domingo, maio 14, 2006
Arcade Fire | Funeral


Ultimamente tenho andado num estado vegetativo em relação à música. Mais do que vegetativo, estou a entrar numa fase de total descrédito no que se faz hoje em dia, seja em Portugal ou no resto do mundo. Salvo raras excepções (mesmo muito raras) conto pelos dedos de uma mão aqueles que são os álbuns dos últimos tempos que me tenha marcado. Claro que há música com uma qualidade inquestionável a circular por aí, não digo que não, mas falta, mais do que o profissionalismo, a paixão.

Tenho saudades de me apaixonar por um álbum, de o ouvir repetitivamente, até à exaustão.

Funeral, dos Arcade Fire é uma dessas excepções. Uma verdadeira agulha no meio de tanta palha que por aí anda. Não há fórmulas pré-concebidas, melodias fáceis, chega a não haver qualquer sentido aparente em alguns dos temas. Mas não se deixem enganar, está tudo planeado e nada surge por acaso. É a beleza do caos como fonte de inspiração.

Dificilmente encontramos algo que se possa comparar a esta banda. É verdade que vão começando a aparecer alguns discíplos, como os igualmente brilhantes Clap Your Hands Say Yeah, mas esta família de Montreal é única e conseguiu, como há muito não se via, trazer algo novo para a música.

A mistura de ritmos e instrumentos, as peculiares vocalizações, os coros infernais, tudo se junta numa ode ao fim do mundo. Um fim do mundo que tem tanto de drástico como de doce. Seja na catástrofe de Neighborhood #2 e #3, na revolta de Rebllion (Lies) ou na quietude de Uns Année Sans Lumiére e Crown of Love, somos meros espectadores de um armagedão de emoções. Há uma aura especial que emana deste disco. Algo que nos prende no seu universo e nos faz sentir parte dele.

In The Backseat, a poética música que encerra o disco, diz :"I don't have to drive, I don't have to speak" e o meu conselho é que sigam essas intruções, sentem-se e deixem-se guiar por um dos mais brilhantes àlbuns de estreia da última década...




posted by not_alone @ 10:07 da tarde  
5 Comments:
  • At 12:07 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Não estou de todo numa fase de descrédito similar à tua, mas tb a mim (e a milhões, pelos vistos) os Arcade Fire fascinaram...
    Lembro-me de uma colega minha minha mos recomendar com a simples palavra: «Sublime», e como vim a descobrir, ela tinha toda a razão.

    Curiosamente tive conhecimento deles através das constantes menções que o David Fonseca lhes fazia aquando das entrevistas sobre o lançamento do seu último álbum. Não deixa de ser engraçado...

     
  • At 12:31 da manhã, Blogger not_alone said…

    Eu também os conheci por meio do David Fonseca. Depois foi amor à primeira audição. Ficou inclusive em primeiro lugar no meu top 10 de 2005, num post q fiz neste blog quando ainda n eras nossa colega :P "Sublime" realmente resume a magnificência deste álbum.

     
  • At 11:44 da manhã, Blogger P.R said…

    Lamento discordar not_alone mas os Arcade Fire não ficaram em primeiro mas sim em segundo. Em primeiro lugar ficou o tão citado David Fonseca, Ai ai essa memória :P

     
  • At 12:12 da tarde, Blogger not_alone said…

    Tem razão senhor Pedro :P

    Mas esta falha só quer dizer que tanto um como o outro mereciam o 1º lugar. Só pus o David pq é produto nacional :P

     
  • At 12:13 da tarde, Blogger gonn1000 said…

    É um bom disco, mas muito sobrevalorizado. Acho que a banda promete, mas ainda não vejo ali grande genialidade.

     
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