Talvez chegassem estas palavras para justificar a razão porque se gosta dos Cure. De qualquer modo, há bandas que criam um estilo único, uma forma de estar e fazer música única e os The Cure serão concerteza uma delas.
Vi-os uma única vez ao vivo, no Sudueste de 98, um concerto péssimo, diga-se, mas que ainda assim, não esfriou o que sinto pela música deles.
Fica este "Last day of Summer" que, embora não esteja lá no fundo do baú, é bem apropriado para a época que se avizinha.
Os últimos dias de Verão estão a chegar... Aproveitem-nos, reza a lenda que costumam ser os melhores! :)
O primeiro livro que leio de Miguel Martins acabou por se revelar uma enorme surpresa!
Editado pela Fenda, é uma narrativa sui generis que, para quem abra e folheie, parece um amontoado de palavras sem sentido, embora, lido de um ponto de vista sistemático, o livro se revele assustadoramente coerente.
O estilo é, de certa forma, o mesmo que adoptaram os surrealistas. Escrita escorreita, quase automática.
O conteúdo, esse, é o retrato do Portugal pós-25 de Abril, até aos dias de hoje, pontuado pelo desespero existencial de um autor em ampla decadência pessoal.
"Umberto D" é um poço infindável de cinema. É algo que nos comove com o seu profundo retrato de uma época, dos desencantos, das misérias e da eterna luta por um dignidade perdida. É uma história de laços afectivos, com um companheiro em forma de cão e com um presente em forma de pesadelo. De Sica, um dos mestres do neo-realismo italiano, cria aqui não só um mero objecto artístico, mas um documentário que reflecte a nossa, por vezes, imensamente pobre condição humana.
Descrição: Três tipos do país de Gales. Algures entre uns Primus menos gozões e os desenvergonhados Faith no More. Future of the Left é rock sem mas e ses.
Tendo as minhas férias já acabado e invejoso que estou pelos que delas ainda desfrutam, proponho uma obra literária interessante para os que queiram viver o Verão sob a égide do desespero existencialista!
A queda, obra menor de Camus segundo alguns, e escrita num tom peculiar, no qual um narrador vai conversando com alguém que, até ver, não existe, encerra uma portentosa reflexão sobre a solidão e os recantos mais negros da existência humana. Nesta obra, um advogado que acabaria por se tornar um juíz-penitente, vai sucessivamente desmontando as suas supostas boas acções, fazendo crer ao leitor que no agir altruísta está sempre implícito um ganho psicológico.
Um ensaio sobre o reverso da virtude, daquele que um dia disse não haver nenhum problema filosófico em que valesse a pena pensar para lá do suicídio.
Aconselha-se a quem não esteja de férias ou a quem, estando, as queira passar à moda de Sísifo!
Carlos Pereira Duplo Amor Depois do prodigioso "Nós Controlamos a Noite", James Gray aposta no melodrama com "Duplo Amor". Gray surge-nos como um dos novos autores do cinema americano contemporâneo, e em "Duplo Amor" voltamos às suas obsessões - entre as quais se destaca, logicamente, o fenomenal Joaquin Phoenix, com quem trabalha pela terceira vez. Mas também se mantem a paixão latente pelos ambientes nocturnos - as discotecas, novamente -, ou a figura feminina como centro do desejo - aqui não há Eva Mendes, mas há uma Gwyneth Paltrow transcendente no seu olhar magoado, em constante procura de sentido. Um dos maiores filmes do ano. Duarte Bruno Para quem já era um fâ devoto das incursões de Sacha Baron Cohen no bizarro mundo de "Borat", esta sua outra criação, o antagonizante repórter de moda austríaco, de pinceladas gay e de nome "Bruno" era alvo de galopantes expectativas. E para não variar, gostei, e basicamente escangalhei-me a rir durante os 80 minutos desta odisseia de gags pouco puritanos e de calórica vertente sexual. Mais uma vez, não há misericórdia nem limites no humor, e é tudo polvilhado com uma construtiva camada satírica, que os mais cépticos vão ignorar, mas que a meu ver, está efectivamente lá. E se não é uma obra, para não lhe chamar filme, para os mais susceptíveis, é um bálsamo libertino e despudorado para as mentes mais...abertas. not__alone Home - Lar Doce Lar
A claustrofóbica história de uma família que vive à beira de uma auto-estrada abandonada acaba por se tornar uma metáfora social singular, com direito a interpretações formidáveis e a uma sensação de estranheza que, no fundo, nos é tão familiar.
Paulo Duplo Amor James Gray afastou-se, por momentos, das famílias policiais ou criminosas, para nos contar uma simples história de amor entre um homem e duas mulheres. Com um impecável sentido visual, ao qual já vamos estando habituados, Gray continua sem realizar, a meu ver, uma obra-prima completa, mas parece cada vez mais próximo de um completo êxtase cinematográfico, além de que continua a dirigir actores como poucos. E sem querer desvalorizar o trabalho excelente de Gwyneth Paltrow e Vinessa Shaw, Joaquin Phoenix volta a levar tudo à frente, e faz-nos querer acreditar cada vez menos que possa ter abandonado definitivamente a carreira de actor. Se o fez, pelo menos fê-lo em grande forma.
P. Bruno
Agosto será grande mês. Public Enemies, Ponyo, UP, tudo excelentes filmes. E vai haver ainda Inglorious Basterds e Synecdoche New York. Contrariamente à regra, é na silly season que se dá o melhor mês cinematográfico do ano até agora. De Julho, mantenho a curiosidade em ver Duplo Amor e Os Limites do Controlo. Dito isto, reservo as minhas atenções para Sacha Baron Cohen e o seu Brüno. Tudo o que não tem de argumento (e cinema) é compensado pelo facto de se tratar um comediante arrojado, ao ponto de se entregar fisicamente ao que faz como poucos. Não se percebe bem até que ponto há encenação, mas mantém-se a inteligência de Baron Cohen em expôr preconceitos com a ajuda dos preconceituosos. Brüno é provocação constante. Testa-nos. Um filme fálico, uma personagem abichanada e uma imensa quantidade de ridiculo. Há riso e há riso nervoso por aqui. Uma capacidade que não é para todos. É chocante - o que na era do politicamente correcto em que vivemos é sem dúvida alguma um elogio.
P.R. Bruno
Podem dizer que isto não é cinema e que não passa de uma mera colagem de sketches mas a verdade é que o novo filme de Sacha Baron Cohen é hilariante. Revelando de forma astuta e inteligente os estereótipos e as imbecialidades dos norte-americanos, o resultado final é um filme feroz e revelador dos excessos daqueles que procuram a fama.. e não só. Chocante, sem dúvida, mas imperdível.
Já o leram de certo em outro qualquer site de notícias. Mas tenho de o repetir: John Hughes definiu um género e uma geração. Da qual orgulhosamente faço parte. E se foi preciso ele morrer para lhe darmos a devida atenção, pois que isso sirva para nos abrir horizontes e descobrir (ou redescobrir) Pretty In Pink, Sozinho em Casa e o seu maior pedaço no cinema, The Breakfast Club.
"We're all pretty bizarre. Some of us are just better at hiding it, that's all"
