domingo, dezembro 03, 2006
Crítica Externa | The Killers | Sam's Town por Miguel Baptista
Integrada na rúbrica "Take a Break abre as portas" eis que surge o primeiro texto de um dos nossos leitores e amigos : Miguel Baptista. Para sempre um membro do Take a Break, o Miguel abre assim as hostes, esperando nós que este seja a primeiro de muitos textos. Já sabem que se quisserem podem os enviar para takeabreak.mail@gmail.com. Ao Miguel, um obrigado.



Sejam bem-vindos a Sam's Town.

Os americanos mais britânicos da indústria discográfica estão de volta, depois do espantoso Hot Fuss, propondo uma viagem a Sam's Town, que fisicamente se trata de um casino na cidade natal da banda, Las Vegas, mas como espaço para a construção do disco é algo mais. Antes de mais, começamos com uma breve introdução sobre esta tal Sam's Town. "I see London, I see Sam's Town", diz Brandon Flowers. Chegados a este local, são-nos dadas as boas vindas, e está prometido o álbum do ano, promessa que, infelizmente, nunca chega a ser cumprida, apesar de não andar tão longe como isso.

Este novo álbum da banda norte-americana é marcado pela sua notável maturação, que faz crescer e edificar alguns valores ainda tímidos no trabalho anterior. Aqui, a voz tímida de Flowers de "Mr. Brightside" desaparece para dar lugar a um opera-rock, onde a componente vocal enche grande parte da música. Recuperando grande parte da herança do rock progressivo dos anos 80, os The Killers adoptam também eles uma imagem mais adulta, e uma postura assumida de quem pretende conquistar os ouvidos do mundo. Assim é desde logo prometido com o primeiro single do álbum, "When You Were Young" (música que, insisto, me lembra demasiadas vezes António Variações), que se revela uma mistura refrescante de energia contagiante e actual, apesar da sua sonoridade rudimentar, que depressa se entranha no ouvido e dificilmente de lá sai, pelo menos por algum tempo.

Uma surpresa particularmente agradável é a realização do vídeo do segundo single, "Bones", a cargo de Tim Burton, onde esqueletos dançantes enchem o televisor e onde se nota um dedo de mestre, quer no seu humor quer na sua bizarria. É também esta música um dos pontos de maior interesse do álbum, e uma ponte sólida para a recta final deste, que é particularmente inspirada.
Pelo meio ficam "Bling (confession of a King)", "My List", "Read My Mind" ou "This River is Wild", para referir alguns dos momentos mais particularmente inspirados, a acrescentar aos já referidos acima. Mas a mais interessante magia desta nova experiência dos The Killers reside precisamente na sua estranheza aparente. Estamos perante um caso em que primeiro se estranha, mas depois se entranha. Só é pena que estando entranhado, não dure tanto tempo como seria desejado. Contudo, é bom enquanto dura, e extremamente viciante; e na sua doce simplicidade consegue ser uma cativante forma de música, ainda que não chegue às andanças de ser colocado no altar e ser relembrado daqui a meia dúzia de anos, como de resto aconteceu com "Hot Fuss". Fica antes registado como um digno sucessor deste.

Classificação:


Miguel Baptista

posted by P.R @ 1:30 da tarde  
4 Comments:
  • At 2:45 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Meu caro Miguel,
    bem-vindo de volta para esta crítica externa!
    Os Killers, bem... o meu comentário a este disco está no antípoda do teu, lol.
    Em primeiro lugar devo frisar a tua coragem em criticar este álbum, algo que eu não fui capaz de fazer, tamanha foi a desilusão.
    Hot Fuss foi um álbum espantoso, que ainda hoje nunca me canso de ouvir. Um dos mais viciantes trabalhos do rock alternativo com pinceladas 80s que proliferou nos últimos anos. Mas este Sam's Town é, a meu ver, um falhanço inexplicável. Acho que preferia se eles tivessem feito mais do mesmo bem, como aconteceu com os Franz Ferdinand do que tivessem mudado tanto de registo para pior. Resultado, um disco banal, frustrante, chato, inconsequente, esquecível. Tem uma ou outra canção melhor, como "For Reasons Unknown" ou "Uncle John" e, claro, um clip do Burton.
    Mas os Killers que figuram entre os meus favoritos são os de Hot Fuss. Não estes. Estes não os conheço... Sam's Town foi para mim a desilusão do ano.
    Se comparado com regressos felizes, como o 3º disco dos Strokes, este Sam's Town fica muito aquém do esperado... Até tenho um certo medo do próximo de Bloc Party tamanho é o perigo de desvirtuamento...

    (mas naturalmente que iria a correr comprar o bilhete se os Killers dessem cá um concerto...)

     
  • At 3:28 da tarde, Blogger gonn1000 said…

    Não acho nem "Hot Fuss" tão bom nem este "Sam's Town" assim tão mau, embora seja pior do que o seu antecessor. Desta vez os Killers perderam alguma da sensibilidade pop que continham no primeiro registo (nos singles, sobretudo) e enveredaram por territórios sonoros duvidosos que não precisavam de ser revisitados. O resultado é tolerável, mas longe de memorável.

     
  • At 8:01 da tarde, Blogger Johnny Kagyn said…

    Olha eu também sou fãn do HOT FUSS, e também estranhei (leia-se ODIEI) SAM'S TOWN num primeiro momento. E realmente existem duas ou três canções que fiz questão de DELETAR do álbum. Mas não posso definir com nada menos que maravilhosas as CANÇÕES SOBREVIVENTES. O primeiro single é daquelas músicas simpáticas (mas que nunca chegam a ser mais que isso), o segundo single (clipe do Burton) tem uma energia, uma magia (usada até em comercial de celular) que simplesmente emocionam, e isto sem falar nas já citadas "My List", "Read My Mind","For Reasons Unknown","Uncle Johnny" e principalmente a GENIALMENTE EXECUTADA "THIS RIVER IS WILD".
    Concordo com o artigo. Não é o álbum do século, mas é uma das melhores coisas lançadas por estes tempos. É, no mínimo, uma ponte muito animadora para o terceiro álbum. Dêem chance para SAM'S TOWN, eu retornei e não me arrependi.

     
  • At 5:35 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    penso que hot fuss foi genial, um album perfeito e que este nao fica nada atras so que mostra uma grande evoluçao dos the killers que ate pode causar estranheza mas apesar de tudo nao significa decrescimo nenhum. queria dizer ainda que nao gosto que os critiquem porque sou fanatico por eles e porque apesar de tudo eles produzem a melhor musica que anda por aí e por isso acho que muitos criticos deviam perseguir certas bandas piores que eles(bem assim sao quase todas)...Força the killers continuem assim

     
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