terça-feira, julho 21, 2009
Optimus Alive! O triunfo dos secundários
Num ano em que o cartaz não foi particularmente brilhante, o Optimus Alive!, que conta apenas com três edições, já se afirmou como um dos mais interessantes a nível nacional. Se o ano passado estava recheado de bandas, ícones e monumentos da música, este ano havia mais espaço para respirar e deambular pelo recinto sem programa definido.


1
O recorrente "dia metaleiro", que marca presença em muitos festivais, abriu as hostes do Alive! deste ano, no palco principal: Ramp, Mastodon, Lamb of God, Machine Head, Slipknot e Metallica. Não é a minha praia, não vou extender-me portanto a falar do que não sei. De qualquer forma, como nota pessoal, Mastodon acabaram por superar a concorrência e dar um espectáculo de rock, mais do que só um espectáculo de luz, cor e adereços...



Infelizmente, perdi tudo o que se passava neste dia no palco Optimus Discos. O que me leva a comentar a verdadeira necessidade de um 3º palco com bandas, em simultâneo com os dois palcos já existentes. Quanto a mim, o formato "ilha de dança" que apresentaram o ano passado funcionava melhor, mesmo em termos visuais.

A alternativa ao metal, encontrava-se no palco Super Bock. E a primeira surpresa chega com Delphic que lançam o mote deste palco secundário para os dias que se seguiam... Electro-Rock! Os sons alucinados de Madchester misturam-se com a sonoridade brit-pop com uma pitada de revivalismo rock e é festa garantida.



Air Traffic é banal e TV On The Radio não vive à altura do hype que os rodeia. Klaxons, por seu lado, crescem ao vivo e acabam por (correndo o risco de ser espancado pelos amantes do metal) dar o melhor concerto da noite.



Os Metallica acabam de dar o seu concerto ao mesmo tempo que Mr Mitsuhirato termina o seu set list. Mas ainda há vida no palco Super Bock e acaba por ser Erol Alkan a agitar quem ainda vai resistindo ao primeiro dia de Alive!

2
No meio é que está a virtude e, o Alive! não é excepção. O 2º dia de festival acabou por ser o melhor, mesmo que de forma discreta...

Placebo e partes de Blasted Mechanism foi tudo o que vi no palco principal. Prodigy passaram-me ao lado, estava ocupado nos The Ting Tings. Blasted são animação garantida em qualquer festival e nunca desiludem. Placebo, por seu lado, mostraram um lado cansado, envelhecido e pouco relevante. Dos primeiros dois álbuns pouco se ouviu (do primeiro não chegaram a tocar nenhuma música) e insistiu-se no novo Battle For The Sun, ainda demasiado verde ao vivo. Sentiu-se saudades dos Placebo impertinentes dos anos 90.

No palco Optimus Discos vi a primeira música de Coldfinger. E foi o suficiente para querer voltar a ouvir Margarida Pinto a solo.

O palco Super Bock era o sítio a estar durante todo este dia. Infelizmente perdi Late of the Pier, John Is Gone, The Gaslight Anthem e - dizem alguns, os melhores da noite - Hadouken! Pela positiva, comecei no palco secundário com aquele que ia achar o melhor concerto dos três dias de festival: Does it Offend You, Yeah? Voltamos ao Electro-Rock, ao puro talento dos britânicos para fazer música crua e revolucionária e à consagração do palco secundário como o ex-líbris de um Optimos Alive! sem os monstros das edições anteriores.



Seguiram-se os andrógenos Fisherspooner e o seu Electro (aqui mais Pop do que Rock) e os apetrechos visuais que os tornaram numa das bandas mais interessantes de, literamente, ver. A noite acabava com Zombie Nation, mas as pernas pediam descanso depois de tanto dançar no acelerado concerto dos The Ting Tings.




3
Um concerto desta digressão de Chris Cornell pode ser apelidado de esquizofrénico. Entre Audioslave, Soundgarden e a sua carreira a solo, somos levados para 3 estilos bem diferentes que chegam mesmo a ser incompatíveis. Talvez esteja a ser conservador, mas o grunge e hip-hop de Timbaland não pertencem no mesmo espaço. De qualquer forma, Chris Cornell é um frontman carismático, com uma voz dos diabos e que, quando aposta na vertente rock ainda nos deixa de boca aberta. Seguiu-se a irritante actuação dos Black Eyed Peas, que tiveram o seu momento mais alto quando passaram alguns excertos de músicas de Michael Jackson. O mais baixo, por outro lado foi quando Fergie decidiu que devia cantar Big Girls Don't Cry, do seu álbum a solo. Erro crasso. E os meus ouvidos ainda se queixam. Finalmente, Dave Matthews Band. A legião de seguidores e o pseudo-culto que se gerou à volta deles escapa-me por completo e aborrecidos é a melhor forma que encontro para os descrever. Não duvido que os fãs tenham gostado do concerto, eu ao fim de algumas músicas decidi ver o que se estava a passar noutros lados.



O palco Optimus Discos foi demasiado pequeno para os Linda Martini e o seu rock intimista. A banda tem uma coerência em palco avassaladora, partilham irmãmente o protagonismo e foi bonito ver a forma como acabaram o concerto, todos virados para o centro do palco numa comunhão rara de amor pela música que fazem. Nós agradecemos e esperamos pelo próximo ano, já num espaço à sua dimensão.



Los Campesinos mostraram como se faz uma festa no palco Super Bock e Lykke Li espalhou charme. Ghostland Observatory e o seu electro foram a banda sonora da minha despedida do Alive! 09.



Mesmo com algumas deficiências o Alive! conseguiu mostrar porque merece a nossa atenção e como, em apenas três anos e uma boa organização, se destrói o espaço que pertencia ao Super Bock Super Rock [que, este ano acabou de assinar a sua morte] Fica só o meu apelo: Para o ano queremos os Radiohead!!! Não os deixem ir parar ao Rock In Rio!

Créditos das imagens: vousair/festivaisdeverão
posted by not_alone @ 4:48 da tarde  
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