sábado, julho 07, 2007
Super Bock Super Rock | Parque Tejo | 28-06-07 e 03 a 05-07-07

Act I
28 de Junho

A noite começava a cair e a fila para entrar era considerável. Joe Satriani ainda tocava quando entrei no recinto, mas tudo o que ouvi me pareceu repetitivo e pouco cativante. Felizmente os Metallica compensaram o dia, com um concerto antológico enorme, de energia imparável, comunicação constante com o público e um som poderoso. Não sendo uma fã, revivi outros tempos em que os ouvi mais e não tenho pejo em dizer que foi um concertão.

Act II
3 de Julho

Dia de Arcade. Toda a tarde numa expectativa quase infantil, “nunca mais chega”, “nunca mais é meia-noite”. Embora o dia fosse, no conjunto, um dos mais fortes, as ânsias tinham claramente um destinatário. Cheguei já os Bunnyranch estavam a terminar a sua ruidosa actuação, tendo sido seguidos por outra banda portuguesa, os Gift, com um profissionalismo remarcável, um à-vontade contagiante e, claro, muita boa música. O concerto não ofereceu novidades para quem já os vira ao vivo mas é sempre bom revê-los em boa forma. Sempre com assinalável pontualidade, as bandas foram-se seguindo: uns Klaxons concentrados e moderadamente festivos, uns Magic Numbers de doce trago folk e uns Bloc Party a abrirem seriamente a festa. Era a sua terceira vez ao vivo em Portugal e também a minha terceira vez a vê-los e talvez por isso o efeito de eufórica novidade se tivesse perdido um pouco para mim. Certeiros e despretensiosos nas interpretações, deram um óptimo concerto mas eu já só pensava em Arcade Fire. O conjunto canadiano irradiou o palco com a sua música de celebração, uma orquestra de sensações que invadem o corpo e preenchem a alma. De fechar os olhos a meio por um segundo e sentir qualquer coisa que não se diz. Foi, como esperado, o concerto do festival.

4 de Julho
O cancelamento da actuação dos Rapture fez com que o primeiro concerto do dia começasse atrasado, de forma a evitar um grande intervalo ao início da noite. Os Mundo Cão não adiantaram ao vivo nada do que já mostraram em disco. Umas letras interessantes interpretadas de forma demasiado calculada, pouco espontânea, desapontante. Já os Linda Martini fizeram uma brilhante mostra de música, mas infelizmente continuam a tocar para eles e não para um público de festival. Clap Your Hands Say Yeah foi outra pequena desilusão, perdendo fôlego e graça ao vivo quando comparados com a frescura que deixam entrever em disco. A grande surpresa desta minha incursão no SBSR veio depois: os Maxїmo Park deram um dos concertos mais memoráveis do festival, um verdadeiro exemplo do que é tocar ao vivo. Rock vibrante, contagiante, de saltar, cantar e dançar, um vocalista que se mexe, que fala, que faz vénia aos cabeças de cartaz do dia, que vive verdadeiramente o que entoa. Muito bom mesmo. Seguiram-se os mais veteranos do dia, os Jesus and Mary Chain. Competentíssimos mas pouco entusiasmantes para quem, como eu, apenas conhece parcialmente o seu trabalho, não deixaram de ser uma presença assinalável no festival, verdadeiramente dignos de respeito. A noite de dia 4 terminaria em apoteose com LCD Soundsystem, um espectáculo de música com o homem mais improvável de ser estrela pop do mundo: James Murphy, de barriga proeminente e barba por fazer, um “next-door neighbour” genial, controlador de um conjunto de músicos, de voz tão banal e tão poderosa, com o condão de pôr a assistência a mexer o corpo como se não houvesse amanhã. Confesso que foi preciso este concerto para me render à sua música. Mas foi uma rendição total.

5 de Julho
Cheguei depois de Anselmo Ralph e Micro Audio Waves, apanhando a meio o concerto dos fabulosos X-Wife (sim, uma das melhores bandas portuguesas, ponto final). Os Gossip seguiram-se, conseguindo após três faixas conquistar o público. Os Gossip são mais a vocalista Beth Ditto que outra coisa. É ela a presença, é ela a voz poderosa. É pena que as canções e os acompanhantes não estejam ao seu nível: provocadora mas simpática, hiperactiva, delirante e, por que não dizê-lo, detentora de uma aura riot muito apelativa. Os Tv On The Radio seguiram-se, desiludindo um pouco com uma actuação demasiado morna. Os senhores entretenimento Scissor Sisters seguiram-se, e nem um problema nos ecrãs gigantes fez uma massa compacta de gente arredar pé da assistência. Divertidos e provocadores, fizeram a festa, para eles e para o público. Após Scissor Sisters houve uma pequena debandada e outros fiéis se abeiraram do palco. Era o tempo dos Interpol. Negros, sóbrios, sérios. Mas a recepção calorosa de uma massa de fãs acabou por merecer algumas palavras de agradecimento de Paul Banks, impressionado com o bom acolhimento. Pela primeira vez em Portugal, os Interpol percorreram alguns dos principais temas dos dois álbuns anteriores, não esquecendo alguns do novo “Our Love To Admire”. Foi uma primeira vez inesquecível, mas já com a mente no retorno, em Novembro, que soubera nesse dia. O meu SBSR terminou com Interpol, uma vez que não cheguei a assistir à actuação dos Underworld.

Balanço geral de quatro dias francamente positivo.

Melhores concertos: Arcade Fire, LCD Soundsystem, Metallica, Interpol, Maxїmo Park.
posted by Anónimo @ 3:03 da tarde  
9 Comments:
  • At 3:12 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    este sbsr teve de facto um cartaz fascinante. so pude estar presente no dia 3, e apesar de nao me ter arrependido mesmo nada (ARCADE FIRE + BLOC PARTY = DIA FESTIVALEIRO DO ANO), custou-me ter de deixar para trás jesus and mary chain, interpol e, obviamente, LCD SOUNDSYSTEM.
    mas pronto, para o ano ha mais :)

     
  • At 12:40 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Bem... essa dos x-wife é um pouco controversa... lol

     
  • At 7:45 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    não quero discutir contigo... tu és um pro em matéria de bandas portuguesas, né? :P

     
  • At 11:07 da tarde, Blogger Carlos Pereira said…

    Falta acrescentar à lista dos melhores concertos o de Bloc Party. Mas Arcade Fire foi provavelmente o concerto deste ano. Ainda estou em choque, uma semana depois, com tamanha energia. Genial ;)

     
  • At 11:44 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Qualquer dos 2 concertos anteriores dos Bloc Party me pareceu melhor que o do SBSR...

     
  • At 7:21 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    O que é um pro em bandas portuguesas? lol
    Nunca me chegaste a dizer o que achaste dos d3o, na abertura dos bloc party no coliseu.

     
  • At 9:58 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Não vi toda a actuação deles e o que vi digamos que me pareceu uma banda de abertura pouco adequada :P Devia ter sido X-Wife!

     
  • At 11:01 da manhã, Blogger Maria del Sol said…

    Foi interessante ver o teu balanço sobre a edição do SBSR deste ano... parece que em alguns aspectos temos a mesma opinião, mas, se quiseres, podes verificar por ti mesmo no meu blog. E sim, é unânime concordar que, pelo menos para um público "indie", o cartaz foi um verdadeiro luxo!

     
  • At 9:37 da tarde, Blogger Monica said…

    eu estive lá!!!

    Arcade fire foi fenomenal...
    o festival foi espectacular...

    inté

     
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