Delicados Clã. Furiosos Clã.
Durante as minhas recentes férias no Algarve aproveitei e fui ver ao Fórum Algarve os Clã. Sem grandes expectativas, especialmente pelo espaço (um centro comercial), fui surpreendido por uma banda madura e capaz de se entregar a um público que não podia estar mais desinteressado.
Apesar da inicial passividade dos presentes, depressa se percebeu que Manuela Azevedo não ía deixar a apatia dominar a noite. Um verdadeiro bicho do palco, a cantora expressava como ninguém as ousadas letras a que os clã já nos habituaram. Mais do que apenas a voz, Manuela Azevedo é a alma do grupo. É através dela que as músicas ganham vida. Seja na vertente de menina doce ou de mulher da vida.

Os clã vivem de opostos, baladas alegres, o rock de revolta, a mulher que é homem, o homem que é Garoa.... Que mais se pode pedir de uma banda do que os paradoxos das emoções, aliados a um humor irónico e uma batida contagiante... A importância que os Clã dão às suas letras está presente durante todo o concerto, seja nas intervenções que a vocalista faz para realçar o nome dos letristas ou no ênfase que dá ás palavras que canta. E realmente são das mais inteligentes letras feitas em Portugal.
A pop não tem de ser fútil, não tem de ser pirosa, como provam a cada álbum os clã, pode ser divertida e profunda, simultaneamente. Antes que o verão acabe ouçam os clã. Verão que vale a pena. ;)
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Vi esse concerto no Fórum (ia feliz e cheia de expectativa, à meia-noite cumpria 30 anos, e que melhor presente que ouvir os Clã?!). Mas fiquei triste porque fico sempre desiludida quando vejo a apatia do povo português. Sou grande admiradora dos Clã, por tudo o que disseste e muito mais, e desagrada-me este tipo de cenário: "português desinteressado, faz programa de férias, vai ver um concerto de uns tipos portugueses, por não haver nada mais para fazer e a floribela já ter acabado àquela hora.
O que vale é que os Clã, animais de palco, verdadeiros senhores, estão habituados a tudo, ao bom, ao mau e ao razoável, e para compensar...recordo-me precisamente um ano antes, mais ou menos em Agosto, de um concerto de Clã em Lisboa, no parque de Monsanto, cheio de gente a gritar as letras todas na pontinha da língua. Esse foi um bom presente para os Clã, sem dúvida