quarta-feira, maio 31, 2006
Os 10 filmes do início
Convidado pelo Pedro, ao qual e a todos os membros do blog agradeço a oportunidade de embarcar num projecto como o Take a Break, inauguro-me publicando a habitual lista de apresentação dos meus dez filmes preferidos. Poderão não ser as melhores obras alguma vez feitas, mas são sem sombra de dúvida as que me dizem mais. Sem mais demoras, aqui fica a lista, cuja ordem não é, como sempre nestas coisas, intemporal.

10 Vertigo, Alfred Hitchcock

9 The Good, the Bad and the Ugly, Sergio Leone

8 Lost In Translation, Sofia Coppola

7 Pulp Fiction, Quentin Tarantino

6 Heat, Michael Mann

5 Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain

4 Manhattan, Woody Allen

3 Requiem for a Dream, Darren Aronofsky

2 Magnolia, Paul Thomas Anderson

1 Kill Bill, Quentin Tarantino



Quem me conhece sabe a tremenda admiração que nutro pela obra de Tarantino, mais propriamente este Kill Bill. Kill Bill marca a minha viragem de apreciar cinema a adorar cinema. Ainda hoje desejo que pudesse voltar a sentir tudo o que senti naquela sessão, a primeira vez que me encontrei com o cinema formalmente. Durante aqueles minutos consegui sugar tudo o que esperei que o cinema alguma vez me fosse oferecer... de uma vez só. Obrigado Tarantino.
posted by Anónimo @ 9:39 da tarde   6 comments
segunda-feira, maio 29, 2006
Um desabafo...
posted by not_alone @ 9:42 da manhã   7 comments
domingo, maio 28, 2006
Wild Women Blues | Casino Lisboa

De 23 de Maio a 11 de Junho três vozes cimeiras do Blues unem-se num espectáculo de homenagem a Ray Charles. Tratam-se de Linda Hopkins, Maxime Weldon e Mortonette Jenkins, que juntam formam as Wild Women Blues, arrasando com as suas excelentes vozes o Auditório dos Oceanos no recentemente inaugurado Casino Lisboa, na Expo.

As três cantoras entregam desde tenra idade as suas vozes ao Blues e ao Gospel, tendo trabalhado com pessoas tão célebres como Nina Simone, Quincy Jones ou Barbara Streisand. Se tivermos em conta que Linda Hopkins tem 81 anos, canta desde os 3 e tem uma energia contagiante e uma voz admirável, percebemos o quão especial pode ser este concerto. É sempre um prazer ouvir as vozes portentosas das senhoras do Blues, mas se estiverem a cantar temas inesquecíveis de Ray Charles como “What’d I Say” ou “Hit The Road Jack”, tal torna este evento realmente fantástico.

Auxiliadas por uma banda muito competente, estas três divas americanas terminaram com todo a sala de pé, batendo palmas e dançando ao ritmo da música. É interessante imaginar como seria ver este espectáculo num qualquer clube em que nos pudéssemos simplesmente levantar e “Let The Good Times Roll”, mas ainda assim, permanece um concerto muito apelativo, sobretudo para os apreciadores deste género de música.

(foto: http://www.lxjovem.pt )
posted by Anónimo @ 12:40 da manhã   1 comments
quarta-feira, maio 24, 2006
Código Da Vinci



Código Da Vinci é, antes de mais, um fenómeno global. Lido por mais de 40 milhões de pessoas, o livro de Dan Brown foi e é um marco na literatura mundial. Muitos acusam o livro de se enquadrar numa versão "light" da literatura. Eu não só discordo, pois o livro levanta algumas questões interessantes e pertinentes e porque se fosse assim tão ligeiro não se tinham insurgido tantas pessoas para o criticar, como acho que é sempre benéfico assistir ao facto de as pessoas, pura e simplesmente, lerem livros sejam eles o Código ou não. Na verdade, e tomando como exemplo Portugal, os hábitos de leitura são mínimos e, como tal, Dan Brown, independentemente da sua qualidade de escrita, tem já um aspecto muito positivo: pôs as pessoas a lerem.

Quanto ao filme, e é de referir que li o livro, é uma desilusão. A história literária era, perdoe-me os críticos do livro, muito boa em termos de entretenimento. Tinha acção, suspense e um ritmo alucinante que prendia o leitor. Por outro lado, o facto de levantar questões tão polémicas apimentava o livro, dando-lhe uma aura irresistível. No entanto, a adaptação ao cinema, e apesar de até ser fiel ao livro, não consegue dar-lhe a aura referida anteriormente. Quais as razões? Vamos por partes.

O argumento, por incrível que pareça, não está bem estruturado. Os flashbacks são usados em demasia e nem sempre são pertinentes. Para pior o cenário, aqueles que deveriam existir pura e simplesmente são ignorados. Um exemplo disso é o facto de não se explicar porque é que Sophie cortou relações com o avô (sim, porque no livro ele era mesmo avô dela). De facto, é pelo facto de eles estarem de relações cortadas que Sauniére recorre a Langdon. Ou seja, é esse o facto que potencia todo a história e o envolvimento das personagens principais. Por outro lado, essas mesmas personagens sofrem de um parco desenvolvimento que eu penso que seria necessário para dar um toque realista ao filme. No livro tal acontecia, e o filme deveria de ter seguido o mesmo exemplo. Contudo, não o fez e por vezes parece que estamos a assistir ao videojogo e não a um filme.

Quanto ao realizador, não tenho uma opinião tão inflamada como alguns. O seu trabalho não é genial, é factual, mas também não é o principal culpado pelo filme ser uma desilusão. Na verdade, a sua realização é normalíssima e está ao nível do filme, apática. Quantos aos actores, no filme, tal como no livro, grande parte do seu interesse nasce das personagens principais. E, curiosamente, os melhores desempenhos do filme acabam mesmo por ser de duas personagens principais, Paul Bettany e Ian McKellen, Silas e Lee Teabing, respectivamente, que conseguem o feito de desenvolver um pouco mais as suas personagens. Quanto a Tom Hanks, o seu desempenho não é assim tão mau como todos falam, mas, na verdade, este não consegue também ele sair da medianidade do filme. Quanto a Audrey Tatou, os meus receios foram confirmados sendo um notável erro de casting. A actriz não consegue dar a altivez, a segurança e a quase arrogância que Sophie Neveu tem no livro, acabando por se tornar um pouco chata e inconsequente. Dois últimos destaques, desta vez positivos, a banda-sonora e o final do filme. De facto, e principalmente este último aspecto foi uma surpresa, uma vez que o final do Código Da Vinci filme é muito melhor que o seu livro homónimo. Não que este seja reinventado, mas sobretudo pela espectacularidade que têm em detrimento da desilusão que foi o final do filme.

Enfim, Código Da Vinci enquanto filme sabe muito a pouco. Apesar do fenómeno que está a ser em termos de bilheteiras, a verdade é que a qualidade cinematográfica é enormemente inferior a quantidade dos números que desponta.

Classificação:
posted by P.R @ 3:57 da tarde   0 comments
terça-feira, maio 23, 2006
The Postal Service | Give Up

I’m staring at the asphalt wondering what’s buried underneath

Tomei pela primeira vez contacto com o duo americano The Postal Service aquando do visionamento do filme Imaginary Heroes, já lá vai um ano. Na banda sonora do filme figurava uma canção simplesmente fabulosa, que falava da inadaptação com um ritmo não triste mas melodicamente positivo e viciante. Tratava-se de “The district sleeps alone tonight” que abre o primeiro e até agora único álbum desta colaboração, intitulado «Give Up», que é, para mim, a melhor canção do álbum.

Os Postal Service são dois músicos, Ben Gibbard, vocalista dos excelentes Death Cab For Cutie e o Jimmy Tamborello dos Strictly Ballroom e Figurine. Os Postal Service nasceram, como evidencia o nome, por correspondência, trocando ideias até engendrarem um dos projectos, a meu ver, mais interessantes da música alternativa actual.

O cd lançado nos EUA em 2003 tem apenas dez faixas de indie rock com laivos electrónicos, conjugando na perfeição temas mais alegres e contagiantes como “Such Great Heights” (de que Iron & Wine fez uma cover bem mais intimista que figura na BSO de Garden State) ou “Nothing Better” como temas mais fechados e sombrios como “This Place is a Prison”. Uma das mais inspiradas é “We Will Become Silhouettes” (de que os The Shins, o nome forte do soundtrack de Garden State, fizeram também uma cover). O lp por seu turno inclui ainda remixes e as citadas versões.

Um disco cujo sugestivo título deixa entrever excessivamente melancólico, consegue no entanto constituir um trabalho menos linear, onde a emoção se respira a cada faixa, seja ela mais desapontada ou mais energética e esperançosa, mas sempre, sempre envolvente. Quem disser que não pode existir um disco triste e alegre em total simultaneidade não ouviu ainda esta maravilha. Despretensioso e agradável, «Give Up» ouve-se com os braços abertos ao infinito efémero mas fascinante da contemporaneidade.
É caso para pedir: Don’t Give Up!

posted by Anónimo @ 12:20 da tarde   2 comments
domingo, maio 21, 2006
Enterro Eurovisão da Canção...
Leiam este magnífico texto do Nuno Galopim. Não podia concordar mais.
posted by not_alone @ 8:55 da tarde   1 comments
sábado, maio 20, 2006
Fiona, uma máquina extraordinária...


É por vídeos como este que eu dava tudo para ver Fiona Apple ao vivo em Portugal. Não sou certamente o único. Vejam também este vídeo e deliciem-se com a mais talentosa cantora do mundo e arredores...
posted by not_alone @ 6:27 da tarde   1 comments
Grandes Mestres da Pintura: de Fra Angelico a Bonnard (Colecção Rau) | Museu Nacional de Arte Antiga
El Greco - S. Domingos em oração (1600-1610)

Um total de 95 obras de mestres da pintura europeia, que vão do século XV ao XX, reunidas por um coleccionador privado, Gustav Rau, recentemente falecido, estão a partir de quinta-feira passada expostas numa secção do Museu Nacional de Arte Antiga (Janelas Verdes). A exposição durará até 17 de Setembro e é considerada um evento dos mais significativos do género feito este ano em Portugal.

Tive oportunidade de visitar a exposição da noite da abertura e devo dizer-vos que se trata de uma colecção bastante interessante, com várias obras de pintores muito célebres, destacando-se a parte contemporânea, onde podemos entre outros apreciar seis obras de Monet, um auto-retrato de Degas, um Cézanne, um Toulouse-Lautrec, um Renoir, entre muitos outros. Nas épocas anteriores o destaque máximo vai para "S. Domingos em Oração" de El Greco e "Praça de S. Marcos" de Canaletto.

O Dr. Gustav Rau foi médico e dedicou a sua vida na luta contra a miséria nos países mais pobres. À sua morte, a sua colecção de arte foi doada à UNICEF. Um autêntico filantropo, considerava que a arte não deveria estar fechada em sua casa mas aberta ao público. Após ter sido recebida de braços abertos em vários países, a exposição chega finalmente a Portugal e desde já faço o meu apelo para que a visitem. E dada à proximidade, visitem também o Museu Nacional de Arte Antiga, que é provavelmente o melhor museu em Lisboa.

Para saber mais informações sobre a exposição em Portugal vejam o site do MNAA. Sugiro também aos mais interessados que dêem uma vista de olhos aos sites da colecção Rau nos sites do Dayton Art Institute e do Tennessee State Museum, que apresentam reproduções de algumas obras da exposição com alguma qualidade.

Claude Monet - The Wooden Bridge (1872)

posted by Anónimo @ 11:29 da manhã   0 comments
quinta-feira, maio 18, 2006
Novo vídeo de David Fonseca quase pronto.


Our Hearts Will Beat As One é o nome do 2º álbum de David Fonseca e é também o nome do 3º single, que está agora em fase de gravação. A imagem acima é apenas um vislumbre do que vai ser este vídeo. Para saberem mais pormenores, contados na 1ª pessoa, é só clikarem na imagem.
posted by not_alone @ 7:05 da tarde   1 comments
quarta-feira, maio 17, 2006
Novidades no blog.
Como podem ver, o nosso modesto blog está em constante expansão. Como forma de facilitar o acesso a alguns posts que me parecem importantes, decidi criar links na barra de navegação, à direita. Para já, podem consultar os Concertos que destacamos até ao mês de Setembro, e um especial sobre os Festivais de Verão que, regularmente, vai sendo actualizado com as novidades dos cartazes. Espero que gostem.
posted by not_alone @ 9:44 da tarde   0 comments
terça-feira, maio 16, 2006
Video da semana | Silence 4 | Only Pain Is Real


Um dos maiores fenómenos da música portuguesa ainda deixa saudades, pelo menos a mim. O vídeo do 2º single, do seu 2º, e derradeiro, álbum de originais é, ao mesmo tempo, misterioso e sombrio. A música... a música é dolorosa.

"All is right, but inside... only pain is real..."

P.s. Não quero monopolizar esta secção do blog, e, visto que temos mais membros, gostava de lançar o desafio à Helena (que depois o passará à Ana ou ao Pedro) a partilhar connosco, na próxima semana, o seu vídeo de eleição. O critério que tenho seguido (com excepção deste último) é o de tentar mostrar vídeos que não tenham sido muito divulgados ou que não abranjam uma estilo muito comercial. Fico à espera. :)
posted by not_alone @ 8:32 da tarde   1 comments
O Rei está vivo!


Os Americanos são incríveis. Quase 30 anos depois da morte de Elvis Presley, corre o mito urbano, como todos nós sabemos, que o rei ainda está vivo. Contudo, e isto é que é notícia, uma legião de fãs veio recentemente a público revelar 10 argumentos que sustentam esta sua convicção. Aqui ficam os ditos "factos":

  • A sua certidão de óbito desapareceu.
  • Testemunhas do funeral afirmam que no interior do caixão estava um boneco de cera
  • Na sua lápide escreveu-se mal o seu segundo nome, Aron em vez de Aaron.
  • Somando os números da data da sua morte - 19.08.1977 - obtém-se 2001, título da grande obra de Kubrick, que seria o seu filme preferido
  • O seu desejo era ser enterrado junto da sua mãe, mas o seu túmulo está entre o do seu pai e o da sua avó
  • Um dia depois da sua morte, alguém muito parecido com Elvis chamado John Burrows, um pseudónimo usado pelo cantor, comprou um bilhete de avião para Buenos Aires
  • Diz-se que Elvis teria ajudado o Governo a desvendar a trama de um negócio de mafiosos em troca de uma nova identidade
  • Até hoje ninguem cobrou o seguro de vida de Elvis
  • Um dia depois da sua morte, uma antiga namorada recebeu flores de um Lancelot, outro dos pseudónimos do cantor
  • Depois da sua morte, um mascarado chamado Orion começou a dar concertos parecidos com os seus. Quando um programa de televisão realizou uma reportagem sobre a morte do cantor, Orion desapareceu.
Enfim... a mim isto parece-me um pouco forçado, havendo contra-argumentos para todos os pontos. Mas pronto... tirem as vossas próprias conclusões.
posted by P.R @ 9:43 da manhã   10 comments
segunda-feira, maio 15, 2006
Thom Yorke edita álbum a solo







Actualização: Afinal o novo álbum dos Radiohead só em 2007. Só The Eraser, o trabalho a solo, sai em Julho.

Das melhores notícias que ouvi nos últimos tempos. Estou desesperadamente à espera do novo álbum dos Radiohead e, como bónus, em Julho o vocalista e mentor da banda lança o seu primeiro álbum a solo. Intitulado de The Eraser, o álbum é totalmente interpretado e composto por Thom Yorke, que toca também todos os instrumentos.

Escusado será dizer que considero Thom Yorke um dos mais geniais músicos de sempre, e, mesmo com aquele aspecto de Gollum, o senhor consegue ser um dos mais influentes e respeitados artistas do mundo da música. Perdoem-me o excessivo entusiasmo, mas sou um fã declarado. Venham os álbuns.
posted by not_alone @ 12:19 da manhã   2 comments
domingo, maio 14, 2006
Arcade Fire | Funeral


Ultimamente tenho andado num estado vegetativo em relação à música. Mais do que vegetativo, estou a entrar numa fase de total descrédito no que se faz hoje em dia, seja em Portugal ou no resto do mundo. Salvo raras excepções (mesmo muito raras) conto pelos dedos de uma mão aqueles que são os álbuns dos últimos tempos que me tenha marcado. Claro que há música com uma qualidade inquestionável a circular por aí, não digo que não, mas falta, mais do que o profissionalismo, a paixão.

Tenho saudades de me apaixonar por um álbum, de o ouvir repetitivamente, até à exaustão.

Funeral, dos Arcade Fire é uma dessas excepções. Uma verdadeira agulha no meio de tanta palha que por aí anda. Não há fórmulas pré-concebidas, melodias fáceis, chega a não haver qualquer sentido aparente em alguns dos temas. Mas não se deixem enganar, está tudo planeado e nada surge por acaso. É a beleza do caos como fonte de inspiração.

Dificilmente encontramos algo que se possa comparar a esta banda. É verdade que vão começando a aparecer alguns discíplos, como os igualmente brilhantes Clap Your Hands Say Yeah, mas esta família de Montreal é única e conseguiu, como há muito não se via, trazer algo novo para a música.

A mistura de ritmos e instrumentos, as peculiares vocalizações, os coros infernais, tudo se junta numa ode ao fim do mundo. Um fim do mundo que tem tanto de drástico como de doce. Seja na catástrofe de Neighborhood #2 e #3, na revolta de Rebllion (Lies) ou na quietude de Uns Année Sans Lumiére e Crown of Love, somos meros espectadores de um armagedão de emoções. Há uma aura especial que emana deste disco. Algo que nos prende no seu universo e nos faz sentir parte dele.

In The Backseat, a poética música que encerra o disco, diz :"I don't have to drive, I don't have to speak" e o meu conselho é que sigam essas intruções, sentem-se e deixem-se guiar por um dos mais brilhantes àlbuns de estreia da última década...




posted by not_alone @ 10:07 da tarde   4 comments
A Naifa | Fórum Lisboa | 13.05.06

A verdade apanha-se com enganos

A Naifa assumiu-se de há dois anos a esta parte como um dos mais originais e bem sucedidos projectos da música portuguesa. Conjugando fado com uma atmosfera de pop electrónica (pop[ular] ganha aqui sem dúvida um sentido imenso), A Naifa conjuga o que de mais tradicional e vanguardista existe em Portugal. As suas letras, pejadas de uma ironia deliciosa, rompem tabus e elevam a poesia e a música a uma dimensão entre o provocador e o extasiante, honrando raízes mas rompendo barreiras.
Após uma digressão por várias cidades portuguesas, A Naifa fechou a tour esta noite num Fórum Lisboa esgotado, onde as idades se misturavam e o ambiente intimista e calmo rompeu na parte final numa toada libertária ao som da “Tourada” de Ary dos Santos / Fernando Tordo, com Mitó (Maria Antónia Mendes, vocalista do grupo) erguendo um cravo vermelho na mão.

O concerto intercalou músicas do primeiro álbum (“Canções Subterrâneas”, de 2004) e do último (“Três Minutos Antes da Maré Encher”, deste ano), com poucas ou nenhumas inovações quanto aos arranjos do disco. Sem grandes variações mas com uma afinação irrepreensível, os quatro elementos da banda brindaram o público com a sua mestria musical (Luís Varatojo e a sua guitarra portuguesa, João Aguardela no baixo e Paulo Martins na bateria) e a voz simultaneamente tão contida e tão elevada de Maria Antónia. Interpretaram canções mais vivas como “Música” ou a deliciosamente mordaz “Señoritas” e canções onde a vertente mais triste do fado emerge, como “Rapaz a Arder” ou “Porque me Traíste Tanto”, não esquecendo as mais emblemáticas (e porventura mais arriscadas, mas por isso mesmo raiando a genialidade) “Metereológica” ou “Fé”. E não deixa de fazer um irónico sentido escutar “As finíssimas senhoras das avenidas dão por mim quando passo” (de “Bairro Velho”) ali mesmo no Areeiro das finíssimas senhoras.

O grupo irradiava estilo, estilo levado ao auge com uma quase-representação entre a vocalista e o baixista, em que este expelia o fumo do cigarro contra a penumbra do palco, para logo retomar o instrumento e acompanhá-la. Entre a pose clássica e alternativa, ressalte-se a indumentária de Maria Antónia, alternando um clássico vestido preto comprido com uma botas modernas de atacadores vermelhos, reflexo também da fusão que é música da Naifa.

Foi um concerto bastante interessante e que confirma A Naifa como um grupo com o seu espaço muito próprio dentro do panorama musical português, cantando o melhor e o pior deste país, de forma única.
posted by Anónimo @ 1:16 da manhã   3 comments
sábado, maio 13, 2006
De regresso...
Depois de alguns problemas relacionados com o template, o Take a Break volta na sua máxima força mas, desta vez, numa nova casa. De facto, o antigo visual já era um pouco cansativo e o nosso tão apreciado candeeiro complicava um pouco a leitura dos nossos posts. Optámos assim por algo mais urbano, um pouco mais arrojado e que simultaneamente fosse mais fácil de ler. E foi este o resultado final. Sintam-se à vontade de comentar a dizer que gostaram, que odiaram que é indiferente... Esperamos pelos vossos comentários.

A equipa Take a Break
posted by P.R @ 6:23 da tarde   2 comments
quinta-feira, maio 11, 2006
Avalanche


Mais uma vez enfatizo aqui a riqueza de uma ida ao teatro. Não percam a oportunidade de passar uma noite espectacular e de viver experiências diferentes, sempre ao vivo.

Desta vez foi Avalanche. A peça de autoria de Ana Bola tem enchido as salas do Teatro Villaret noites seguidas. Avalanche é uma história que consegue envolver e simultaneamente divertir o espectador, fazendo rir não só pelo conteúdo mas também pela representação excelente do elenco. A história tem lugar num hotel nos Alpes Suíços, onde um grupo de gente excêntrica (cada um à sua maneira) e desconhecida, se junta com o propósito de praticar ski. Obra do destino, ficam isolados devido a uma avalanche. Ana Bola e Maria Rueff constituem uma das duplas, uma produtora de moda e a proprietária do negócio viciada em cocaína, respectivamente. Sem dúvida, Maria Rueff é um dos grandes talentos da actualidade, com uma capacidade de construção de personagem fantástica. A forma de falar, os tiques irritantes e a arrogância com que se coloca num nível superior são lindamente integradas na pele de Branca, a personagem mais snob e desequilibrada da peça.

Seguem-se Miguel Guilherme e Bruno Nogueira, Comandante e co-Piloto. Foi a primeira vez que pude apreciar Bruno Nogueira ao vivo, e não minto ao dizer que só a sua presença é terrivelmente emotiva, em todos os sentidos. Não no sentido estritamente dramático, mas sim pelo facto de existir qualquer coisa dentro de nós que é ‘activada’, seja pela sua magreza acentuada, pelo rosto expressivo e ingénuo da personagem, ou tão somente pelos dois metros de altura que tornam perfeito o tosco Pepe Andrade. Por sua vez, Miguel Guilherme é o comandante que tem sempre histórias para contar. Sempre com o esforço de se mostrar controlado, muito vivido, maduro,.. enfim, típico amedrontado que faz tudo para valer a sua reputação e um estatuto profissional. No entanto, fá-lo de forma humilde e sem pretensões, quer convencer-se mais a si do que aos outros.

Finalmente, Gina Maria, a recepcionista do hotel. Maria Vieira protagoniza um dos melhores momentos em palco na sua comparação paradoxal com a personagem de Bruno Nogueira: as suas fisionomias juntas são brutais! Lindo!

Em suma, com um elenco desta qualidade não restam dúvidas do que há de muito bom no teatro em Portugal e sobre a razão porque ainda temos êxitos de bilheteira. Não restam dúvidas de que é uma peça a não perder.

Classificação:
posted by Ana Silva @ 10:15 da tarde   0 comments
O Livro das Ilusões | Paul Auster

Paul Auster é dos nomes da literatura americana actual mais conhecidos em Portugal.
The Book of Illusions (tradução portuguesa O Livro das Ilusões), publicado em 2002, é um romance com contornos de suspense de qualidade inegável. No livro é dado especial enfoque a um outro mundo, a que Auster não é propriamente alheio – o cinema – daí que a obra seja de interesse acrescido para os amantes da 7ª Arte.
O Livro das Ilusões recordou-me o muito criticado filme português Manô de George Felner, estreado o ano passado. Apesar de serem obras de géneros e nacionalidades diferentes, logo pouco passíveis de serem comparadas, ambas confluem num ponto: têm como temática central o mundo mal conhecido e muitas vezes misterioso dos heróis do cinema mudo.

Em The Book of Illusions encontramos como narrador David Zimmer, um académico que perdeu a família e todo o ânimo para viver. Inesperadamente, encontra uma tábua de salvação ao investigar os filmes e Hector Mann, considerado o último grande mestre do slapstick mudo. Zimmer percorre vários países para poder ver toda a filmografia de Mann, distribuída pelos principais arquivos cinematográficos do mundo. Pelo meio vai conhecendo fragmentos da vida do misterioso homem, que desaparecera seis décadas antes sem deixar qualquer pista sobre o seu paradeiro. Todavia, uma estranha carta chega à casa de David. Ela diz que Hector Mann está vivo e deseja conhecê-lo. Mas… como é possível?

Esta pequena sinopse é apenas um ponto de partida para uma narrativa empolgante, especialmente na sua parte final. Auster é particularmente admirável nas descrições que faz de filmes, filmes que na verdade teceu na sua cabeça pois trata-se de um livro puramente ficcional, sem qualquer base verídica. A dada altura sucede algo semelhante ao caso de Umberto Eco que na sua obra mais célebre, O Nome da Rosa, deixava o espectador imerso na dúvida se o que relatava tinha de facto acontecido. Assim, não é difícil ao leitor se sentir dentro da própria acção, seja nos seus momentos mais entusiasmantes ou mais plenos de angústia.

Um livro a descobrir por todos quanto apreciem um bom livro, uma boa história, personagens inesquecíveis ou o mundo fascinante do Cinema.

Classificação:
posted by Anónimo @ 9:11 da tarde   3 comments
domingo, maio 07, 2006
Concertos
EM ACTUALIZAÇÃO
posted by Anónimo @ 9:31 da tarde   8 comments
Corrente de Solidariedade

Convidado pelo blog Pasmos Filtrados, o blog Take a Break junta-se assim à corrente de solidariedade para com o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
Organismo criado na década de 50 do século XX, terá já ajudado cerca de 50 milhões de pessoas a refazer as suas vidas. Não esqueçamos contudo que o problema dos refugiados persiste na actualidade, devido a uma série de causas como a guerra ou o totalitarismo.
Assim, este pequeno gesto simbólico representa o nosso apoio a uma causa tão louvável.


Para mais informações sobre a actividade do ACNUR (UNHCR no original), vejam o seu site.
posted by Anónimo @ 2:12 da tarde   0 comments
sábado, maio 06, 2006
Video da Semana | Tiger Lou | The Loyal


Desconheço por completo este senhor, mas a verdade é que estou viciado nesta música. O vídeo é também fantástico e como não tenho mais nada a dizer, deixo-vos a letra da música:

Tiger Lou - The Loyal

high strung and poorly hung
i think we're much too young
i hear a sound from your left lung
a melody so beautifuly sung

sarkasm spread your wings
oh what sweet joy it brings
'come home' the whole town sings
they will greet us like kings

to everyones delight
we crash at the speed of light
so deep in the whitest white
this could have been our burial site

well ok, i am here for the loyalist
i wanna see its face
and ok, i am here for the loyalist
this is the nesting place
ok, ok, ok

high strung and poorly hung
i think we're much too young
i hear a sound from your left lung
a melody so beautifuly sung

well ok, and i am here for the loyalist
i wanna see its face
and ok, i am here for the loyalist
this is the nesting place
ok, ok, ok

well ok, ok, ok...
posted by not_alone @ 2:03 da tarde   0 comments
quarta-feira, maio 03, 2006
Blitz: o fim de uma era


Está agora nas bancas a última edição do Blitz enquanto jornal. Porque é que isto é motivo de notícia? Porque o jornal blitz fez história durante os 21 anos que esteve nas bancas. Serviu um público jovem e sedento de curiosidade sobre o que se faz no mundo da música, muito para além do que nos chega através dos media convencionais. Criou uma alternativa de informação a todos os que se interessavam não só por música, mas por uma vertente cultural à margem. O ritual de comprar aquele jornal semana a semana poderá passar despercebido a muita gente, mas faz todo o sentido para quem descobriu "o seu estilo" nas páginas que folheava.



Agora com o formato mensal de revista é óbvio que o público vai ser maior, mas perde-se o encanto de ter as mão sujas de tinta, a espera por cada terça feira, perde-se um marco na cultura jovem, que vê assim o seu jornal de referência ser transformado em mais um produto para uma massa de gente, das quais muitas vão apenas à procura de mais uma leitura de casa-de-banho.
posted by not_alone @ 8:53 da tarde   0 comments
terça-feira, maio 02, 2006
IndieLisboa | Drawing Restraint 9

Drawing Restraint 9 era um filme que prometia bastante. Embora não esperasse um filme dentro das normas tradicionais, pensava que poderia ter bastante interesse não só ao nível da forma, mas também do conteúdo. No entanto, nada disto se concretizou, e o meu interesse dissipou-se passados dez minutos do seu visionamento dando, imediatamente, lugar a fortes e persistentes náuseas.

Execrável. É isto o mínimo que se pode dizer deste filme. Imbuído de uma pseudo-intelectualidade irritante, o filme não consegue sequer ter um aspecto positivo tal é a sua mediocridade. Aliás, este filme não só é inqualificavelmente mau como ainda é, em termos da sua concepção, arrogante na forma como se dirige ao telespectador. De facto, a sensação que tive foi que o casal Matthew Barney - Björk fez um filme para eles mesmos, sem pretender sequer dar algumas pistas para o mais comum mortal conseguir vislumbrar algum conceito por detrás da acção (se é que ele existe). Por outro lado, a junção desta diarreia conceptual e artística com uma banda-sonora de meter dó torna imediatamente Drawing Restraint 9 uma tortura sensorial que chega mesmo a dar dor física.

E Björk? Para quê este regresso ao cinema? Depois de um desempenho avassalador na obra-prima Dancer in the Dark, Bjork tem aqui uma prestação desprezível funcionando quase como marioneta das insanidades do seu marido. Não fosse só o seu suicídio enquanto actriz, Björk tem ainda uma péssima prestação na arte que a celebrizou, a música, onde assina uma banda-sonora perturbadoramente má.

Esta é a primeira vez que escrevo assim sobre um filme, mas a verdade é que esta perda de tempo é, de facto, pavorosa. Sem um diálogo durante cerca de uma hora, com cenas sem explicação capaz de chocar os mais sensíveis e outras absolutamente estupidificantes, Drawing Restraint 9 é, enquanto filme, uma verdadeira aberração que em nada previlegia a arte do cinema. Mas querem saber uma novidade tão ridícula que nem me vou dar o trabalho de comentar? O filme Drawing Restraint 9 estreia nas salas portuguesas já na próxima quinta-feira...

Classificação: Photobucket - Video and Image Hosting
posted by P.R @ 5:18 da tarde   6 comments
segunda-feira, maio 01, 2006
Campari
Ninguém me pagou nada para fazer publicidade à campari, mas este video fascinou-me. Descobri-o através do blog sound+vision e fiquei saber que o anuncio cruza Eyes Wide Shut de Stanley Kubrick, com o videoclip Boys Keep Swinging de David Bowie. Vejam vocês mesmos.

posted by not_alone @ 8:53 da tarde   0 comments
Indie Lisboa | Play


Play foi o vencedor do grande prémio de longa metragem do Indie Lisboa 2006. Após tê-lo perdido nas duas vezes em que foi exibido, pude finalmente apreciá-lo hoje numa das reposições do Cinema Londres.
Realizado pela chilena Alicia Scherson (que aqui se estreia na longa metragem), Play tem participado em diversos festivais pelo mundo fora onde tem sido sempre bem recebido. Em Lisboa venceu com contestação, uma vez que muitos defendiam ter ganho The Death of Mr. Lazaresco do romeno Cristi Puiu, que apenas recebeu uma menção especial. Não tendo visionado o filme em causa, afasto-me portanto das polémicas.

Play parece-me respeitar perfeitamente o espírito do festival, sendo um vencedor interessante. A história é simples mas ao mesmo tempo isenta de superficialidades. Uma história de almas-gémeas – ou talvez apenas almas perdidas – num conto urbano contado com um olhar social atento sobre Santiago do Chile e uma simpatia sem concessões pelas personagens principais.

Cristina (Viviana Herrera) é uma rapariga do campo que veio para cidade onde cuida de um idoso moribundo. Divide o seu tempo em passeios pela cidade e jogos de “Street Fighter” no salão do centro. Tristán (Andres Ulloa) é um arquitecto emerso numa depressão, que se vê a braços com a perda da mulher, do trabalho e… da sua mala. Por uma série de acasos, Cristina encontra a mala roubada de Tristán e através dos seus objectos pessoais – de que se destacam o i-pod e os cigarros – a rapariga conhece um desconhecido que começa a seguir insistentemente e sem razão lógica (mas haverá alguma razão no coração?).O encontro destes dois estranhos é um momento tão belo que é um clímax perfeito da acção narrativa. Aliás, Play – título que se pode relacionar com a importância da música no filme, mas também com o papel dos jogos na vida de Cristina – também se poderia chamar Stay. Porque é um desejo de ficar num lugar certo mas que parece não ser suficiente para a adaptação desejada pelos protagonistas.

O trabalho dos actores protagonistas é notável, sobretudo de Viviana Herrera, verdadeiramente extraordinária na sua encarnação de Cristina. Alicia Scherson brinda-nos com um filme cheio de vitalidade, muito solar apesar de fazer abordagens a coisas muito tristes, onde a cor tem um papel de importância capital. A fotografia de Ricardo DeAngelis é um dos pontos fortes da película, bem como a música de Joseph Costa e Marc Hellner.

Quando o filme termina, duas sensções permaneceram em mim. Uma, o anseio de que Cristina e Tristán permanecessem juntos. Outra, uma enorme vontade de viajar e ir conhecer esse Chile urbano encantador.

Uma história que alterna muito bem o universo interior das personagens com uma imagem mais alargada de quadro social da vida urbana chilena. Portanto, um filme simultaneamente com uma identidade muito própria e um carácter universal, capaz de envolver espectadores de quaisquer nacionalidades. Muito Bom.

Classificação:
posted by Anónimo @ 12:41 da manhã   1 comments
 

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