
“Silent Alarm”, o album que os Bloc Party editaram em 2005 foi das mais refrescantes descobertas da nova vaga de bandas de rock alternativo. Ao vivo espalharam a sua energia contagiante, assim os vimos em Paredes de Coura no Verão passado (voltam este ano para um concerto em Lisboa e uma actuação no festival Super Bock Super Rock). O segundo álbum chegou às lojas em Fevereiro último, embora já andasse a circular pela Internet desde Dezembro. Nele os Bloc Party enveredam por caminhos mais sombrios. A festa deu lugar à amargura e à ressaca. É o mal da juventude contemporânea. Uma juventude com um pé na imposição da idade adulta e outro nos excessos de adolescência.
Mesclando influências artísticas variadas, os Bloc Party legam-nos com “A Weekend in the City” um álbum mais difícil e menos imediato que o anterior. Se “Silent Alarm” era amor à primeira audição, era disco de rodar vezes sem conta sem fartar, o novo trabalho requer algumas audições para o podermos sentir realmente. As batidas frenéticas e manifestações de prazer inconsequente do primeiro disco cederam lugar ao tormento nocturno, às pontadas da consciência, às dificuldades de sobrevivência moral na metrópole. Menos bateria e mais guitarra, há sons que lembram os Coldplay do primeiro álbum, há sons que retomam o que de menos festivo havia no anterior de originais dos Bloc Party. É preciso ver a beleza desarmante de um verso como “I love you in the morning / When you’re still hang over” (canção “Sunday”), é preciso que a asfixia das bruxas urbanas da vida se aposse de nós (“Fear will keep us safe in place” – dizem à segunda faixa), preciso constatar a obsessão cega pelo sucesso (oiça-se “The Prayer”). Neste álbum mergulhamos num universo bem mais desencantado… “So I enjoyed and I devoured / Flesh and wine and luxury / But in my heart / I am lukewarm / nothing ever really touches me” (primeira canção).
Não se deve encarar este album pela via da crise do segundo trabalho mas sim como uma redefinição de fronteiras da música dos Bloc Party, a procura de um espaço de exposição mais total e menos camuflado pelo vício do som (“I have decided / At twenty-five / That something must change”). Aqui é o vício da vida. Fascinante para alguns, de fugir para outros. É ouvir e sentir. “The search continues”. Sejam bem-vindos de volta. |
pessoalmente nao acho que tenham mudado assim tanto. quero dizer, qualquer pessoa que ouça song for clay ou i still remember tem ali chapado que sao os mesmos tipos de silent alarm. é um álbum que entra só depois de algumas audições, mas depois entranha-se. e gosto particularmente da capa...