sábado, março 31, 2007
Grandes Momentos | Sideways

Há vários momentos que nos marcam ao longo do tempo, e que vão ganhando o seu espaço em nós. Há vários 'tipos' de momentos: os que vemos num filme, os que nos têm como personagem principal, os que nos levam para outro mundo, os que nos fazem sonhar. Há também os que nos fazem relaxar e ver o mundo de forma descontraída, aproveitando cada momento, cada pedaço de inspiração, cada copo de vinho. Cada gole.

Sideways é um hino à vida, à busca, dizendo-nos em cada diálogo "não desistas", "tenta de novo". É um filme que se veste de comédia, mas que tem um corpo de seriedade, de reflexão e de energia positiva. Os medos, as angústias, os amores. Todos são absorvidos na cor de um vinho tinto, que realça o prazer de um piquenique com os amigos. Talvez por isso 'O' momento seja uma conversa cúmplice que nos mostra como a vida cresce e se molda tal como as uvas se tornam vinho, que ganham um corpo e uma textura únicos, mas variáveis. Que são mais ou menos doces, mais ou menos suaves. Tudo independentemente da garrafa e, principalmente, do rótulo.
posted by Ana Silva @ 8:44 da tarde   2 comments
sexta-feira, março 30, 2007
Wahlberg com Shyamalan

Mark Wahlberg, depois da nomeação ao Óscar, está em alta em Hollywood. Depois de estar confirmada a presença no novo de Aronovsky, The fighter, soube-se agora que foi ele o escolhido para o papel principal do novo filme do Shyamalan, The Happening. Mark será um pai de família em fuga de um acontecimento catastrófico que ameaça destruir a Terra. Dada a sinopse do filme, a Fox já escolheu sexta feira, 13 de julho de 2008, como data de lançamento do filme "pelas conotações globais da sexta-feira 13, ideais para um filme apavorante como este." Recorde-se que apesar de ainda não terem trabalhado juntos, era suposto ter sido Mark Wahlberg a encarnar o irmão da personagem de Mel Gibson em “Signs”. No entanto, devido a doença, teve que desistir do papel, cabendo a Joaquin Phoenix o papel de Merrill Hess.
posted by P.R @ 10:26 da manhã   1 comments
quarta-feira, março 28, 2007
O novo de Aronovsky
Depois de The Fountain, que foi incompreensivelmente mal aceite pela crítica internacional e nacional, Darren Aronovsky já tem planos para o futuro. Ao que parece, o realizador do fabuloso Requiem for a Dream vai realizar o drama The fighter. Tendo como protagonistas Matt Damon e Mark Wahlberg e como argumentista Paul Attanasio (o mesmo de Donnie Brasco, The Good German e principal escritor da série House), esta é história de Micky Ward, um campeão mundial de peses leves graças à ajuda do irmão mais velho que é o seu treinador. Micky é um herói da sua cidade natal, Boston, o rapaz pobre que venceu na vida graças a sua persistência e coragem. Wahblerg será Micky e Damon o seu irmão e treinador, Dickie.

Aproveito esta pequena notícia para testemunhar o impacte que The Fountain tem tido em mim, dia após dia. Uma obra invulgar, possante e extraordinária. Um filme cimeiro, uma obra genial, uma visão do amor, da vida e da morte como nunca se viu no cinema. Transcendente.
posted by P.R @ 1:04 da tarde   8 comments
terça-feira, março 27, 2007
Dia Mundial do Teatro
Hoje, dia 27 de Março, é o Dia Mundial do Teatro. Confesso que adoro cinema, gosto muito de música e todas as outras artes, mas o teatro fascina-me particularmente. Do ponto de vista do actor, o cinema pode ser, e é muitas vezes, um projecto aliciante para as pessoas que frequentemente vestem e despem roupagens humanas. Mas é no teatro que se vê a essência de um actor. O cheiro do palco, a cor das luzes, a presença do público. A adrenalina do erro, a ânsia da superação individual.

Para assinalar este dia, recomendo uma peça que tem hoje o seu primeiro dia de exibição: Dúvida. Escrita por John Patrick, a peça que sobe a palco do teatro Maria Matos, tem como protagonistas Eunice Munoz e Diogo Infante. A grande senhora do teatro português é a madre superiora de um colégio católico no bairro nova-iorquino do Bronx que acusa um padre, encarnado por Diogo Infante, de assediar sexualmente uma criança de 12 anos. O padre clama inocência e a “Dúvida” irá subsistir até ao final da peça. De salientar que a banda sonora foi composta especialmente para a peça por Bernardo Sassetti tendo sido interpretada pela Sinfonietta de Lisboa.

Dúvida está em cena até 6 de Maio e está em exibição de 4ª à sábado às 21h30 e Domingos às 17h.

posted by P.R @ 10:51 da manhã   1 comments
segunda-feira, março 26, 2007
Uma voz de protesto
Desculpem o desabafo, é um concurso, e vale o que vale, mas é vergonhoso para o nosso país que 40 % (!!!) das pessoas tenham votado em Salazar! Salazar foi uma figura proeminente da nossa história, é um facto. Mas o que se pretende avaliar é os méritos dessas figuras. Daí pergunto: Salazar o melhor português de sempre? Recordo uma frase de Salazar: "um povo culto é ingovernável". Penso que não é preciso dizer mais nada...

posted by P.R @ 1:20 da manhã   10 comments
sábado, março 24, 2007
Grandes Momentos | The PillowMan

Como o Paulo referiu há duas semanas, decidimos abrir horizontes e alargar a rúbrica Grandes Momentos a outras àreas. Assim, integrado nesta abertura a outras artes, escolhi para esta semana um dos grandes momentos de 2006, a peça The PillowMan.

Da autoria de Martin Mc Donagh, encenada por Tiago Guedes e interpretada por Albano Jerónimo, Gonçalo Waddington, João Pedro Vaz e Marco D'Almeida, The PillowMan é uma peça forte, bruta, violenta e, por tudo isso, inesquecível. É o sorriso nervoso que torna esta peça fenomenal, o rir envergonhado que todos tentam esconder.

No entanto, e como tenho que sublinhar um momento, destaco, sem me alongar muito, o final da peça, o confronto com o PillowMan. Poderia tentar explicar o porquê da escolha desta cena em especial, mas isso seria estragar a surpresa a quem não viu, ou não leu, a peça. Portanto, deixo-vos com algumas imagens daquela que, para mim, é já uma das melhores peças estreadas no nosso país.

posted by P.R @ 2:47 da tarde   3 comments
quarta-feira, março 21, 2007
The Painted Veil

Há um filme de 1934 baseado no livro que inspirou The Painted Veil que tem como protagonista Great Garbo. Será certamente uma paragem nos tempos mais próximos para quem só agora tomou disso conhecimento, como eu. Começo por aí porque o filme de John Curran respira uma aura de clássico. Talvez não seja preciso recuar mais que África Minha para notarmos pontos de contacto. Aventura colonial, desventuras amorosas, perigo exterior, conflito interior… Enfim, bons ingredientes para um melodrama bonitinho e escorreito mas sem grandes voos no que toca à inovação. Aqui quer-se perpetuar um registo, qui ça homenagear uma tradição, demonstrar as potencialidades dos actores nessa “intemporalidade” cinematográfica. Nada mais.

Naomi Watts, a mulher que se descobre e redime, e Edward Norton, o homem que aprende a amainar a fúria íntegra do coração, são dois protagonistas competentes, que provam sem grandes falhas que merecem o estatuto que já alcançaram no cinema americano. Referência ainda para Toby Jones (o outro Capote de Infamous), presença cujo relevo salta à vista do espectador.
Filmado na China, o filme brinda-nos com uma lindíssima fotografia. Destaca-se visualmente a cena do passeio no lago, beneficiada pela projecção em scope (escolham uma sala grande, vale a pena).
Menção honrosa também para a música, nomeadamente as incursões ao piano de Lang Lang que são fulcrais para a criação de um ambiente melancólico no filme.

Apesar de não ser um filme que se possa dizer surpreendente ou magnânimo, é uma obra bastante agradável de se visionar, sobretudo para os apreciadores destas histórias. Os outros talvez saiam desapontados, mas sempre podem fechar os olhos e ouvir a bela banda sonora…

posted by Anónimo @ 5:52 da tarde   3 comments
terça-feira, março 20, 2007
Arcade Fire | Neon Bible

Quaisquer palavras que se escrevam sobre os Arcade Fire serão sempre insuficientes. Banda que se tornou culto universal, venerada pelo público e reconhecida pelos seus pares, os canadianos regressam após o insuplantável «Funeral» com «Neon Bible», segundo álbum de originais que nos volta a recordar porque é que eles justificam todo o ‘hype’ do mundo.

Gravado numa igreja, «Neon Bible» respira carga espiritual. Fala de pedacinhos da vida com o encanto (e desencanto) da sua singularidade, canta o que há de extraordinário no milagre da vida – uma vida onde existem quedas, desilusões, feridas, guerras, morte.
Podemos dissecar todas as letras, todos os acordes dos Arcade Fire para perceber o fenómeno mas ele só é explicável no inexplicável de o sentirmos, sentirmos as palavras e os sons como deixas acabadas de um espectáculo que nos engloba mas nos ultrapassa. Podemos tentar encontrar referências mas é injustificado. Eles são inigualáveis.

Música para nos sentirmos vivos, por vezes rasgados pela existência, por vezes gratos de mãos ao alto, com o coração pesado que quer voar, procuramos explicar por fonéticas humanas porque é que amamos tanto esta música. Mas é difícil, talvez mesmo impossível.

Oiçam.

posted by Anónimo @ 8:29 da manhã   11 comments
domingo, março 18, 2007
Grandes Momentos | Singin' in the Rain

Não sei precisar qual o filme que me fez apaixonar pelo musical. A verdade é que me encanta o universo destas obras, onde pessoas se expressam pela voz e por belas coreografias, sozinhas, em par ou em grandes grupos.
Deixo-vos aqui um excerto daquele que é provavelmente o mais belo musical de todos os tempos, “Singin’ in the Rain”, com o inigualável Gene Kelly. Este filme de 1952 não tem só alguns dos números mais inesquecíveis do género como é se passa nesse mundo fascinante do... cinema!


posted by Anónimo @ 2:28 da tarde   3 comments
sábado, março 17, 2007
Filarmónica Gil | Por Mão Própria


O primeiro álbum dos Filarmónica Gil resultou de um conjunto inesperado de músicos. João Gil (Ala dos Namorados, Trovante, Rio Grande, Cabeças no ar...) e Rui Costa (Silence 4) decidem fazer um projecto de música portuguesa, despretensioso e jovem, recuperando as clássicas influências de todas as bandas portuguesas que admiram. Convidam Nuno Norte (vencedor dos Ídolos) para dar voz ao projecto e o resultado foi um agradável CD, sem trazer muito de novo, mas que não compremete os músicos envolvidos.

Pessoalmente, a voz de Nuno Norte sempre me pareceu desadequada para este projecto. Algures entre o Pedro Abrunhosa e o Jorge Palma, com tendência para o exagero, torna-se cansativa ao fim de três ou quatro músicas. Ainda assim, no primeiro trabalho do grupo, o trabalho que suportava o vocalista bastava-se. João Gil já deu provas suficientes para não duvidarmos do seu talento enquanto compositor e Rui Costa produz e faz arranjos como ninguém. (Não tivesse sido ele um dos principais motores de arranque para o sucesso estrondoso dos Silence 4). As músicas no seu todo eram bem conseguidas e conseguiam a proeza de suplantar a voz de Nuno Norte.

"Por Mão Própria" consegue derrapar em tudo o que o primeiro trabalho homónimo alcançou. Todo o alinhamento parece demasiado forçado, cansativo e, acima de tudo, repetitivo. O CD parece uma só música que se arrasta nas suas fórmulas gastas. Quem ouviu o primeiro álbum não obtém nada de novo, pelo contrário, é tudo uma pálida cópia do que já fizeram. As influências tornam-se também elas intrusivas, ficando a sensação de que estamos a ouvir uma nova versão da Ala dos Namorados, ou reminiscências de Rui Veloso e Sérgio Godinho nos anos 80. Filarmónica Gil precisavam de se reeinventar. De se actualizar. De empolgar os seus fãs com algo de diferente. Não o fizeram.

Mónica Ferraz (Mesa) dá o único toque interessante, na música "Eu disse que sim", ficando ainda assim muito mais por explorar. Nem as letras de João Gil salvam "Por Mão Própria" do despiste fatal.

A descontracção dá lugar a uma enorme patetice e este acaba mesmo por ser um álbum a evitar.

posted by not_alone @ 1:16 da tarde   2 comments
quinta-feira, março 15, 2007
Ensaio sobre a Cegueira no Cinema - novidades
Há algum meses foi noticiado que a obra-prima literária Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago ia ser adaptado para o cinema pelas mãos de Fernando Meirelles, o homem por detrás de Cidade de Deus e o Fiel Jardineiro.

Na altura, existiam ainda algumas dúvidas se o filme seria falado em inglês ou em português, dúvidas essas que agora se dissipam: o filme produzido pela Focus Feature Internacional vai ser falado inglês. No entanto, esta não é a notícia do dia. O grande destaque é que já foram escolhidos os actores principais. Eles são:

Daniel Craig, o novo Bond, não têm, na minha opinião, grande perfil para o papel. O médico de Ensaio sobre a Cegueira é alguém mais velho, de meia-idade e simples fisicamente, sem ser frágil. Craig dará uma robustez e um músculo a uma personagem que definitivamente não os tem. Quanto a Julianne Moore ser a grande heroína da história, parece-me uma escolha acertadíssima. De facto, esta grande actriz tem todo o potencial para conseguir unir emoção com a coragem e a determinação da personagem… Não sei porquê, mas algo que me diz que ainda vamos ouvir falar muito deste papel de Julianne Moore….
posted by P.R @ 6:01 da tarde   5 comments
quarta-feira, março 14, 2007
Tintin no Cinema

Steven Spielberg já há muito tempo tinha manifestado o seu interesse em transpor para o cinema as aventuras de Tintin. Já em 1982 o realizador de E.T tinha revelado a Hergé a sua vontade em adaptar o herói ao cinema. No entanto, Hergé, apesar de querer ver a sua personagem no grande ecrã revelou algum receio que Spielberg não reflectisse a universalidade de TinTin e o tornasse num produto americano. Depois da morte de Hergé as conversações com os seus familiares continuaram durante anos até que neste semana a Sociedade Moulinsart, que gere os direitos da obra de Hergé, anunciou a pré-produção de uma série de filmes baseados nos livros de Tin Tin com os estúdios da Dreamworks de Spierlberg.

A questão que se colocou foi: deveria as aventuras de TinTin ser retratadas em animação ou com actores reais? Pelos vistos e de acordo com as últimas informações, escolheram a segunda hipótese e até já se fala em Leonardo DiCaprio para protagonista. Quanto a mim quem seria um excelente TinTin, em virtude de fazer muito bem a ponte entre o lado mais criança da personagem e a vertente mais adulta é:


E vocês? Quem escolheriam para ser Tintin?
posted by P.R @ 3:26 da tarde   6 comments
domingo, março 11, 2007
Grandes Momentos | Manhattan
Caros leitores do Take a Break, por decisão da equipa, resolvemos fundir as rubricas Vídeo da Semana e Grandes Momentos numa só. Assim sendo, e tal como já havia sido feito pelo not_alone anteriormente (em relação ao Dancer In The Dark, esta escolha que se segue vai também um pouco nesse espírito. Espero que gostem :-)


Uma das piores coisas que me podem perguntar é qual é o meu filme de eleição. Tal como acontece com muitos de vocês, calculo, tratar-se de algo quase impossível de responder. Apesar de tudo, há títulos que me vêm de imediato à cabeça, e Manhattan é certamente um deles. Perfeito a todos os níveis, penso tratar-se da obra máxima de Woody Allen, e aquela que é mais querida. E a sequência inicial é, provavelmente, a que mais arrepios me provoca, independentemente de já a ter visto dezenas de vezes e a conhecer de cor. O preto e branco de Gordon Willis, os edifícios, a música de Gershwin, o fogo-de-artifício, e as palavras de Woody Allen carregadas de amor pela sua cidade de sempre... Para aqueles que, tal como eu, adoram cada fotograma deste filme, aqui fica esse grandioso momento. Para aqueles que não conhecem, é bom que depois de verem isto tratem de ir a correr para o video clube mais próximo.


Senhoras e senhores... Manhattan!


posted by Juom @ 12:11 da tarde   3 comments
sexta-feira, março 09, 2007
Dupla Improvável

Clint Eastwood está já em avançadas negociações para dirigir Angelina Jolie no drama de suspense The Changeling. No filme, que começará a ser rodado este ano, Jolie desempenhará um papel de uma mãe que vê o seu filho ser raptado. Abrindo uma verdadeira caça ao homem, a mãe consegue resgatar a criança mas, gradualmente, começa a verificar que algo está errado e que a criança já não é aquela que outrora conheceu.

A sinopse do filme a mim não me entusiasma muito. No entanto, Eastwood já mostrou que consegue transformar as mais banais histórias em verdadeiras epopeias humanas. Fico então a aguardar com entusiasmo este projecto e Angelina Jolie, depois de Tom Raider e outros tais, parece que, após The Good Sheperd, quer começar a puxar dos seus galões e provar porque razão é já uma galardoada com um dos prémios mais cobiçados pelos actores: o Oscar.

posted by P.R @ 2:38 da tarde   2 comments
quinta-feira, março 08, 2007
The Curse of the Golden Flower


Vindo do mesmo realizador de filmes muito bem recebidos pela crítica mundial, House of Flying Daggers e, principalmente, Hero, todo o ambiente que circundava The curse of the golden flower prometia um filme grandioso. Tendo nas suas fileira a portentosa Gong Li, o filme é, até à data a mais cara produção chinesa de sempre, e, visto o filme, percebe-se onde se gastou o dinheiro: na direcção artística, guarda-roupa e efeitos especiais. O problema é que tudo se esgota aí.

Retratando a Dinastia Tang, o filme começa com a apresentação da imperatriz, do imperador e dos seus três filhos, embora apenas os dois mais novos sejam comuns. Estando a ser envenenada diariamente pelo marido, que a quer levar à loucura, a imperatriz começa a desenvolver sentimentos menos maternais em relação ao seu enteado, o príncipe-herdeiro, o que propiciará toda a narrativa e desembocará no dia anual festivo dos crisântemos.

O enredo, como se constata, é deveras interessante e prometia um filme épico. No entanto, toda a profundidade e conteúdo do filme são anulados pela sua excessiva produção . De facto, durante largos minutos somos completamente contaminados com uma paleta de cores, e um adornar asfixiante das personagens que em nada ajuda o desenvolvimento da narrativa. Se a produção de um filme costuma ser o enquadramento para a história do mesmo, em The Curse of The Golden Flower há claramente uma subserviência do argumento em relação à produção artística. Se tal não bastasse, a verdade é que o filme é pautado por uma tal megalomania que as sequências de acção são tudo menos credíveis, e, contrariamente ao que esperado, entediantes. O pior é que o embaraço das cenas de acção é tão grande como a anorexia dos momentos dramáticas do filme que, apesar de uma Gong Li esforçada, não consegue emocionar e tocar ninguém.

Personagens vazias, sequências de acção deprimentes, direcção artística excessivamente barroca, densidade emocional nula: The curse of the golden flower - a desilusão do ano.


P.S - Não obstante a desilusão, Zhang Yimou, foi acusado de plágio na sessão anual do Conselho Consultivo Político do Povo Chinês. O presidente da Associação Chinesa de Literatura Teatral e membro do Conselho Consultivo chinês, Wei Minglun, assegurou que este filme foi baseado no romance dramático oriental «A Tempestade», que Yimou não menciona. Enfim, mais uma notícia triste a juntar à frustação sentida depois do filme.
posted by P.R @ 1:43 da tarde   3 comments
quarta-feira, março 07, 2007
Bloc Party | A Weekend in the City

“Silent Alarm”, o album que os Bloc Party editaram em 2005 foi das mais refrescantes descobertas da nova vaga de bandas de rock alternativo. Ao vivo espalharam a sua energia contagiante, assim os vimos em Paredes de Coura no Verão passado (voltam este ano para um concerto em Lisboa e uma actuação no festival Super Bock Super Rock). O segundo álbum chegou às lojas em Fevereiro último, embora já andasse a circular pela Internet desde Dezembro. Nele os Bloc Party enveredam por caminhos mais sombrios. A festa deu lugar à amargura e à ressaca. É o mal da juventude contemporânea. Uma juventude com um pé na imposição da idade adulta e outro nos excessos de adolescência.

Mesclando influências artísticas variadas, os Bloc Party legam-nos com “A Weekend in the City” um álbum mais difícil e menos imediato que o anterior. Se “Silent Alarm” era amor à primeira audição, era disco de rodar vezes sem conta sem fartar, o novo trabalho requer algumas audições para o podermos sentir realmente. As batidas frenéticas e manifestações de prazer inconsequente do primeiro disco cederam lugar ao tormento nocturno, às pontadas da consciência, às dificuldades de sobrevivência moral na metrópole. Menos bateria e mais guitarra, há sons que lembram os Coldplay do primeiro álbum, há sons que retomam o que de menos festivo havia no anterior de originais dos Bloc Party.
É preciso ver a beleza desarmante de um verso como “I love you in the morning / When you’re still hang over” (canção “Sunday”), é preciso que a asfixia das bruxas urbanas da vida se aposse de nós (“Fear will keep us safe in place” – dizem à segunda faixa), preciso constatar a obsessão cega pelo sucesso (oiça-se “The Prayer”). Neste álbum mergulhamos num universo bem mais desencantado… “So I enjoyed and I devoured / Flesh and wine and luxury / But in my heart / I am lukewarm / nothing ever really touches me” (primeira canção).

Não se deve encarar este album pela via da crise do segundo trabalho mas sim como uma redefinição de fronteiras da música dos Bloc Party, a procura de um espaço de exposição mais total e menos camuflado pelo vício do som (“I have decided / At twenty-five / That something must change”). Aqui é o vício da vida. Fascinante para alguns, de fugir para outros. É ouvir e sentir. “The search continues”. Sejam bem-vindos de volta.

posted by Anónimo @ 11:40 da manhã   3 comments
Notes on a Scandal

Notes on a Scandal foi recebido com críticas moderadas tanto nos EUA como em Portugal. Apesar das suas quatro nomeações aos Oscars, a verdade é que parece que poucas pessoas lhe deram o benefício da dúvida a este filme. Tendo visto e pensado este filme, ocorrem-me três apontamentos:

Primeiro:
grandes, grandes interpretações por parte de Dench e Blanchett. Nomeada (justamente!) ao Oscar de melhor actriz principal, Judi Dench tem uma performance irrepreensível conseguindo, já com os seus adiantados anos, transmitir com um olhar toda a luxúria e obsessão da sua personagem. Blanchett vai igualmente bem no papel de uma dona de casa que procura alguma adrenalina na sua vida, e tem, até à data, uma das melhores cenas deste ano de 2007.

Segundo:
Apesar de um parco desenvolvimento de algumas personagens, o argumento de Patrick Marber consegue ser inteligente o suficiente para prender o espectador durante todo o filme. Fazendo uma aposta arriscada, uma vez que introduz a questão principal do filme logo aos 20 minutos, a verdade é que a digestão dessa situação está bem conseguida.

Terceiro:
uma banda-sonora absolutamente fantástica. Nomeada ao Oscar, esta partitura teria sido, a meu ver, o justo vencedor, uma vez que Philip Glass molda a sua música às várias personagens e às diferentes situações o que ajuda, de forma exímia, na construção do crescente ambiente de tensão.
Concluindo, Notes on a Scandal merece uma ida ao cinema.


posted by P.R @ 10:40 da manhã   3 comments
segunda-feira, março 05, 2007
Mais nomes para o Super Bock Super Rock 2007




Depois dos Arcade Fire, não era preciso saber mais nenhum nome para ir dia 3 de Julho ao festival lisboeta. Mas, ainda assim não deixo de ficar extasiado com a confirmação de Bloc Party para o mesmo dia.

É este o cenário do Super Bock Super Rock neste momento:

28 de Junho

Metallica

3 de Julho
Arcade Fire
Bloc Party
Bunnyranch
The Gift
Klaxons
The Magic Numbers
posted by not_alone @ 5:13 da tarde   3 comments
sábado, março 03, 2007
Vídeo da Semana | Arcade Fire | Neighborhood #2 (Laika)

Para ti. Para mim. Para nós. Para todos nós que vivemos isto a cada audição. Porque este vídeo é muito bom. E também para celebrar a notícia do concerto em Lisboa!

posted by Anónimo @ 12:36 da tarde   0 comments
quinta-feira, março 01, 2007
Filme do mês
O mês de Fevereiro marca o início de mais uma rúbrica. No final de todos os mês, os membros do Take a Break escreverão um pequeno paragráfo sobre o filme que consideram, dadas as várias estreias, ser o melhor. Passemos então aos filmes destacados neste mês de Fevereiro



Uma fotografia do filme mais destacado este mês

Ana Silva | The Good Sheperd

"Considerando as estreias a que assisti este mês, custa-me escolher entre Little Children e The Good Shepperd. No entanto, julgo que o segundo me cativou um pouco mais, marcou mais, surpreendeu mais. O Bom Pastor é um filme denso, envolvente, onde a trama se desenrola de forma perfeita: ora mais acelerada, transmitindo-nos a adrenalina da acção, ora mais lenta, obrigando-nos a digerir o pensamento e as emoções. O resultado é a fusão de um argumento crítico e inteligente, e de uma grande realização, onde os desempenhos dão ao filme um carácter mais-que-perfeito. Matt Damon tem aqui um dos seus melhores papéis: Mr. Edward Wilson - uma personagem real, profundamente bem construída, agoniante. "

H.| Letters of Iwo Jima

"Letters From Iwo Jima" é tão mais extraordinário quanto nos vamos apercebendo da sua dimensão de exposição das cruezas da guerra com um olhar de desencanto perante tanto absurdo. Eastwood respeita as causas e as pessoas mas sabe bem articular tudo isso com a explanação da amargura e da injustiça em que radicam as experiências bélicas. Situações em que se perdem razões e sentidos e em que se perde também o coração humano. "

not_alone | Letters of Iwo Jima

"Clint Eastwood tem vindo a provar nos últimos anos que não consegue fazer maus filmes. Letters Of Iwo Jima é mais uma brilhante obra sobre a complexidade humana. Os preconceitos e estereótipos são deitados por terra, tendo como fundo a batalha de Iwo Jima. Mais do que um simples filme de guerra (que ainda assim cumpre essa meta com distinção) é um filme com personagens de uma profundidade avassaladora e com uma alma maior do que a própria guerra em si. Tal como em Million Dollar Baby, o realizador explora de forma exímia o confronto que existe dentro de cada indivíduo. Iwo Jima não é uma batalha entre dois opostos. É uma batalha interior. "

Paulo | Bobby

"Num mês dominado pelas estreias dos aclamados (e nomeados) Little Children e Letters From Iwo Jima, convém não esquecer também essa grande surpresa que é Bobby, o filme de Emilio Estevez largamente inspirado pelo cinema de Robert Altman, sobre o assassinato do senador Kennedy e algumas vidas que com ele se cruzaram nesse dia fatídico. Um filme profundamente americano, verdadeiramente tocante e bastante mais actual do que possa à partida parecer."

P.R | Letters of Iwo Jima

"O mês de Fevereiro marcou a estreia daqueles que são, para já, os melhores filmes de 2007: Letters of Iwo Jima, Little Children e Good Sheperd. No entanto, destes 3 apenas um é uma verdadeira obra-prima: Letters of Iwo Jima. O novo filme de Eastwood é um filme de guerra diferente e brilhante. Com um ritmo pausado mas sentido, o filme ultrapassa o prodígio técnico (que marcou The flags of our fathers) e imprime uma densidade dramática absolutamente extraordinária. Sendo um (não será o último?) realizador descendente do classicismo cinematográfico de Hollywood, Clint constrói mais um filme notável. E, perdoem-me os seguidores de Scorsese, devia ter sido Clint Eastwood a sair do Kodak Theater com os Oscar de Melhor Realizador e Melhor Filme. "
posted by P.R @ 7:17 da tarde   3 comments
Arcade Fire no SBSR

Eles vêm cá. E mais não digo, que ainda estou como a própria banda na imagem.
posted by not_alone @ 1:57 da manhã   7 comments
 

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