
Confesso que já não me recordo como é que descobri Andrew Bird. Talvez numa das minhas imensas descobertas ocasionais na internet. A verdade é que o descobri porque tinha de ser. Mais do que um cantor, Andrew Bird é um verdadeiro contador de histórias. Histórias que a nós nos parecem distantes mas que transportam consigo uma importância à qual não conseguimos escapar.
Sovay abre gentilmente o álbum, sem pressas, nem demasiados apetrechos. Uma pequena janela para espreitarmos para dentro do livro de contos de Andrew Bird. A Nervous Tic Motion of the Head to the Left segue-a e já não deixa dúvidas para a magia que nos envolve. Relógios, coelhos, cartolas, Alice. Uma pressa sem fim de ouvirmos mais e mais.
"Monsters? Monsters that talk, monsters that walk the earth"
De repente, percebemos que a intriga se adensa. Os sonhos já não são tão cor de rosa como pareciam do exterior. São histórias, afinal de contas, mais familiares do que pensávamos. O tom cansado com que canta, forçando sorrisos e alegrias, faz-nos acreditar que acredita no que canta. Skin is, My, ode aos sons e a essa alegria que nos faz continuar, quando tudo nos parece querer arrastar para o real. Mas o imaginário é tão mais feliz.
À medida que o disco se aproxima do seu fim estamos aconchegados, num ambiente estranhamente acolhedor. Estamos cansados de ser inocentes. Cantamos. Cantamos para nos lembrarmos de que existe o choro. Nascemos. Nascemos quando sabemos que vamos morrer.
Andrew Bird: It's a giant among cliches
   
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um dos melhores do ano passado, excelente mesmo...