terça-feira, maio 02, 2006
IndieLisboa | Drawing Restraint 9

Drawing Restraint 9 era um filme que prometia bastante. Embora não esperasse um filme dentro das normas tradicionais, pensava que poderia ter bastante interesse não só ao nível da forma, mas também do conteúdo. No entanto, nada disto se concretizou, e o meu interesse dissipou-se passados dez minutos do seu visionamento dando, imediatamente, lugar a fortes e persistentes náuseas.

Execrável. É isto o mínimo que se pode dizer deste filme. Imbuído de uma pseudo-intelectualidade irritante, o filme não consegue sequer ter um aspecto positivo tal é a sua mediocridade. Aliás, este filme não só é inqualificavelmente mau como ainda é, em termos da sua concepção, arrogante na forma como se dirige ao telespectador. De facto, a sensação que tive foi que o casal Matthew Barney - Björk fez um filme para eles mesmos, sem pretender sequer dar algumas pistas para o mais comum mortal conseguir vislumbrar algum conceito por detrás da acção (se é que ele existe). Por outro lado, a junção desta diarreia conceptual e artística com uma banda-sonora de meter dó torna imediatamente Drawing Restraint 9 uma tortura sensorial que chega mesmo a dar dor física.

E Björk? Para quê este regresso ao cinema? Depois de um desempenho avassalador na obra-prima Dancer in the Dark, Bjork tem aqui uma prestação desprezível funcionando quase como marioneta das insanidades do seu marido. Não fosse só o seu suicídio enquanto actriz, Björk tem ainda uma péssima prestação na arte que a celebrizou, a música, onde assina uma banda-sonora perturbadoramente má.

Esta é a primeira vez que escrevo assim sobre um filme, mas a verdade é que esta perda de tempo é, de facto, pavorosa. Sem um diálogo durante cerca de uma hora, com cenas sem explicação capaz de chocar os mais sensíveis e outras absolutamente estupidificantes, Drawing Restraint 9 é, enquanto filme, uma verdadeira aberração que em nada previlegia a arte do cinema. Mas querem saber uma novidade tão ridícula que nem me vou dar o trabalho de comentar? O filme Drawing Restraint 9 estreia nas salas portuguesas já na próxima quinta-feira...

Classificação: Photobucket - Video and Image Hosting
posted by P.R @ 5:18 da tarde  
6 Comments:
  • At 12:20 da tarde, Blogger rednosedraindeer said…

    Por favor,

    1)a banda sonora é genial

    2)o filme é provocador, incomoda (e pelos vistos muito)

    3)arte é diferente de entretenimento - o mathew barney é artista

    4)as imagens do filme são extasiantes, fortes, perturbadoras, magníficas!

    5)o indie passou duas vezes um documentário intitulado "Mathew Barney: no restraints" para quem tivesse a necessidade de o perceber

    6)"diarreia conceptual" é sem duvida um termo de muito mau gosto só porque não percebeste o filme.

    7)a bjork ta muito bem!

     
  • At 7:45 da tarde, Blogger P.R said…

    rednosedraindeer:

    1) eu não gostei da banda sonora, mesmo! Existem determinadas faixas que mais não passam de grunhidos sem sentido...

    2) O filme não é provocador, e se me incomodou foi única e exclusivamente pelo simples facto de ter perdido duas horas da minha vida a vê-lo

    3) Concordo contigo, arte não é entretenimento. Agora o que se discute é se Drawing Restraint 9 é arte

    4) As imagens em muitos dos casos não tem o impacte que se esperaria porque caiem do vazio...

    5) Para quem tivesse necessidade de o perceber? Então mas não haveria de sentir essa necessidade? Disse na crítica e repito, se Barney queria fazer um filme para si mesmo guardava-o, não o punha em exibição

    6) Tens toda a razão. Diarreia intelectual foi um termo demasiado forte para o que pretendia dizer. Peço desculpa se de alguma forma te ofendi ou ofendi alguém que gostou do filme

    7) Bjork está muito bem? Viste Dancer in the Dark? Aí sim, ela tem um excelente desempenho

    8) Acho interessante esta troca de argumentos, mas há que não esquecer que todos nós temos liberdade de expressar aquilo que sentimos. No entanto, se a forma como me expressei de alguma forma te incomodou não era essa a intenção.

     
  • At 1:55 da manhã, Blogger rednosedraindeer said…

    hey!

    a mim nao me incomodou. simplesmente tenho uma opiniao diferente e decidi contrapôr. o valor dos blogues reside em ser um espaço de opinião livre por parte dos seus autores (o que origina bloques interessantes como este).

    o papel da bjork era diferente no dancer in the dark. como tu próprio referes, ela aqui desempenha um papel claramente menor, mas desempenha-o na perfeição.

     
  • At 11:35 da manhã, Blogger P.R said…

    boas! ainda bem que o meu comentário não foi, de alguma forma, ofensivo ;)

    Quanto ao desempenho da Bjork, gostaria de perceber, se possível, de que forma é que o achaste perfeito. Perfeito em relação a quê? Isto é, para algo ser perfeito é porque cumpriu com excelência aquilo que lhe era proposto. E é exactamente aqui que reside a minha dúvida. O que era suposto aquela personagem "ser", para afirmares que ela esteja perfeita?

     
  • At 5:51 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Barney era o atleta que jogava futebol e virou artista celebrado, alguém que usa da grandieloquencia prá dizer olha o espetáculo que eu faço com o dinheiro que vocês emprestam para a "minha arte" e ainda vejo uma certa falta de crítica da intelectualidade americana que não contesta o que Barney "cria". Esse controle exacerbado sobre o corpo visto em Drawing Restraint 9 e no seu filme anterior prá mim diz respeito a uma arte um tanto facista, quase que totalitária!!!

     
  • At 5:37 da manhã, Anonymous Lincoln said…

    como li em outra crítica bjork parece ter nascido para seu papel em "dancer in the dark" no entanto o seu papel e sua atuação em "drawing" nada tem de similar com dancer.

    Acabo de assistir DR9, 5 anos após sua produção e 4 anos após essa crítica ter sido escrita. Do mesmo modo que muitos, simplismente não vi razão no filme. além de um conjunto de cenas plasticamente bonitas ele não me disse absolutamente nada.
    acho que discordo do autor da crítica somente quanto a trilha, que ao meu ver, é boa e interessante, o pouco que o filme me afeta positivamente é devido a ela. penso que a bjork jamais fará musica ruim.
    talvez esse filme seja dimais para meu intelecto, ou talvez ele não tenha sido feito para nenhum intelecto além do do autor.

     
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