O Coliseu não estava esgotado, mas estava bastante composto para acolher pela primeira vez ao vivo em Portugal
Aimee Mann. A promoção do concerto acentuou o facto de ela ser a voz do filme Magnólia, mas acredito que muitos dos que lá estavam na Quarta à noite sabem que há muita Aimee antes e depois dessa banda sonora. A minha expectativa era na verdade uma profunda ansiedade. Anos havia que esperava uma oportunidade de a ouvir ao vivo.
Os conimbricenses
Sean Riley & The Slowriders abriram a noite com a sua sonoridade suave de América profunda, uma boa surpresa (disco a sair em breve poderá confirmar a boa impressão) a preceder Aimee Mann, que após um curto intervalo entrou em palco com a banda, abrindo o concerto com “Little Bombs” do último álbum de originais.
Houve tempo para revisitar quase todos os álbuns, desde
Whatever (terminou a actuação com “Way Back When” antes de voltar ao palco), passando por
I’m With Stupid (a lindíssima “Amateur”); o álbum lançado logo após
Magnólia e que permanece o seu mais perfeito trabalho,
Bachelor nº 2, com as previsíveis “Save Me”, “One”, uma surpreendente “Momentum” que habitualmente não é cantada ao vivo (recomeçada após um pequeno engano) mas também as essenciais “How Am I Different”, a inadjectivável “Red Vines” (no encore, começada só com voz e guitarra, no momento mais marcante da noite), “Humpty Dumpty” (também no encore) e, fechando o concerto com chave mestra, a total “Deathly”.
The Forgotten Arm não foi esquecido, visitado em “Video”, “Motions” ou “She Really Wants You”. Não houve passagem pelos temas natalícios do último trabalho mas houve uma espreitadela no próximo, com “Freeway” e “31 Today” (impossível não evocar o vídeo que foi feito para ela, divertidíssimo, vejam no YouTube).
Houve dois regressos ao palco, perante um Coliseu onde os aplausos reverberaram, muita gente de pé. Aimee mostrou-se positivamente surpreendida com a reacção. Foi simpática e sorridente quando falou com as pessoas, mas interpretou os seus temas com a solenidade fria que eles requerem. Afinal, estávamos a
ouvi-la (e a nós), não apenas ao som da voz de uma artista talentosa, e o silêncio que se fez sentir durante as canções (nada de coros, felizmente) ajudou a manter um ambiente intimista, para muitos devocional.
Nem curto nem demasiado prolongado, o concerto teve uma duração certa e confirmou com luz mágica as sombras melancólicas que nela encontramos em disco. Foi um
reencontro com a figura por detrás dos álbuns. Pois mesmo que fosse a primeira vez, foi impossível não sentir que estávamos a voltar a uma dimensão onde um dia fomos verdadeiramente nós.
Concerto de uma vida. Da minha, pelo menos.
Estive a ler umas críticas ao concerto pela net fora...
Viste a do Bonifácio? Desancou de cima a baixo o concerto. Achei por bem informar-te... lol