 Ultimamente tenho andado num estado vegetativo em relação à música. Mais do que vegetativo, estou a entrar numa fase de total descrédito no que se faz hoje em dia, seja em Portugal ou no resto do mundo. Salvo raras excepções (mesmo muito raras) conto pelos dedos de uma mão aqueles que são os álbuns dos últimos tempos que me tenha marcado. Claro que há música com uma qualidade inquestionável a circular por aí, não digo que não, mas falta, mais do que o profissionalismo, a paixão.
Tenho saudades de me apaixonar por um álbum, de o ouvir repetitivamente, até à exaustão.
Funeral, dos Arcade Fire é uma dessas excepções. Uma verdadeira agulha no meio de tanta palha que por aí anda. Não há fórmulas pré-concebidas, melodias fáceis, chega a não haver qualquer sentido aparente em alguns dos temas. Mas não se deixem enganar, está tudo planeado e nada surge por acaso. É a beleza do caos como fonte de inspiração.
Dificilmente encontramos algo que se possa comparar a esta banda. É verdade que vão começando a aparecer alguns discíplos, como os igualmente brilhantes Clap Your Hands Say Yeah, mas esta família de Montreal é única e conseguiu, como há muito não se via, trazer algo novo para a música.
A mistura de ritmos e instrumentos, as peculiares vocalizações, os coros infernais, tudo se junta numa ode ao fim do mundo. Um fim do mundo que tem tanto de drástico como de doce. Seja na catástrofe de Neighborhood #2 e #3, na revolta de Rebllion (Lies) ou na quietude de Uns Année Sans Lumiére e Crown of Love, somos meros espectadores de um armagedão de emoções. Há uma aura especial que emana deste disco. Algo que nos prende no seu universo e nos faz sentir parte dele.
In The Backseat, a poética música que encerra o disco, diz :"I don't have to drive, I don't have to speak" e o meu conselho é que sigam essas intruções, sentem-se e deixem-se guiar por um dos mais brilhantes àlbuns de estreia da última década...
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Eu também os conheci por meio do David Fonseca. Depois foi amor à primeira audição. Ficou inclusive em primeiro lugar no meu top 10 de 2005, num post q fiz neste blog quando ainda n eras nossa colega :P "Sublime" realmente resume a magnificência deste álbum.