
O cinema mundial vive, na minha opinião, uma época de transição importante, principalmente aquele que ainda é o maior exportador de cinema do mundo: Hollywood. De facto, o cinema tipicamente americano precisa urgentemente de rever os seus padrões, as suas formas e os seus conteúdos de forma a não se comprometer face ao cinema europeu e, principalmente, face ao cinema asiático. O cinema dito asiático tem-se revelado cada vez mais imaginativo e marcante e, neste sentido, Bin-Jip é, sem dúvida, um expoente máximo deste brilhantismo.
Mas vamos por partes. Bin-Jip é a história de Tae-Kun, um jovem que vive habitando as casas que, através de um sistema inteligente, sabe que estão temporariamente desabitadas. É exactamente nesta situação que ele conhece uma mulher casada, vítima de violência doméstica. A partir deste momento, desenvolve-se uma das mais bonitas histórias de amor do ano.
Escrito e realizado por Ki-duk Kim, Bin-Jip é um filme parco em palavras mas grandioso em sensibilidade e nas emoções que transmite a quem o vê. Alicerçados em dois belíssimos actores, estes são extremamente marcantes na construção expressiva das suas personagens. De facto, a ausência de diálogo entre as duas personagens principais não é, de forma alguma, um obstáculo à sua relação, bem pelo contrário, é no silêncio de um olhar que eles constroem a sua história de amor.
No entanto, o filme deve muito da sua excelência ao homem que o escreveu e realizou: Ki-duk Kim. Tal acontece pois o seu argumento é de uma excepcionalidade que impressiona. Apesar de crer que a primeira parte do filme é mais fluída e consistente, uma vez que o filme perde algum fulgor quando entramos na trama policial, a verdade é que esta sequência é preponderante para o desenlace e clímax final. E que final! Sem querer estragar o impacte aqueles que ainda não o viram, a verdade é que um dos seus últimos planos é assombroso e, arriscar-me-ia a dizer, o melhor do ano no género.
Desta forma, o desenlace final consegue estar à altura do bom cinema que vimos este ano, conseguindo dar um toque de Midas a uma história até aí também muito boa, onde se assume que a invisibilidade da matéria é incomparavelmente menos importante que a invisibilidade do sentimento de duas pessoas que se amam.




É realmente um filme belíssimo. A anos-luz do que se faz em Hollywood, e por terem noção disso é q a maior parte dos argumentos que agora são lançados são remakes de filmes asiáticos.