segunda-feira, abril 03, 2006 |
V for Vendetta |
 Num futuro próximo, a Inglaterra encontra-se num regime ditatorial onde a liberdade de expressão e até pessoal é restringida ao máximo com o suposto objectivo de manter a paz e a tranquilidade. É no meio da apatia popular e do totalitarismo político que um homem ousa romper com o estabelecido e procura a sua Vingança. V for Vendetta tem de facto uma sinopse muito interessante e cujo bom desenvolvimento daria um excelente filme. Escrito pelos irmãos Wachowski, argumentistas e realizadores de Matrix, o argumento de V for Vendetta carece, de facto, de uma maior profundidade nas personagens e nas relações que se estabelecem entre elas. Exceptuando, talvez, a personagem V, todas as outras são demasiado unidimensionais, não passando de meras personagens-clichés. O ex-líbris deste problema encontra-se na personagem de John Hurt, o ditador Adam Sutler. De facto, o seu contributo para o filme restringe-se a apenas algumas frases dotadas de ideologias totalitárias mas que em nada são reveladoras da essência de um ditador (veja-se, por exemplo, o desenvolvimento dado à personagem de Hitler em Der Untergang). Outro dos pontos negativos centra-se na realização de James McTeigue que, na minha opinião, não consegue estar à altura do que lhe era exigido. Com efeito, e principalmente nas cenas iniciais, o realizador brinda o telespectador com planos hiper-rápidos e confusos que dificultam uma boa percepção dos acontecimentos. Todavia, nem tudo é pejorativo neste filme, bem pelo contrário. Curiosamente, é também no seu argumento que V for Vendetta tem uma das suas mais-valias. De facto, a personagem de V enquanto herói-vilão resulta muito bem, exceptuando uma outra cena. Por outro lado, a mensagem que está por detrás de tudo é, nos tempos que correm, bastante forte. Ver alguém, para o poder político um "terrorista", explodir um edíficio icónico de uma nação e daquilo que ela representa, tem, especialmente para os americanos, um impacte muito forte. No filme, o dia da Vingança é dia 5 de Novembro, mas facilmente se pode traduzir no dia 11 de Setembro para os Estados Unidos, no dia 11 de Março para Espanha, no dia 7 de Julho para Inglaterra, e até mesmo no dia 25 de Abril em Portugal. Quem, a ver as flores vermelhas e a luta contra um regime ditatorial, não pensou na nossa Revolução dos Cravos? Outro dos pontos cruciais do filme é, sem dúvida, os desempenhos de Natalie Portman e Hugo Weaving. A primeira é de uma expressividade que toca os mais insensíveis, e o segundo é de uma composição corporal e vocal perfeita. Apesar do pouco desenvolvimento da sua personagem, Portman arranca mais um excelente desempenho que peca talvez pelo seu sotaque um pouco forçado. Hugo Weaving está também perfeito enquanto V e, sem mostrar uma única vez a cara, consegue ter um desempenho assinalável. No que se relaciona com a relação entre as duas personagens centrais, esta soa, contudo, demasiado a falso, em virtude da falta de desenvolvimento das personagens. De facto, a evolução desta relação é demasiadamente superficial e o desenlace torna-se demasiado inverosímil. Concluindo, V for Vendetta fracassou um pouco as expectativas por mim criadas. Confesso que saí da sala completamente extasiado com o que vi mas, ao contrário de outros filmes, após meditar um pouco, as suas lacunas e insuficiências vieram ao de cima, fazendo com que perdesse um pouco da excelência que, no primeiro impacte, parecia ter. Classificação:   |
posted by P.R @ 4:11 da tarde |
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5 Comments: |
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Comigo aconteceu o oposto: quanto mais penso no filme, mais depressa chego á conclusão de que adorei :)!
Cumprimentos
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Concordo com algumas partes da crítica, outras nem tanto. Não achei que todas as personagens mais secundárias fossem unidimensionais. O ditador pareceu-me um estereótipo assumido, distante, porque a relação entre ele e V nunca chega a ser muito pessoal, o ódio e conflito entre eles é sempre muito profissional, por assim dizer, não odeiam a pessoa mas o que ela representa. O investigador também consegue sair um pouco do estereótipo, mas acho que dar mais liberdade a estas personagens secundárias seria confuso para o espectador e iria requerer mais tempo de antena para cada uma delas, podendo prejudicar a história. Isto porque o sumo está nas várias ideologias expostas, no bom e mau de cada uma delas, nos preços a pagar. Daí que só haja espaço para duas personagens serem realmente desenvolvidas: V, arauto da "liberdade", e Natalie Portman, que vai escolher o seu caminho. O outro extremo está representado na personagem do ditador, mas não se cinge a esta, sendo desenvolvido durante todo o filme. Eu iria até às 4 estrelas ;)
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Percebo o que queres dizer, mas não concordo. Para perceber realmente a angústia e a sede de vingança de V, era imprescindível dar a conhecer o outro lado, neste caso, do ditador. Para além disso até mesmo a personagem de Natalie Portman sofre de alguma falta de profundidade... Não se percebe muito bem as motivações da protagonista e muito menos as razões que a fez mudar tanto de opinião para justificar o final extremamente forçado da relação dela com V. Ah e atenção aprofundar personagens não é pô-las a cozinhar, como acontece na cena mais patética do filme, que tem como protagonista V ;)
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Também ficou muito áquem das minhas expectativas, ainda assim considero-o um bom filme, tendo em conta os objectivos que pretendia atingir. E a Natalie Portman é a Natalie Portman...
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epah eu sinceramente axei 6*... kuando me falaram do filme eu n axei nd d especial e nunca tive mta curiosidade de o ver... so k me apetecia ver 1 filme e o k tava mais a mao era este e sinceramente n me arrependo nd d o ver e pa mim foi dos melhores filmes k ja vi... simplesmente brilhante... claro k ha opinioes 1 pouco mais criticas mas opah... sem palavras axei brilhante!!! 6* !!!! "gostas de musica"? EXCELENTE!!!
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Comigo aconteceu o oposto: quanto mais penso no filme, mais depressa chego á conclusão de que adorei :)!
Cumprimentos