 Stanley Kubrick, um dos maiores e melhores realizadores de sempre, nunca foi uma verdadeira celebridade. De facto, optando por um low-profile absoluto, poucos foram aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer. Chegando mesmo ao extremo de nem sequer se conhecer a cara do realizador, a verdade é que isto não o impediu de se tornar um dos ícones do cinema mundial. Mas, o que é que isto tem a ver com o filme? Tudo. Colour me Kubrick é a história de Alan Conway, um homossexual alcoólico que durante anos se fez passar por Stanley Kubrick, conseguindo ludibriar toda a gente, desde indivíduos desconhecidos até actores, cantores e críticos de cinema. Confesso que, ao escrever estas linhas, até a mim o filme me parece interessante, e até podia ser, se rescrevem-se o argumento, se mudassem o realizador, os figurinos, os actores secundários.... Enfim, tudo, exceptuando talvez John Malkovich. Realizador por Brian Cook que, curiosamente, conviveu com Kubrick enquanto assistente de realização de Eyes Wide Shut, Colour me Kubrick é de uma nulidade mostruosa e de uma falta de gosto gritante. Com laivos obscenos de ridicularidade, o filme aposta em elementos presentes na filmografia do realizador de 2001 Odisseia no Espaço, mas que mais não são que um insulto à genialidade de Kubrick. Na verdade, sinto-me revoltado por tamanha displicência na forma como se aborda, por pouco que seja, a figura de Kubrick. E que dizer da cena em que Alan Conway conhece Lee Pratt? O exemplo do que não deve ser cinema.
No meio desta desinspiração é díficil encontrar algo que se esteja num patamar aceitável, mas a verdade é que a actuação de John Malkovich está muito boa. Apesar de ser por vezes excessivo nos maneirismos, a verdade é que o actor convence tudo e todos. Não é de longe o melhor papel da sua carreira, mas é sem duvida um papel bem conseguido.
Dito isto, faltará acrescentar alguma coisa? Penso que não, até porque será difícil transmitir o quanto me senti ultrajado, revoltado e chocado com o insulto a Kubrick que este filme revela ser.
Classificação: Pedro Romão |
Merda de crítica. O filme é ótimo, genial. Só porque não é nenhuma grande produção hollywoodiana não quer dizer que o filme seja ruim.