sábado, fevereiro 09, 2008
Filme do mês | Janeiro

Ana Silva Into the Wild

Apesar de Janeiro ter sido um mês repleto de filmes com qualidade e bons desempenhos, a minha escolha recai sobre Into The Wild, de Sean Penn. Uma verdadeira lição de vida. Quase que como um conto, na primeira pessoa, onde nos apoderamos da personagem e nos conseguimos sentir ele, como ele. Emile Hirsch revea-se fenomenal, e ao longo da sua viagem proporciona-nos momentos realmente emocionantes com as pessoas que vão surgindo no seu caminho. Esta viagem, com a banda sonora perfeita, podia ser a de qualquer um de nós – a de quem escolher ver o mundo com outros olhos, mesmo não tendo de abdicar de tudo e de todos. Não podemos, nunca, é abdicar de nós.

H. Lust, Caution

Num mês fortíssimo em termos de estreias, foi só após alguma reflexão que optei pelo último filme de Ang Lee como o grande destaque de Janeiro. Obras como The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford ou The Darjeeling Limited são também títulos incontornáveis mas Lust, Caution é um trabalho de uma perfeição imaculada. Ang Lee filma com uma segurança inabalável. Todos os planos são magnificamente conseguidos, a recriação de Xangai nos anos 40 é fascinante e há cenas brilhantemente calculadas, como o jogo inicial de mahjong ou as cenas de sexo. Ang Lee sabe como mostrar o infinito que existe nas pequenas coisas e a subtileza que existe num filme que muitos acusam de explícito não cessou de causar em mim uma enorme admiração. Grande, grande filme.


not_alone Into the Wild

Todas as grandes descobertas fazem-se nas viagens dentro de nós mesmos. Sean Penn consegue captar a essência de uma grande descoberta e da todas as consequências que daí advêm. Seja no mais simples gesto de emancipação e partida para a vida adulta longe de figuras parentais ou na difícil tarefa de ter de fazer as escolhas que nos parecem erradas em determinada altura, porque sabemos que são, no fundo, as certas no longo prazo. Into the Wild está rodeado de bons actores, de uma banda sonora composta por Eddie Vedder fabulosa e, acima de tudo, Into the Wild deixa espaço para se descobrir, longe dos mapas convencionais e de direcções estanques. Porque, no final, não é o destino que importa, é o que aprendemos na viagem.

Paulo Cassandra's Dream

É já uma das tradições do ano cinéfilo português, a estreia de um novo filme de Woody Allen em Janeiro. E este ano, Allen regressa com mais um dos seus grandes filmes, o sombrio Cassandra's Dream, um thriller de respiração clássica, que é também um primor ao nível da construção do argumento e de tensão. É, acima de tudo, um filme que se diverte a jogar com a percepção do espectador, onde nem todas as personagens são o que parecem, revelando-se gradualmente mais fascinantes e intensas com o passar dos minutos. O elenco é perfeito a debitar os sempre afiados diálogos do realizador, mas é Colin Farrell, com a sua melhor interpretação, quem mais se destaca. O primeiro grande filme de 2008.

P.R. Into the Wild

Em primeiro lugar é imperativo destacar o quão bom foi este mês de Janeiro em grandes estreias. No entanto, um deles acabou necessariamente por se destacar não tanto pelas suas qualidades artísticas (que as tem, e muitas) mas sobretudo pelo sentimento tão presente ao longo do filme. Sean Penn escreveu e realizou um dos melhores filmes do ano abordando como uma enorme sensibilidade a história Christopher McCandless um jovem que abandona tudo pela procura da natureza. De destacar ainda o excelente leque de actores secundários, a colossal interpretação de Emile Hirsch e o seu belíssmo statement final: “Happiness is only real when shared”.

Duarte The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford

Um western de veia Malickiana, bucólico e melancólico, pausado e ponderado, poético e apaixonado. É um veículo potencializador da força da imagem, do carisma dos seus actores e do desencantamente lúgubre da sua narrativa. Um filme que não se enquadra nos padrões actuais, e que por isso mesmo se demarca e destaca. E é um arranque em beleza, e beleza é a palavra certa, para este ínicio cinematográfico de 2008.


posted by P.R @ 4:29 da tarde  
1 Comments:
  • At 10:10 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Estou a ver que o último filme do Chan-wook Park (Sqibogujiman Kwenchana,em França Je suis un cyborg) ainda não passou em Portugal. :O)

    Fiquei, no entanto, curioso para ver o último do Ang Lee.

     
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