
A adaptação musical do filme homónimo de John Waters de 1988 tinha tudo para ser um dos mais divertidos de 2007, mas acaba sofrendo por, de certa forma, se tornar vítima dos próprios excessos. É certo que Hairspray se trata precisamente de um filme de excessos, mas o sucesso deste tipo de obras reside precisamente na forma como se consegue controlá-los. Desde o início, com “Goodmorning Baltimore”, que cada número musical me parecia um pouco longo demais, tentando espremer as suas qualidades até ao tutano. Um pouco de contenção só beneficiaria a obra de Adam Shankman que, apesar de tudo, surge munida de outras virtudes, como um muito ácido sentido de humor (atacando todos os quadrantes das orgulhosas tradições americanas), e um enorme à vontade na explanação do seu sentido mais kitsch, reforçado pela localização da história em plenos anos 60. É inegável que estamos perante um dos feel good movies deste final de Verão, e que a sua descontracção consegue a espaços ser altamente viciante (na matiné a que assisti, uma série de miúdos não resistiu à sedução da cena final e foram todos dançar para junto da tela), mas continuo a pensar que, com uns minutos a menos e um nadinha de contenção a mais, o resultado final teria sido bem melhor. Para concluir, há algo de delirantemente cómico na simples ideia de um dança entre John Travolta e Christopher Walken como... marido e mulher, e é sempre de saudar o regresso de Michelle Pfeiffer, mesmo quando dá vida a uma autêntica e refinada bitch.    |
Pois eu acho que esse exagero é propositado e é hilariante. Um dos filmes mais divertidos de 2007 :)