse, a verdade é que o filme é pautado por uma tal megalomania que as sequências de acção são tudo menos credíveis, e, contrariamente ao que esperado, entediantes. O pior é que o embaraço das cenas de acção é tão grande como a anorexia dos momentos dramáticas do filme que, apesar de uma Gong Li esforçada, não consegue emocionar e tocar ninguém.

Personagens vazias, sequências de acção deprimentes, direcção artística excessivamente barroca, densidade emocional nula: The curse of the golden flower - a desilusão do ano.


P.S - Não obstante a desilusão, Zhang Yimou, foi acusado de plágio na sessão anual do Conselho Consultivo Político do Povo Chinês. O presidente da Associação Chinesa de Literatura Teatral e membro do Conselho Consultivo chinês, Wei Minglun, assegurou que este filme foi baseado no romance dramático oriental «A Tempestade», que Yimou não menciona. Enfim, mais uma notícia triste a juntar à frustação sentida depois do filme.
posted by P.R @ 1:43 da tarde  
3 Comments:
  • At 6:57 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    que surpresa :p

     
  • At 6:13 da manhã, Blogger C. said…

    De facto, é pena a ostentação sobrepôr-se a tudo. Apesar de tudo e de concordar com o texto, não consigo deixar de simpatizar com o filme... mesmo reconhecendo que o desenvolvimento não está à altura da premissa e do que o realizador já nos apresentou no passado.

     
  • At 2:25 da tarde, Anonymous Rita said…

    Belíssimo, excelente fotografia, lírico, enfim um grande filme. Não podemos nos esquecer que se tratando de uma interpretação longe dos "palcos hollywoodianos" é realmente diferente do que estamos acostumados a assistir. A direção impecável, os costumes desconhecidos para nós, os ocidentais, torna um filme efetivamente interessante, com carga dramática densa, a infelicidade latente nos bastidores da monarquia, uma mulher inteligente que precisa mostrar-se impassiva diante de sua dosagem de veneno diária, um desfecho inesperado.. Fantástico!

     
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