segunda-feira, maio 01, 2006
Indie Lisboa | Play


Play foi o vencedor do grande prémio de longa metragem do Indie Lisboa 2006. Após tê-lo perdido nas duas vezes em que foi exibido, pude finalmente apreciá-lo hoje numa das reposições do Cinema Londres.
Realizado pela chilena Alicia Scherson (que aqui se estreia na longa metragem), Play tem participado em diversos festivais pelo mundo fora onde tem sido sempre bem recebido. Em Lisboa venceu com contestação, uma vez que muitos defendiam ter ganho The Death of Mr. Lazaresco do romeno Cristi Puiu, que apenas recebeu uma menção especial. Não tendo visionado o filme em causa, afasto-me portanto das polémicas.

Play parece-me respeitar perfeitamente o espírito do festival, sendo um vencedor interessante. A história é simples mas ao mesmo tempo isenta de superficialidades. Uma história de almas-gémeas – ou talvez apenas almas perdidas – num conto urbano contado com um olhar social atento sobre Santiago do Chile e uma simpatia sem concessões pelas personagens principais.

Cristina (Viviana Herrera) é uma rapariga do campo que veio para cidade onde cuida de um idoso moribundo. Divide o seu tempo em passeios pela cidade e jogos de “Street Fighter” no salão do centro. Tristán (Andres Ulloa) é um arquitecto emerso numa depressão, que se vê a braços com a perda da mulher, do trabalho e… da sua mala. Por uma série de acasos, Cristina encontra a mala roubada de Tristán e através dos seus objectos pessoais – de que se destacam o i-pod e os cigarros – a rapariga conhece um desconhecido que começa a seguir insistentemente e sem razão lógica (mas haverá alguma razão no coração?).O encontro destes dois estranhos é um momento tão belo que é um clímax perfeito da acção narrativa. Aliás, Play – título que se pode relacionar com a importância da música no filme, mas também com o papel dos jogos na vida de Cristina – também se poderia chamar Stay. Porque é um desejo de ficar num lugar certo mas que parece não ser suficiente para a adaptação desejada pelos protagonistas.

O trabalho dos actores protagonistas é notável, sobretudo de Viviana Herrera, verdadeiramente extraordinária na sua encarnação de Cristina. Alicia Scherson brinda-nos com um filme cheio de vitalidade, muito solar apesar de fazer abordagens a coisas muito tristes, onde a cor tem um papel de importância capital. A fotografia de Ricardo DeAngelis é um dos pontos fortes da película, bem como a música de Joseph Costa e Marc Hellner.

Quando o filme termina, duas sensções permaneceram em mim. Uma, o anseio de que Cristina e Tristán permanecessem juntos. Outra, uma enorme vontade de viajar e ir conhecer esse Chile urbano encantador.

Uma história que alterna muito bem o universo interior das personagens com uma imagem mais alargada de quadro social da vida urbana chilena. Portanto, um filme simultaneamente com uma identidade muito própria e um carácter universal, capaz de envolver espectadores de quaisquer nacionalidades. Muito Bom.

Classificação:
posted by Anónimo @ 12:41 da manhã  
1 Comments:
  • At 10:54 da manhã, Blogger gonn1000 said…

    É um filme agradável e imaginativo, mas não acho que seja assim tão bom. Ainda assim, foi dos melhores que vi no Indie deste ano.

     
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