domingo, fevereiro 26, 2006
Transamerica


Como é que sabemos se o corpo que temos é ou não o corpo certo para nós? Em que altura da nossa vida nos conseguimos rever num determinado corpo, numa forma, num rosto? E até que ponto é que somos suficientemente fortes ou corajosos para admitirmos que não somos este corpo, que nos sentimos presos nele, enclausurados numa massa que não é nossa nem faz parte de nós?

Transamerica faz-nos pensar nisso tudo, no corpo como ponto de partida para a vida em sociedade, nas diferentes maneiras de ser, através da brilhante Felicity Huffman que desempenha Bree de uma forma simplesmente fantástica. Neste filme, Bree faz-nos pensar no dilema, no sofrimento e na angústia que coexistem num transsexual e, mais do que isso, faz-nos perceber a ansiedade e a importância da derradeira operação, como o grande sonho de qualquer pessoa que pretende unicamente encontrar-se, a si mesma e ao mundo.

No entanto, não me parece que Transamerica seja um filme sentimentalista ou até mesmo dramático. Na verdade, o filme deixa transparecer uma certa leveza com que a transsexualidade deve ser encarada, através de um registo mais cómico que é, de novo, brilhantemente conseguido por Bree, sempre um pouco desajeitada em situações menos próprias. Contudo, o tema é tratado ao longo do filme com seriedade e dignidade, principalmente através do apelo constante aos sentimentos dos dois personagens principais, Bree e Toby (Kevin Zegers), que transparecem a busca de ambos pelo seu caminho e pelos seus sonhos.

Assim, é impossível ver este filme sem por vezes cair na tentação de o reduzir à fabulosa interpretação de Felicity Huffman. É impossível deixarmos de pensar no seu desempenho tão perfeccionista, conseguindo absorver toda a nossa atenção e fazer-nos render ao seu carisma. Pela sua voz, pelo andar, pelo ar desajeitado, pela resistência e pela força de vontade, cinco estrelas para Bree Osbourne.


Classificação:
posted by Ana Silva @ 1:26 da manhã  
2 Comments:
  • At 10:25 da tarde, Blogger Ana said…

    parece q qdo quiser ir ao cinema, venho consultar o vosso blog...coloquei neste momento este filme na minha lista...

     
  • At 11:26 da manhã, Blogger P.R said…

    A interpretação de Felicity Huffman é, de facto, brutal. Porém, o resto do filme serve apenas como suporte para a actriz brilhar, não se conseguindo afirmar enquanto um filme de qualidade independentemente da actuação da actriz. De facto, se tivermos em conta Capote, vemos que existe uma interpretação enorme do seu actor principal mas também é notório que existe filme para além de Philippe Seymour Hoffman. Nesse sentido, penso que a classificação que dás ao filme é um pouco exagerada não obstante o facto de ter uma protagonista absolutamente arrasadora.

     
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