 Um dos nomes mais influentes do panorama rock alternativo da última década, PJ Harvey, apresenta-nos em Stories from the City, Stories from the Sea um dos mais inspirados álbuns dos últimos anos. Tendo-se deslocado até Nova Iorque e lá ter ficado hospedada para escrever e compor este seu álbum, como que a querer descobrir um novo lugar físico e assim receber inspiração divina, o resultado é um trabalho irrepreensível e exemplar do inesgotável carisma da intérprete. Tal como a descoberta de um novo espaço no mundo que PJ Harvey experimentou, também no seu álbum é uma constante a exploração de novas e interessantíssimas sonoridades, criadas pelo sempre cativante som da sua guitarra e a sua inesgotável voz. Enquanto vai apalpando terreno novo, Harvey vai simultaneamente apresentando novas experiências não só de vida como também musicais, recorrendo a várias influências. E a verdade é que, a espaços, a cantora consegue reinventar-se. E por vezes acordes provenientes da tal inspiração quase divina fazem-na criar melodias tão ou mais inovadoras como há dez anos atrás. Começa com "Big Exit" a sua incessante viagem, e a verdade é que não poderia ser uma melhor introdução para o álbum. Passando mais tarde por "Good Fortune", "A Place Called Home" e "You Said Something", com paragem em "Beautiful Feeling", PJ termina com "We Float", mais um exemplo da sua genialidade enquanto artista musical, mas acima de tudo enquanto modelo do rock alternativo moderno. A PJ que proclama "in Chinatown" ou "in Manhattan" é a mesma que suga da cidade mais industrializada do mundo notas miraculosamente simbióticas, e consegue ainda fazer passar a mensagem da importância de tal viagem para a sua identidade - a cantora parece ter-se conseguido reencontrar novamente consigo própria. Lá se dizia que por vezes temos de percorrer o mundo para nos reencontrarmos connosco mesmos. E quando se expressa tal coisa em melodias tão cheias de vida, é no mínimo de louvar. Classificação:     |
E que dizer do estado de euforia provocado pela faixa Kamikaze, bem patente na reacção do público quando tocada ao vivo. Só é pena a PJ ter cessado os seus concertos.
Convém não esquecer que o último álbum foi o "Uh Huh Her", mas esta menção impunha-se.
Excelente Miguel.
Abraço!