Um filme sem corantes nem conservantes. Um filme que dá fome. Um filme que desperta os sabores e que com eles traz as sensaçoes. A forma como as relações humanas se podem reflectir e crescer nos momentos de partilha. Destaco especialmente a história e a performance do casal Rachel Weisz e David Strathairn que, apesar de representarem uma perspectiva mais «destrutiva» de como uma relação pode evoluir, mostram tão bem como não se consegue viver sem o outro - seja ele um principe encantado, ou não. Uma nota também para a banda sonora, e para o aspecto delicioso da blueberry pie.
H. My Blueberry Nights
É o regresso especial de Wong Kar-Wai. Especial porque rodado na América. Especial porque a língua que se ouve é o inglês. E, contudo, especial por permanecer tão idêntico, porque a mestria de Wong Kar-Wai é perceptível a cada plano. E, já agora, a cada nota da banda sonora, a cada atmosfera criada, a cada personagem dorida, a cada sensação de experimentar uma forma poética de cinema. Não será o ponto mais alto da sua filmografia até agora mas está muito longe de ser um fiasco.
NOTA: Por aqui saúda-se também o regresso das aventuras do Dr. Jones.
not_alone My Blueberry Nights
Como comer um pedaço de tarte, My Blueberry Nights é de um doce melancólico. Sentados no parapeito da janela, deixamos a framboesa de vermelho saturado guiar-nos por todas aquelas viagens que ainda sonhamos fazer. E deixamo-nos ir nesse engano de que as saborosas garfadas não vão deixar um travo amargo na boca. Mas deixam sempre.
Paulo Shine the Light
Num mês que marcou também o regresso de Wong Kar Wai com o belíssimo My Blueberry Nights, não podia deixar de destacar esta maravilhosa delícia de Martin Scorsese, em forma de filme-concerto dos Rolling Stones. Com a ajuda de um conjunto notável de operadores de câmara (muitos deles, premiadíssimos directores de fotografia), Scorsese conseguiu captar não só a perfomance vibrante da mítica banda como também uma intimidade em palco poucas vezes vista neste género de trabalhos. Se é para assistir a um concerto no cinema, então este que venha assinado por Martin Scorsese
P.R. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
Tenho presente que num mês "normal" destacaria My Blueberry Nights, que foi dos meus filmes que mais me arrebatou este ano. Mas o meu fanatismo pela saga conduz-me a destacar o regresso de Indiana Jones. Não é um filme brilhante, é pior que qualquer um da primeira trilogia, tem cenas patetas, tem um Harrison Ford velhote, tem cenas completamente inverosímeis, tens aliens mas.... é Indiana Jones. E só isso catapulta-o logo para o filme do mês. E reafirmo: eu gostei bastante!
Duarte Le Graine et le Mulet
Um filme multi-premiado pelos "Césares" Franceses e que aposta na simplicidade e genuidade" da história que conta, das multi-personagens que acompanha e do modo acessível e caseiro como tudo é invulgarmente retratado. É um passeio detalhado pelo microcosmos de uma comunidade de emigrantes, e sentimos que a câmara está mesmo lá, ao lado deles, a partilhar as suas vivências connosco e a documentar as suas uniões, alegrias, frustrações, ambições e até devaneios. E por isso ficamos presos a olhar para a tela, porque há uma identificação com o lado real e natural da nossa vida, e porque sentimos que tudo aquilo simplesmente é."
Eu não tenho dúvidas... "My Blueberry Nights" foi o filme do mês, apesar de toda crítica negativa a que foi sujeito. Para mim é merecedor de um 9/10.
Abraços