
É sempre grande a expectativa de ver um filme vencedor da palma de ouro em Cannes. Pese embora o facto de, nos últimos anos, o festival ter tido a tendência para premiar filmes políticos acima dos demais, certo é que algumas das maiores obras primas do cinema mundial foram merecedoras do galardão máximo do festival da Riviera Francesa. De qualquer modo, e tentando focar este último filme de Michael Haneke, parece-me que, no que toca ao conteúdo, não apresenta nada de novo. Senão vejamos: Há uma tentativa de retornar a um tema desenvolvido em Funny games, já não com adolescentes, mas sim com crianças, tentando evidenciar o seu lado patológico-cruel. Simultaneamente, quer o autor frisar, parece-me, a ideia de que as educações moralistas e ultra-disciplinadas conduzirão, inevitavelmente, aos antípodas do que com elas se pretendeu... Para isto o autor pega numa família puritana, chamemos-lhe assim, desmascarando a decadência que nela impera. E o que é que há de tão original neste filme para que lhe seja entregue uma Palma de ouro? Na minha opinião, nada... Seria quase como atribuir o nobel ao Saramago por ter escrito o Caim... Se falarmos de cinema, cinema estrito, é verdade que a composição dos planos é equilibradíssima; é verdade que o preto e branco se justifica; é verdade que existe ali uma reminiscência do cinema de Bergman... Mas sem brilho, sem nada de novo no que ao argumento diz respeito... Acrescento apenas o óbvio, ou seja, esta é a minha opinião..., o que equivalerá a dizer que, para mim, o Laço Branco será um filme que, com o tempo, esquecerei e nunca tomarei como referência... |
Epah, não concordo nada, ursdens. Adorei o filme. Pesadíssimo, denso, com pormenores de fazer tremer. MAs, lá está, nestas coisas não se pode ser clubista. O mérito de Haneke está também em provocar sempre discussão.