
Pelo single de apresentação do terceiro álbum dos Evanescence, “Call Me When Your Sober?” (pode-se pensar em título mais idiota?) julguei que «Origin» e «Fallen» tivessem sido apenas trabalhos interessantes de principiante e que, agora que a fasquia de exigência subiu, eles não se tivessem sabido superar. Talvez esperando pouco de «The Open Door» este se acabe por revelar uma surpresa. É certo que os Evanescence continuam iguais a si mesmos, com uma sonoridade que em nada se procura distanciar dos trabalhos anteriores. É rock que alguns catalogam de gótico ou novo-gótico (provavelmente mais pela imagem que a banda passa que pelo som em si), com as habituais misturas com música clássica. Aliás, a vocalista e compositora Amy Lee nunca escondeu que um dos seus ídolos máximos era Wolfgang Amadeus Mozart, cujo «Requiem» é aqui usado em parte em “Lacrimosa”. Esta é aliás, a faixa a reter do álbum, bem secundada por “Lithium”, “Snow White Queen”, “Good Enough”. Mas atente-se na curiosa passagem de "Your Star" em que Lee diz I can't see your star / The mechanical lights of Lisbon frightened it away. Desconhecia esta inspiração lusa na música dos Evanescence! É quando procura essa aproximação a um som mais clássico e poderoso que a música dos Evanescence se torna mais apelativa, embora nunca as suas letras deixem de soar a uma crise de adolescência perpétua.
Talvez por ter descoberto «Fallen» antes do “fenómeno” ter irrompido por essa juventude de gostos duvidosos, tive em boa conta o trabalho dos Evanescence, que me parecia na altura bastante curioso pela forma como unia uma melancolia dilacerante com um rock mais negro e pesado. Se tal só é interessante numa certa fase da vida, talvez não deixe de ser verdade. Nós crescemos, eles ficam iguais. Mais ainda assim, é curioso constatar como um grupo consegue alcançar um sucesso comercial considerável com música infinitamente mais interessante com o hip-hop oco e r ‘n’ b duvidoso que enche os tops e os canais tipo MTV. Eles não se elevaram, mas também não se desvirtuaram. Quem gostou dos outros álbuns não rejeitará este, quem não gostou não vai passar a gostar. Quem quer conhecer, aconselho o primeiro e quase desconhecido álbum, «Origin».
|
Não te imaginava a gostar de Evanescence. Eu gostei no início, mas sofreram de demasiada exposição mediática que afecta sempre uma banda que não consegue reciclar o seu estilo. Acaba por soar tudo a mais do mesmo.