De um lado mais intimista, passamos para um visual mais jovem e fresco. Queremos que esta vivacidade se reflicta também no nosso trabalho e, como tal, iremos, brevemente, investir em áreas e formas pouco usadas por nós até aqui. O Grande Momento, que é apresentado todas as semanas, passará a constar no lado direito do blog e juntámos uma área de votações que servirá, no futuro, para uma maior interacção entre quem escreve e quem lê. Para já, podem nos ajudar a perceber a vossa opinião acerca desta mudança. No fundo, pretendemos reinventarmo-nos. O novo template é o rosto dessa vontade.
Depois de ver "L'Argent", última obra da filmografia de Robert Bresson, cheguei a uma conclusão, que pode ou não ser precipitada, que estamos na presença de um dos mais imaculados realizadores que já teve a felicidade de transpor o seu talento para a grande tela. Desde "Au Hasard Balthasar", passando pelo supremo "Pickpocket" e até ao seu epílogo como artista, e sendo esta as ainda únicas evidências que tenho do seu notável trabalho, notou-se sempre a mesma concisão de planos, o extremo cuidado e rigor formal, a mesma frieza e crueza dramática e sempre a enorme, gigante até, ambivalência moral. No seu cinema não parece haver espaço para improvisos, parecendo ter tudo uma razão de ser ou de existir. E se por um lado isso até lhe retira certa espontaneidade e emotividade, não deixa de ser a sua indelável, e quase glaciar, imagem de marca.
SPOILERS!!! Quem ainda não viu o filme, não deve ver o vídeo que se segue.
Quanto aos outros, certamente já sabem do que estou a falar: There Will Be Blood é um dos grande filmes dos últimos anos, e Daniel Plainview é já uma personagem marcante do cinema recente. Aliás, o culto em volta da composição de Daniel Day-Lewis é tão grande que alguns dos momentos que protagoniza estão já completamente impregnados na cultura popular. Este, certamente, é o que mais depressa nos salta à cabeça. Um actor completamente possuído por uma personagem à beira da loucura. Sinistro e hilariante ao mesmo tempo. Que mais se pode pedir a um filme?
A notícia já tem alguns dias, mas não é tarde para a dar aqui (e redobrar as expressões de contentamento): Bob Dylan dará um concerto em Portugal este ano! Será no dia 11 de Julho, no festival Optimus Alive. É o regresso de um dos gigantes da música mundial num dos concertos obrigatórios deste ano. Dylan tocará no mesmo dia que Chris Cornell e Within Temptation. O bilhete diário para o festival é 45 euros. O passe de três dias é 80 euros.
Com apenas 54 anos, o realizador Anthony Minghella faleceu a noite passada. Um derrame cerebral foi apontado por um porta-voz do realizador de The English Patient como sendo a causa da morte. Minghella passou a sua última noite num hospital londrino depois de ter sido submetido a uma operação ao pescoço.
Aqui fica, em forma de homenagem, a lista dos filmes que realizou:
Breaking and Entering (2006) Cold Mountain (2003) Play (2000) The Talented Mr. Ripley (1999) The English Patient (1996) Mr. Wonderful (1993) Truly Madly Deeply (199o)
Como eu gosto de fazer sobressair os promissores artistas nacionais, não podia deixar passar ao lado o lançamento do cd de estreia de Rita Redshoes. Rita é mais connhecida como Rita Pereira, a menina que faz o dueto de Hold Still, com David Fonseca, ou até mesmo como a vocalista dos extintos Atomic Bees. Mas, com o seu alter-ego, Redshoes, traz algo de novo. Uma espécie de boa disposição vinda do passado, em que se desconstrói as noções de retro e de pin up girl, e isto é só a sua irreverente imagem. Nas suas canções renasce a era dourada de hollywood. O jazz, o cabaret, o musical. Renasce Rita, nos seus sapatos vermelhos, tal como Dorothy, à procura do seu caminho para casa.
Já tive oportunidade de ouvir grade parte do álbum e não fiquei indiferente à sua frescura. Rita Redshoes pode vir a ser, se lhe derem o mérito que merece, das artistas nacionais mais interessantes. Nomes como Fiona Apple ou Cat Power dão uma ideia da liga aonde a cantora se posiciona e, depois de ouvir Hey Tom ou Dream On Girl, não há como escapar ao potencial da cantora.
Para acabar da melhor forma deixo-vos o brilhante vídeo para Hey Tom, realizado por Filipe Cunha Monteiro. Bela, talentosa e de uma presença memorável - Rita Redshoes - no seu melhor:
Há grandes momentos que não precisam de marcar uma era ou de definir esta ou aquela forma de ver o mundo. Há grandes momentos que só o são porque nos tocaram em determinado momento e, ainda que mais ninguém veja essa grandeza, ela para nós existe. Gwyneth Paltrow e Ethan Hawke vivem uma difícil história de amor. Charles Dickens escreveu este clássico partindo de uma incerteza com que todos nos podemos relacionar - estamos presos às verdades que nos educaram? Ou as nossas experiências permitem questionar aquilo que somos? Se por um lado a mudança não é possível, por outro, quando o escuro é tudo que conhecemos, é sempre preciso alguém que nos obrigue a sair e a enfrentar a luz do sol. As pessoas não mudam, o que muda é a forma como aprendem a ver o que está à sua volta. Esta é a minha verdade, por agora.
Está quase. O tempo de festivalar. Até agora, isto é o que nos espera para os festivais de 2008.
30 de Maio Amy Winehouse James Morrison Lenny Kravitz Ivete Sangalo [tenda electrónica] Paul Van Dyk Axwell Diego Miranda Mary Zander [palco sunset] Ricardo Azevedo e Lúcia Moniz Sam The Kid e Cool Hipnoise
31 de Maio Bon Jovi Alejandro Sanz Alanis Morissette Skunk [tenda electrónica] Carl Cox François K Christian Smith Carlo Dall'Anese [palco sunset] João Gil, Tito Paris, Marisa Pinto(Donna Maria) Expensive Soul e Sara Tavares
1 de Junho Rod Stewart Joss Stone Xutos e Pontapés Tokio Hotel [tenda electrónica] David Morales Dimitri From Paris Tony Humphries Mário Roque [palco sunset] Ala dos Namorados, Rao Kyao e Nancy Vieira Boss Ac e Vitorino
5 de Junho Metallica Machine Head Apocalyptica Moonspell [tenda electrónica] 2 Many Dj's The Crystal Method Miguel Quintão Zé Pedro [palco sunset] André Indiana e SP & Wilson Wraygunn com Faith Gospell Choir e Legendary Tiger Man Tim e Jorge Palma
6 de Junho Linkin Park Keiser Chiefs [tenda electrónica] Sasha & Digweed DJ Vibe Tó Ricciardi Stereo Addiction [palco sunset] CAIM e vencedores do concurso de bandas Buraka Som Sistema com Deize Tigrona e Bruno M Clã e convidados
9 de Julho [LISBOA] Iron Maiden
10 de Julho Rage Against The Machine Gogol Bordello Peaches Cansei de Ser Sexy 11 de Julho Chris Cornell Within Temptation Mr Flash Krazy Baldhead 12 de Julho Neil Young Ben Harper Donovan Frankenreiter
31 de Julho Sex Pistols The Wombats Mando Diao
3 de Agosto Thievery Corporation Emir Kusturika & the No Smoking Orchestra
Há quem fale de uma espécie de tête-à-tête entre «No Country For Old Men» e «There Will Be Blood», os grandes filmes que já nos chegaram este ano. Ainda sem ter visto o primeiro, só posso destacar aqui o filme de Daniel Day-Lewis – um filme arrebatador e inesquecível. Com desempenhos inigualáveis (claramente Day Lewis, em grande sintonia com Paul Dano), e com uma construção cinematográfica brilhante, é um filme que tão depressa não deverá desaparecer das nossas memórias.
H. There Will Be Blood
Esperámos cinco anos pelo regresso de Paul Thomas Anderson... E que regresso! There Will Be Blood é um marco na sua carreira e não hesito em afirmar que é um dos melhores filmes de 2008, obra criada com mão de mestre e que, a espaços, nos faz pensar noutros mestres: como Welles no seu insuperável Citizen Kane. Daniel Day-Lewis é magnânimo como Daniel Plainview, sendo muito bem secundado pelo jovem Paul Dano. No seu conjunto (o trabalho notável de incorporação do som, a fotografia, a direcção artística...) o filme é todo ele um portento.
not_aloneThere Will be Blood
There Will be Blood é uma obra maior. Daquelas que falaremos daqui a 20 anos quando recordarmos os grandes filmes da nossa vida. Assim como a interpretação de Daniel Day Lewis ficará na história, ao lado de grandes nomes como Al Pacino, Robert De Niro ou Marlon Brando. E dito isto, não consigo pensar em mais nada que faça justiça à magnitude deste filme.
Paulo There Will Be Blood
A espera valeu bem a pena, e cinco anos depois de Punch-Drunk Love, eis que o grande Paul Thomas Anderson regressa com uma obra inesquecível. There Will Be Blood é uma história sobre ambição, poder, religião, capitalismo e, convém não esquecer, sobre pais e filhos, voltando a família a funcionar como um dos alicerces principais da narrativa. Visualmente, é de um arrojo ímpar, e é fortíssimo em termos dramáticos, estando carregado de planos, sequências e diálogos marcantes. Lembra Kubrick, Welles ou Malick, mas There Will Be Blood é, acima de tudo, um filme com a marca de génio do seu realizador.
P.R. There Will Be Blood
There Will Be Blood é daqueles filmes que aparecem apenas de vez em vez. É uma obra absolutamente perfeita, com pormenores que a transportam para a galeria dos melhores filmes de sempre e onde Daniel Day-Lewis brilha com uma intensidade que ofusca tudo e todos. PTA tem aqui o seu Barry Lyndon, o seu filme maior, a sua obra-prima até porque, na minha opinião, e entrando no campo já mais discutível, este filme deixa Magnolia uns furos atrás.
Duarte No Country For Old Man
Depois das exarcebadas expectativas, ainda mais exponenciadas pela glória nos Oscars, a nova película dos Coen confirma tudo o que de genial prometia. É imaculadamente concebido e concretizado, tenso como um parafuso bem apertado e com interpretações, e momentos, que vou guardar bem fundo na minha memória cinéfila. E tem camada após camada de reverberação dramática, atrás de cada morte, de cada gota de sangue, de cada ilusório acordar com o desencanto da nossa nova realidade. Este mundo já não é para velhos, mas é nele que temos que viver. E assim, só me resta agradecer aos Coen " for keeping on playing on their corner of the sandbox."
O meu grande momento esta semana reveste-se de asas negras e sabor a traição. Por vezes, sabe bem voltar a sentir a vibração de um palco e a voz de novos talentos nacionais. Devíamos ir mais ao teatro, dar-lhe força. Também o Judas deste vídeo nos surpreende com uma força imensa e reclama a Cristo a salvação. Deveremos fazer o mesmo?