
Obra de estreia do argentino Sergio Mazza, “El Amarillo” é uma das obras em competição no Indie e embora não tenha a competência técnica de outras obras a concurso, é um filme que não desaponta, sobretudo por um olhar que procura a beleza telúrica do meio em que se passa e que acaba por envolver o espectador.
Tudo começa com a chegada de um forasteiro a uma pequena localidade rural. Interpretado por Alejandro Baratelli, este viajante desembarca de noite em La Paz e o primeiro lugar habitado que encontra é El Amarillo, um bar e casa de alterne onde pela primeira vez vê e ouve Amanda (Gabriela Moyamo). A sua voz logo o fascina e ele acaba por voltar no dia seguinte. É-lhe admitida a entrada no quotidiano do grupo de mulheres que habita o local. Ele trabalha, limpa, cozinha e tem a oportunidade de se aproximar de Amanda. A simplicidade com que tudo é mostrado encanta o espectador, que pela imagem granulada da câmara digital de Mazza se sente mais próximo daquele mundo solar, sereno e algo poético.
Apesar de a realização por vezes parecer algo insegura, deixando uma impressão de algum amadorismo, há um respeito e uma admiração pela cultura rural mostrada que fascina. Tal é particularmente notório nas cenas do Amarillo à noite, com os cantares e as músicas dos homens do campo, as mulheres a dançar, ou simplesmente os planos dos rostos. Importa ainda dizer que este filme vive bastante do mistério sedutor das canções de Amanda, quase todas escritas e interpretadas pela actriz Gabriela Moyamo. É por elas que o homem se deixa ficar naquela terra e é muito por elas também que gostamos deste pequeno filme.
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