
Como é que sabemos se o corpo que temos é ou não o corpo certo para nós? Em que altura da nossa vida nos conseguimos rever num determinado corpo, numa forma, num rosto? E até que ponto é que somos suficientemente fortes ou corajosos para admitirmos que não somos este corpo, que nos sentimos presos nele, enclausurados numa massa que não é nossa nem faz parte de nós?
Transamerica faz-nos pensar nisso tudo, no corpo como ponto de partida para a vida em sociedade, nas diferentes maneiras de ser, através da brilhante Felicity Huffman que desempenha Bree de uma forma simplesmente fantástica. Neste filme, Bree faz-nos pensar no dilema, no sofrimento e na angústia que coexistem num transsexual e, mais do que isso, faz-nos perceber a ansiedade e a importância da derradeira operação, como o grande sonho de qualquer pessoa que pretende unicamente encontrar-se, a si mesma e ao mundo.
No entanto, não me parece que Transamerica seja um filme sentimentalista ou até mesmo dramático. Na verdade, o filme deixa transparecer uma certa leveza com que a transsexualidade deve ser encarada, através de um registo mais cómico que é, de novo, brilhantemente conseguido por Bree, sempre um pouco desajeitada em situações menos próprias. Contudo, o tema é tratado ao longo do filme com seriedade e dignidade, principalmente através do apelo constante aos sentimentos dos dois personagens principais, Bree e Toby (Kevin Zegers), que transparecem a busca de ambos pelo seu caminho e pelos seus sonhos.
Assim, é impossível ver este filme sem por vezes cair na tentação de o reduzir à fabulosa interpretação de Felicity Huffman. É impossível deixarmos de pensar no seu desempenho tão perfeccionista, conseguindo absorver toda a nossa atenção e fazer-nos render ao seu carisma. Pela sua voz, pelo andar, pelo ar desajeitado, pela resistência e pela força de vontade, cinco estrelas para Bree Osbourne.
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parece q qdo quiser ir ao cinema, venho consultar o vosso blog...coloquei neste momento este filme na minha lista...