quarta-feira, junho 21, 2006
Nelly Furtado | Loose

Quando ela dizia But now I’m just too mainstream for you, oh no! em “On the Radio” do primeiro álbum, apetecia responder: ainda não, mas vê lá não te corrompas! Neste «Loose», seu terceiro trabalho, Nelly Furtado demonstra como se tornou definitivamente demasiado mainstreem, pelo menos para mim.

Cantora de sonho e de vocação, esta canadiana de ascendência portuguesa edita em 2000 «Whoa, Nelly!», disco solar e ainda um pouco verde, mas que entrevia uma artista versátil, capaz de misturar estilos e emergir como algo verdadeiramente original. Mas ser menina de MTV tem o seu preço e esse experimentalismo irresistível de canções como “I Will Make You Cry” ou “Party” não evoluíram para um som ainda mais próprio mas para uma progressiva aproximação a um estilo mais comercial. Esta mescla tão própria entre sonoridades distintas que a tornava única de entre tantas vozes femininas perdeu-se. É verdade que a escolha dos seus singles nunca foi muito acertada. “I’m Like a Bird” é provavelmente a pior canção do seu primeiro trabalho e de certa forma desviou as atenções de “On The Radio” e “Turn Off The Light”, “Folklore”, tema homónimo do segundo disco era promissor mas logo se seguiu o inenarrável “Força”.

Com «Loose», Nelly Furtado aproxima-se mais do hip-hop, nomeadamente ao trabalhar com Timbaland (oiça-se a vulgar “Promiscuous”), colaborador de Missy Elliott (com quem Nelly já grava uma interessante versão de “Get Ur Freak On”), e da música electrónica, não olvidando baladas que deixam muito a desejar. O resultado é o seu disco mais fraco, uma completa anulação da singularidade de Nelly Furtado em prol de música “que vende”, temas dançáveis que não são péssimos mas são claramente mais do mesmo. A colaboração com Juanes, que legara o melancólico “Fotografia” é aqui seguida pelo foleiro “Te Busque” e a língua portuguesa que ela homenageara de forma intermitente nos anteriores trabalhos é aqui secundarizada face ao castelhano.
Resultado: um disco banal, que desaponta sobretudo quem acreditou que Nelly Furtado podia ter cultivado orgulhosamente a sua diferença ao invés de se vergar sobre as imposições estilísticas da música comercial.

A minha sugestão: redescobrir «Whoa, Nelly!», esse auspicioso início, perdermo-nos na multiplicidade de sons e esquecer o sentido (ou falta dele) que tem hoje o nome Nelly Furtado.

posted by Anónimo @ 3:24 da tarde  
7 Comments:
  • At 4:06 da tarde, Blogger not_alone said…

    Concordo plenamente com tudo o que disseste. Se bem que eu gosto da Força. Fazia sentido na altura que surgiu e para o propósito que serviu, que foi de banda sonora ao europeu 2004. De resto, já tinha achado o 2º cd bastante inferior comparativamente ao 1º este então é tudo menos a Nelly Furtado que falavas. Amistura de culturas e de sonoridades que tão bem descreveste em Whoa Nelly! aqui não são mais do que miragens e, definitivamente, para ser alguém no mundo MTV tem de se fazer parelha com Timbaland, The Neptunes ou Pharrel. (que no fundo é tudo o mesmo)

    A minha esperança é a de que a moda do Hip-Hop, como qualquer outra moda, desapareça sem deixar rasto.

     
  • At 8:05 da tarde, Blogger not_alone said…

    Devo deduzir então que esta febre do mundial te passe ao lado também? Não acho bem. O cascolzinho, a bandeirinha, já é quase tão português como o galo de barcelos :P

     
  • At 9:15 da tarde, Blogger gonn1000 said…

    Não concordo muito. Acho que as baladas são o elo mais fraco, mas a aproximação à electrónica e ao hip-hop parece-me bem sucedida. Ainda não sei se é um bom disco, mas não é mau, e não acho que seja pior do que os anteriores, também eles irregulares.

     
  • At 8:29 da tarde, Blogger Daniela said…

    Eu também acho que depende muito dos gostos de quem ouve. Sou fã da Nelly desde o 1o albúm e a 1a vez que ouvi este fique tipo "O que é isto?" Não é que não tenha gostado mas achei completamente diferente dos cds anteriores. Fiquei espantada, não é o meu favorito mas gosto. Está mais hip hop mas não está tão fútil como o hip hop actual. Só tenho pena de não haver nenhum single em português e de haver logo dois em espanhol...

     
  • At 10:07 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Algumas coisas que tu disseste T~em algum fonte de coerencia, porém, eu penso que a Nelly foi obrigada a fazer este album, assim mais urbano, mais comercial, já que Folklore foi um fracasso comercial. A nelly teve que se fazer impor num mundo comtetivo como é o da musica! A nelly neste album não esqueçe o portugues, podes ouvir a musica com os Da Weasel!Acrescento que a produtora a proibui de cantar em portugues já que não é uma lingua que venda muito! No album há claramente musicas muito pouco comerciais, feitas até, na minha opinião, demasiado pessoais (In God's hands). Afraid é outra musica que prima pela originalidade! Wait for you é uma musica oriental! Não é isto uma artista muito boa?? As cantoras POP, frizo, POP têm que ser um Pouco ou tanto COMERCIAIS.

    Para além disso eu acho que neste album ela também mostra que é bem verstil. Ela tem musicas que nunca tinha cantado como é o caso do reggetton, do Hip Hop reppado. Etc.

    Aconselho-te a ouvires All the Good things!

     
  • At 6:04 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Sempre gostei das musicas da nelly e digo que tambem fiquei bantante surpresa com este cd...que apesar de ser muito diferente dos anterios n deixa de ser um CD com QUALIDADE e INTERESANTE! Se nelly teve de se "vender" para que tivesse mais sucesso e porque talvez as suas anterios musicas n se adptavam! e se assim foi e porque algo estava errado...como ja disse para mim as musicas da nelly sempre foram mt boas e continuam a ser apesar desta versao mais hip hop que no entanto como ja alguem referiu e um hip hop com mais significado e n tao vazio! Deviam era se preocupar com cantoras como britney spears e d'zrt pois esses sim tem musicas pobres e sem significado algum(vejam o caso dos d'zrt que nem se deram ao trabalho de produzir musicas novas)! Para aqueles que n perceberam o significado da musica Força deixo a minha pena...porque o single Força foi criado para "servir" aquela ocasiao e n para ser tomado como uma musica degradante a n ser que axem que apoiar o nosso país seja degradante! E eu n vejo nada de mal em cantar o hino, levantar a bandeira e dizer Força Portugal!

     
  • At 1:52 da manhã, Blogger C A said…

    Concordo que Loose seja mais comercial, mas também concordo que a rapariga é versátil e este álbum está muito fixe, na minha opinião está.

    P.S.: uma coisa é apoiar a selecção, outra coisa é apoiar Portugal.
    Apoio Portugal, mas não apoio a selecção, o país não está em boas situações económicas por isso não posso apoiar um desporto que deixou de ser desporto para gastar o dinheiro dos portugueses pra pagar a gente analfabeta que a única coisa que sabe fazer é dar uns chutos..

     
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