Ed Harcourt foi uma das melhores surpresas dos últimos anos. Um talentoso singer/songwriter que nos embala com as suas melodias doces. Rasga-se um sorriso sempre que ouço uma música de Here be Monsters, o seu brilhante primeiro álbum. Por vezes é um sorriso melancólico, um sorriso de saudade. Um sorriso de quem se lembra do lado bom que os momentos maus também têm.
The Beautiful Lie é o seu mais recente disco. Este é o dom de Ed Harcourt, torna as coisas más em coisas belas. Desde a primeira música, Whirlwind In D Minor, percebemos que esta será uma experiência diferente. Não só diferente dos álbuns anteriores, mas distinta de tudo o resto que já ouvimos. Uma batida de alegria contagiante serve de fundo à primeira frase: “The whole town nearly died”. Nós, como se nada fosse, continuamos a cantarolar, a bater o pé. Dentro da música e fora do mundo.
Como um doente bipolar, The Beautiful Lie, oscila entre os estado de euforia e depressão. Mais do que isso, os dois estados confundem-se, fundem-se num só de tal forma que deixamos de perceber as suas fronteiras. Ed Harcourt é um doente controlado. Tem a capacidade de escrita de um adulto, preso na mente de um adolescente. Os temas são, óbviamente, pessoais e, simultaneamente, universais. O amor, a falta dele, as suas variantes. O mundo como um lugar estranho, distante.
Esta não é uma chamada de atenção. Mas é uma paragem obrigatória.
Uma descoberta tardia da minha parte, mas irresistível. Pena tê-lo perdido ao vivo, mas o disco foi um dos "do coração" deste ano...