Eu ia preparado para desancar o filme. Já tinha escolhido mentalmente as palavras para reforçar a minha indiferença em relação às dimensões dramáticas de Keira Knightley. Só não estava preparado para gostar tanto. Retiremos todos os elementos introdutórios: Atonement é um belo filme, Joe Wright filma magistralmente e Keira Knightley é uma excelente Cecilia. Os leitores mais antigos e atentos dever-se-ão lembrar do que disse, e do que reafirmo, acerca de Pride and Prejudice. Não gostei do filme, é redutor, simplista e se Keira tem uma actuação que me consegue tirar do sério, o seu co-protagonista é tão mau que provoca momentos de comédia involuntários. Mas Atonement é diferente. A história é diferente. O empenho é diferente. E sim, para muito melhor. A história, que tem como base o livro de Ian McEwa, tem como catalisador da acção a personagem Briony que é, na minha opinião, obviamente, um dos melhores retratos que se tem visto no cinema. Começando na hipnotizante Saiorse Ronan (grande, grande maturidade para uma criança de 12 anos) e acabando na devastadora e enorme Vanessa Redgrave, o “desenho” de Briony é cru e simultaneamente comovente. E depois temos pormenores de génio como o magistral plano-sequência na praia, a cena na biblioteca, a banda-sonora com um uso excepcional do som da máquina de escrever (que só no fim se percebe o porquê), a fotografia, a narrativa não-linear, James McAvoy (que aqui se afirma com um excelente actor) entre outros. O filme peca, talvez, por um certo exibicionismo de Joe Whight na realização que leva a um certo distanciamento das personagens, sobretudo no segundo terço da narrativa. No entanto, com a aproximação do fim o filme embala e oferece-nos uma resolução da história absolutamente inesperada e, por isso, apaixonante e inesquecível. Atonement é sem dúvida um filme maior, um dos que mais tocou e um dos meus predilectos deste Janeiro de 2008. Mereceu a nomeação ao Oscar.     |
e a cena da fonte? quando ela sai debaixo de água? amei, amei.