quinta-feira, outubro 09, 2008
Vai-se lendo, vai-se tentando, vamos no bom caminho...

A propósito de nóbeis da literatura, tenho andado a ler um livro intitulado "A conquista da felicidade". É um ensaio do senhor Bertrand Russell, cuja temática se espelha facilmente no título do livro. Despretensioso, arejado e cheio de boas ideias...

Ainda só vou na página sessenta e, devo confessar, a maior parte dos "segredos" para a conquista da felicidade já eram por mim conhecidos. No entanto, já aprendi muitos outros, alguns "valiosos"!

Costuma-se dizer que, quem se conhece bem, é, se o quiser, uma pessoa feliz... Lancem-se nessa aventura!

Deixo os "dez mandamentos de Russel", publicados na sua autobiografia:

1-Não tenhas certeza absoluta de nada.

2-Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
3-Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.
4-Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
5-Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
6-Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.
7-Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
8-Encontres mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
9-Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.
10-Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
posted by Ursdens @ 2:41 da tarde  
9 Comments:
  • At 3:23 da tarde, Blogger P. said…

    Bom post, Ursdens.

    Num tempo em que há milhares de livros de auto-ajuda por aí espalhados à toa, é bom ver que um discurso inteligente, que não foi consumido pelas psicologias bacocas dos nossos dias, ainda consegue subsistir.

     
  • At 4:17 da tarde, Blogger Ursdens said…

    eheh! É mesmo isso. Os clássicos serão sempre os clássicos...

    As pessoas passam a vida a dizer que o mundo anda muito diferente e tal, como se a sabedoria de ontem nunca pudesse ser a sabedoria de hoje...

    Mas, por mais que o mundo mude, a natureza humana vai-se mantendo na mesma..., pelo que, quem há cinquenta anos era feliz, hoje também o consegue ser.

    Quanto aos livros de auto-ajuda, nem comento... eheh! Não é que não possam ser úteis, alguns..., mas a sabedoria que encerram não é, na grande maioria das vezes, novidade nenhuma...

    Cumprimentos, desta feita, não cinéfilos! :)

     
  • At 4:25 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Russel é merda. Heidegger que o diga, pois bem o disse. Cumprimentos

    Carlos Pereira

     
  • At 8:49 da tarde, Blogger Daniel said…

    este nosso Bertrand Russell pode ser muito melhor do que esses livros de auto-ajuda que andam por aí (dizer que existem livros de auto-ajuda é um perfeito disparate porque, quando lemos um livro, não estamos a ajudarmo-nos a nós próprios, estamos a ser ajudados por outros), mas a verdade é que quanto mais conheço a cultura portuguesa - mesmo que nos limitemos apenas à filosófica - , mais me parecem todas estas ideias insossas e pouco interessantes. Mas, também, o que é que se podia esperar mais da cultura empirista inglesa? Já muito bom é o facto de ela conseguir chegar até aqui.

     
  • At 2:55 da tarde, Blogger Ursdens said…

    Essa história de ser o autor do livro que lemos a ajudar-nos e não nós é um bocado dúbia...
    É que, às vezes, há livros que nos transfiguram, que nos mudam, que nos levam a conhecermo-nos melhor...
    E nessa altura já não foi o autor que nos ajudou... O autor só nos deu bases para nos conhecermos melhor, a ajuda veio de nós...

    De qualquer forma, apenas se pretendeu dar a conhecer um livro, nada mais... Se leram e gostaram melhor, se leram e não gostaram arrumem na prateleira, ou vendam na feira da ladra...

    Cumprimentos!

     
  • At 9:16 da manhã, Blogger Ursdens said…

    Eh pá, oh daniel, já agora, e uma vez que fiz uma visita ao teu perfil, aproveito para dizer só uma coisa, olha que gostar de Platão e achar as ideias do Russell insonsas é obra! eheh!

    Tem cuidado senão ainda reencarnas numa formiga! ;)

     
  • At 10:53 da tarde, Blogger Daniel said…

    Nós é que nos mudamos a nós mesmos, mas qual é a causa dessa mudança? Se mudança houve, essa causa foi a leitura do livro. Se o Russell não tivesse querido escrever o livro, quem é que mudava? Ninguém. Foi porque quis ajudar que Russell escreveu o que escreveu (vamos afastar a hipótese de que ele tenha escrito isso apenas por um qualquer desejo egoísta). Assim, a ajuda partiu dele, não partiu de nós. Se nós mudamos é porque assim o entendemos ao interpretar dessa maneira aquilo que ele escreveu. A causa mais imediata é essa, está em nós. A causa que a causa é que não está em nós. Acho que agora as coisas estão mais claras.

    Entre essas ideias do Russell (um lógico-matemático que não parece ir muito para além disso) e as ideias do Platão (de uma grandeza que ultrapassa de todas as formas de qualquer matemática) vai uma distância bem grande... Nem consigo ver o que tenham eles de comum. Racionalistas? Só se for por usarem ambos a razão! - e o Platão não a usava durante muito tempo, diga-se assim de passagem; como pessoa inteligente que era cultivava a loucura que facilmente transcende toda a matemática que se queira inventar. Agora, o que, de facto, é digno de observação é que uma análise crítica a um assunto que se trate aqui neste blogue mereça como resposta o comentário de que se vão vender livros para a feira da ladra... Mas isso também não é nada de espantar: no mundo em que vivemos, discordar é o suficiente para ser olhado com maus olhos. Foi o excesso de atitudes como essas que levaram à condenação de Sócrates.

     
  • At 4:58 da tarde, Blogger Ursdens said…

    Tens "quase" razão, embora, no que diz respeito ao sentimento de culpa que assumes, leia-se, "(...)vamos afastar a hipótese de que ele tenha escrito isso apenas por um qualquer desejo egoísta(...)", resida a tua maior falha...

    É a consciência do egoísmo como móbil que distingue o "homem contemporâneo" do "homem antigo"...

    Esse foi o erro dos socráticos e de quase todos os que se lhes seguiram até à idade moderna...

    Procuravam a "NOBREZA" ilimitadamente... Não acreditavam que eram "HOMENS", queriam ser "DEUSES"...

    Depois, resta-nos viver com a culpa que tenhamos, assumindo a vontade de não a ter..., mas sempre sem excessos...

    Esse equilíbrio é fundamental, porque, sem ele, em última análise, teríamos que nos refugiar no ascetismo da "não comunicação"...

    Desculpa a "vaidade", porque, ao fim e ao cabo, pode-se tentar ser "ASSERTIVO", mas não se pode ser "DEUS"...

    De qualquer forma, acho que vais lá, porque isso já tentas...

    :)

     
  • At 12:51 da manhã, Blogger Daniel said…

    É preciso não confundir aquilo que se diz com aquilo que se quer dizer. É evidente que tudo aquilo que fazemos resulta de um acto egoísta - egoísta aqui no sentido de que procuramos aquilo que nos dá a nós e a nós somente prazer. Agora, existem pessoas que sentem prazer em se beneficiarem a elas mesmas (ou até em prejudicar outras), enquanto que, por outro lado, também existem pessoas que sentem prazer em ajudar os outros. Nem umas nem outras deixam de ser egoístas, é certo; mas as segundas, pelo menos, não são mesquinhas... O que eu quero aqui dizer é que o significado que atribuí ao egoísmo era o da mesquinhez. Um dos maiores e mais frequentes erros das pessoas está exactamente numa questão semântica: em vez de se tentar compreender qual o significado que a outra pessoa faz corresponder àquilo que diz, entende-se erroneamente que a semântica pessoal pode naturalmente explicar a semântica de cada um. Nada mais absurdo.

    Quanto aos gregos, a história também não é bem assim... encontramos duas noções contrárias: primeiro, e sobretudo, a noção de que ninguém pode escapar ao destino que os deuses reservaram para cada um; e, ao mesmo tempo, a história de Hércules, e de mais alguns heróis, que, apesar de mortais, conseguiram, pelo seu próprio esforço e pela sua própria mortificação, conquistar o Olimpo e tornarem-se deuses vivos. Os gregos acreditavam que eram homens; e os mais inteligentes, os que estão atentos às subtilezas do mundo, como queriam ir para além disso procuravam viver uma vida grande e plena. Que mal há nisso? Sinceramente, se ser homem é viver neste buraco e não passar dele então mais vale matarmo-nos já!

    Quanto ao ser ou não deus... bom, primeiro que tudo, e para que se pudesse responder claramente a essa pergunta, tinha que se averiguar se deus existe ou não, e, depois disso, qual a sua natureza. Só assim é que se poderia ponderar se conseguiríamos ou não chegar a tal estado.

     
Enviar um comentário
<< Home
 
 

takeabreak.mail@gmail.com
Previous Post
Archives
Cinema
>> Críticas
>> Filme do mês
>> Grandes Momentos
>> 10 Filmes de Sempre
>> Balanços
"Combates"
Críticas Externas
Música
>> Concertos
>> Discos
>> Sugestão Musical
>> Video da Semana
>> Outros
Teatro
TV
Literatura
Outros
Links
Affiliates