David Gale é um professor universitário abolicionista da sentença de morte que, subitamente, se vê condenado à pena capital por ter violado e estrangulado uma amiga sua, Constance, também ela activista do mesmo movimento. A quatro dias de ser executado, Gale pede a uma jornalista, Bitsey Bloom, conhecida por nunca revelar as suas fontes, que ouça a sua história e a divulgue, para assim limpar a sua honra de homem e de pai.
O primeiro aspecto que ressalta após a visualização do filme são os desempenhos femininos. Laura Linney tem mais um desempenho espantoso e é uma das melhores actrizes da sua geração. Num desempenho marcado pelos gestos lânguidos e sorriso cansado, a actriz brilha intensamente. Kate Winslet, não atingindo o brilhantismo de Linney, apresenta-se também um nível elevado, conseguindo emocionar os espectadores que, com ela, vão descobrindo os meandros de toda a situação vivida por Gale. Já Kevin Spacey apresenta-se um pouco em piloto automático sendo, na minha opinião, o elo mais fraco do filme.
Na verdade, e apesar do seu desempenho não ser mau, Spacey tinha um bom personagem para desenvolver (mérito dos argumentistas). A acção centrada no protagonista dá-lhe uma multidimensionalidade interessante que o actor deveria ter aproveitado de uma melhor forma, não obstante o facto de, por vezes, o argumento se perder em pormenores supérfluos que em nada contribuem para o filme. Noutra vertente, o argumento do filme consegue apresentar os acontecimentos de uma forma imparcial, embora nem sempre isso seja claro. De facto, é o pequeno twist final, embora previsível (como todo o filme) que confere ao filme uma maior objectividade, passando para o telespectador a responsabilidade de tirar as suas próprias conclusões. Pró ou conta a pena de morte? O filme não dá a resposta, na minha opinião. Ou melhor, o filme parece dar a resposta mas a sequência final consegue revolver as percepções com que tínhamos ficado anteriormente.
Relativamente à realização, Alan Parker (o mesmo de Evita) balança planos interessantes com outros incrivelmente excessivos e de um gosto duvidoso. Relembre-se por exemplo as cenas transitórias entre a conversa de Gale com a jornalista e as imagens do que realmente aconteceu. Já a banda-sonora não sendo excepcional, é um bom complemento às cenas mais dramáticas.
Concluindo, The Life of David Gale é um filme que cumpre de forma satisfatória aquilo a que se propõe. Dando um contributo pequeno mas importante à discussão em torno da pena de morte, a verdade é que este filme fica a anos-luz de outros que abordaram a mesma temática, como por exemplo a obra-prima Dead Man Walkig.
Classificação:


Eu não concordo muito quando dizes que o filme é imparcial. Ou que se torna imparcial no fim. Eu achei-o claramente anti-pena de morte. Mas hey, opiniões...