
Depois de nos ter brindado várias vezes com a sua presença em Portugal, Caetano Veloso voltou com a apresentação de “Cê”. Pela primeira vez dei-me a oportunidade de assistir a esse grande vulto da música brasileira, tão aclamado e reconhecido pelos mais diversos temas. A noite começou com bastante animação. “Cê” é um novo trabalho, que se demarca de tudo aquilo que é «habitual» em Caetano – mais arrojado, mais agitado, mais ousado. As palavras foram sempre provocatórias e atrevidas, no entanto, suficientemente envolventes. O público engrenou no ritmo de Caetano, que ao longo de todo o espectáculo demonstrou um espírito revigorado e jovem, aguardando sempre os momentos que privilegiassem a intimidade entre intérprete e audiência. No coliseu sentia-se a ansiedade pelos momentos «a sós», onde cada uma das pessoas pudesse sentir a cumplicidade única de temas como “Sozinho” ou “Menino do Rio”. Por mais que o público assim o pedisse, Caetano só nos brindou com uma curta versão do famoso “Leãozinho”, abandonando o palco depois de cantar todos os temas de “Cê”, e deixando na plateia um sabor a desilusão. Para mim, o momento alto do concerto foi a interpretação magnífica de “Paloma”, que nos mostrou do que Caetano é capaz. Faltou o equilíbrio com o Cateano ‘minimalista’. Soube a pouco.
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