Aviso: O texto seguinte contém spoilers e, se realmente existir alguém que ainda não tenha visto o filme, não o deve ler. Deve, isso sim, correr para o vídeo clube mais próximo!
Um bebé nascido com graves deformações físicas é abandonado pelos milionários pais, em plena época natalícia, nos sinistros esgotos de Gotham. Enquanto o seu berço navega sem rumo pelos gigantescos esgotos, o tema musical do genial Danny Elfman inicia um crescendo acompanhando os créditos enquanto ambos chegam ao cerne da questão: Batman Regressa.

Com este pequeno parágrafo fica então inaugurada esta nova rubrica do Take a Break, que nos levará a recordar aqueles que, por alguma razão, ficaram marcados como os grandes momentos de cinema das nossas vidas. É um espaço bastante pessoal e que, esperamos, pode servir também para nos darmos a conhecer um pouco melhor diante dos nossos leitores que, quem sabe, se poderão rever em alguns dos nossos comentários. Escusado será dizer que uma secção deste género irá revelar partes importantes dos filmes analisados, sendo que só deverá ser lida por aqueles que já viram os filmes em questão.
Prosseguindo, então, com este momento específico deste genial filme de Tim Burton, e com as razões pelas quais o considero como um dos melhores momentos de cinema a que já tive o privilégio de assistir. Imagine-se um jovem rapaz, na casa dos 10 anos, fã acérrimo do primeiro filme e em pulgas para assistir ao regresso de Batman, o seu herói favorito. O filme começa, e tudo lhe parece demasiado familiar – os ambientes góticos (ou, à falta de palavra melhor na altura, “muito escuros”), os acordes musicais... até que surge na tela o nome de Tim Burton, o mesmo que conseguia identificar nos créditos do primeiro Batman e de Edward Scissorhands. Assim, sem o saber, identifiquei o meu primeiro autor, compreendi que os filmes eram feitos por pessoas e que, entre elas, havia uma que se sobrepunha a todas as outras: o realizador de cinema, aquele que carregava consigo uma visão e a transportava para os meus olhos.
E o resto é história, sendo que é escusado dizer que sempre que revejo essa sequência de créditos me arrepio até ao tutano – se tudo me parece tão perfeito hoje em dia, imagine-se quando tinha 10 anos e me encontrava sentado no escuro da sala de cinema. Além de toda a “pica” que a sequência me oferece, há ainda o significado que ela carrega em si e desde logo marca o tom para o resto do filme – a solidão do carrinho de bebé no esgoto é reflectida de várias maneiras nas personagens daí em diante. Num filme carregado de cenas brilhantes (a morte do Pinguim, o beijo amargo por baixo do azevinho, ou Selina Kyle - interpretada pela lindíssima Michelle Pfeiffer pela qual me apaixonei completamente na altura - a chegar a casa depois de sofrer uma tentativa de homicídio, ainda me conseguem comover particularmente), esta certamente ficará como das mais marcantes da minha vida enquanto cinéfilo. Agora, com licença, vou só buscar o DVD e rever isto mais uma vez...
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Um início em grande estilo ah Paulo? ;)
Fico ansioso pela escolha da helena já na proxima semana =)