domingo, julho 23, 2006
Lisboa Soundz | Terrapleno de Santos | 22-07-06


That Was It

Este é o segundo ano em que o Festival Lisboa Soundz tem lugar. O ano passado passaram pelo evento nomes como Franz Ferdinand, Bunnyranch ou Mogwai. Mas a edição deste ano trazia um trunfo imbatível na manga: a actuação dos Strokes, pela primeira vez no nosso país.
Os nova-iorquinos que desde o início dos anos 90 são considerados uma das, provavelmente mesmo “a” banda de rock mais importante da actualidade, têm muitos fãs em Portugal mas só agora, no ano do lançamento do seu terceiro álbum («First Impressions of Earth»), vêm até cá para um concerto.
Como foram os últimos a tocar, reservarei algumas palavras para os outros concertos do dia a que assisti.

Os primeiros a tocar ontem foram os portugueses You Should Go Ahead, banda de rock alternativo revivalista dos 80’s de qualidade promissora. Infelizmente cheguei atrasada ao Festival e perdi a sua actuação. Contudo, eles irão dar alguns concertos em diferentes FNAC’s do país, uma outra oportunidade para os conhecer melhor.

Seguiu-se Howe Gelb, artista norte-americano que se fez acompanhar de um coro de gospel, os Voices of Praise. Esperava conseguir ver parte do seu concerto, mas a pontualidade das actuações do Festival fez com que o meu atraso me valesse perder também este segundo nome do cartaz.

A ex-Belle & Sebastian Isobel Campbell actuou pouco depois das 19 horas. A sua voz doce e calma, embrenhada num universo de contornos folk (também jazz, mas esses temas estiveram ausentes do repertório apresentado ontem), transporta-nos para uma atmosfera de suavidade e magia que merecia um espaço mais intimista que um festival ao ar livre. A cantora escocesa fez-se acompanhar de uma voz masculina cujo tom grave lembra a espaços Nick Cave, substituindo em palco Mark Lanegan com quem Isobel gravou o seu último trabalho «Ballad of Broken Seas». Temas por vezes suaves, por vezes tão densos que nem o vestido branco de Isobel disfarçava as sombras das melodias, demonstraram o talento de Isobel Campbell, que além de cantar toca violoncelo. Contudo o ambiente mais rock que ontem se respirava no Terrapleno de Santos não deu muita atenção a Isobel Campbell, cuja actuação foi breve e passou quase despercebida.


Ainda não eram 20 horas quando subiram ao palco os brasileiros Los Hermanos. O quarteto barbudo e descontraído deu um concerto interessante, onde deu mostras de uma grande simpatia e boa comunicação com o público. Os seus sons situam-se num misto de bossa-nova e rock cantados em brasileiro. Curiosamente (e felizmente também) abstiveram-se de cantar o seu maior êxito em terras lusas, “Anna Julia”.

E cai a noite. E chegam os nocturnos She Wants Revenge. Um dos concertos que mais esperava no dia, o duo de LA conseguiu superar as expectativas e inebriar a assistência com o seu rock negro e a sua atmosfera profundamente finais dos 70's / 80’s, testemunhando como a sua vingança é tão fria como escaldante.
Iniciaram a actuação com “Red Flags and Long Nights”, a primeira canção do seu até agora único álbum editado, o homónimo «She Wants Revenge». Percorreram quase todas as canções do cd e era notório que existia ali muita gente que ansiava por aquele concerto. “Out of Control” foi trauteado por muitas vozes na assistência e o convite para dançar ao som de “I Don’t Want to Fall in Love” foi acatado sem reservas. Terminaram com uma das mais célebres, “Tear You Apart”, com umas boas centenas de bocas a gritarem I wanna fucking tear you apart.
A excelente presença em palco de Justin Warfield, a voz dos She Wants Revenge e o estilo de Adam Bravin, responsável, entre outras coisas, pelo teclado e pelo baixo, esteve em perfeita sintonia. Bem acompanhados por um baterista e um guitarrista, os She Wants Revenge provaram que têm potencial para aguentar um espectáculo sozinhos ao vivo no nosso país. Esperemos que o decidam fazer em breve!

Nascidos directamente dos agora extintos The Libertines, os britânicos Dirty Pretty Things tinham a posição um pouco ingrata de precederem os grandes e magníficos meninos de NY por quem a plateia já suspirava.
No entanto depressa conquistaram a audiência que vibrou com o seu rock de pinceladas meio indie meio punk. Com uma postura de jovem rebeldia, fumando e bebendo em palco, os Dirty Pretty Things não deixaram de evidenciar uma energia inesgotável, tocando boa parte dos temas do seu primeiro álbum «Waterloo To Anywhere». Foi o caso de “You Fucking Love It”, “Doctors and Dealers”, “The Last of the Small Town Playboys” ou “Blood Thirsty Bastards”. Pelo caminho ainda revistaram a música dos Libertines e, claro, tocaram a canção que a assistência mais conhecia, “Bang Bang You’re Dead”, o seu single cujo refrão foi energicamente cantado em coro por boa parte do público.
Entre o espectáculo cuidado dos She Wants Revenge e da exemplaridade dos aguardados Strokes, os Dirty Pretty Things limitaram-se a divertir e a pôr a plateia a saltar. Inconsequentes mas deliciosos, não extasiaram mas, definitivamente, não desapontaram.

As doze badaladas da meia-noite já deviam ter soado há um bom bocado quando eles entraram em cena. The Strokes, os cinco magníficos, encabeçados pela voz inconfundível de Julian Casablancas, sobem ao palco e o público, no seu auge numérico, entra em delírio.
A primeira música do concerto foi “Juicebox”, o primeiro single do último álbum. A plateia cada vez mais comprimida vibrou como se finalmente chegasse o Natal. Afinal, era para aquilo que estávamos todos ali, não era?
Seguindo de uns temas para os outros, os Strokes tocaram praticamente todas as suas canções mais célebres, intercalando faixas dos seus três álbuns. “You Only Live Once”, “The End Has No End”, “The Modern Age”, “Heart in a Cage”, “Someday”, “Vision of Division”, “Hard to Explain”, entre outras, foram tocadas com profissionalismo e competência, evidenciando o talento e a espectacularidade dos Strokes e provando porque é que quando os ouvimos sentimos que estamos a ouvir rock perfeito. Mas o êxtase veio quando se iniciam os acordes de “Is This It” e, mais adiante, de “Last Nite”, provavelmente as músicas que mais pessoas entoaram e acompanharam com um misto de curtição e reverência. Houve um momento mais calmo com “Ask Me Anything”, com os prováveis milhares de rostos anónimos da assistência cantando com Julian Casablancas I’ve got nothing to say… Oh! Mas os Strokes tinham e todos os queriam ouvir.
No inevitável encore tocaram “12:51”, “New York City Cops” (cujo refrão foi acompanhado em coro com uma assistência rendida) e terminaram de forma brilhante com “Take It or Leave It”, deixando uma saudade imediata e uma sensação de que apesar de não poder ter sido melhor, podia ter sido maior.
Os Strokes terminaram na noite de ontem a sua digressão europeia, mas talvez não fosse nada despropositado pedir para voltarem mais vezes. Certamente nós cá os esperamos…

Para informação adicional sobre os artistas que actuaram no Lisboa Soundz 2006 visitar [esta] página

(Um muito obrigada ao Nuno pelas fotos que acompanham este post)

posted by Anónimo @ 8:37 da tarde  
5 Comments:
  • At 1:47 da manhã, Blogger gonn1000 said…

    Valeu só mesmo por Strokes, e, vá lá, She Wants Revenge e Howe Gelb. De resto...

     
  • At 12:47 da manhã, Blogger Nuno said…

    Minha querida.. sabes bem que eu ia ver SWR. Eram eles que mexiam mais comigo, apesar de gostar muito de "The Strokes". Não vou poder esquecer a frase do Julian Casablancas quando acabou o "Ask Me Anything": "Enough of this fancy-pants intellectual shit!" A malta estava lá para rock. E ele sabia-o! :P
    Bottom line is... qual é o nosso próximo concerto ou festival? Paredes de Coura?

     
  • At 12:47 da manhã, Blogger Nuno said…

    Ah.. e obrigado pelos créditos nas fotos...!

     
  • At 5:30 da tarde, Blogger Ilídio Marques said…

    grande blog!!!

     
  • At 2:53 da manhã, Anonymous marilu said…

    olá, por acaso você guardou o ticket de entrada deste show? eu faço coleção de tickets, e fui a este show, mas acabei perdendo o ingresso.
    obrigada,
    Marilu.

     
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