Spoilers!
Começo este texto por referir que nunca vi o original e, como tal, é impossível fazer comparações. Posto isto devo dizer desde já que acho Funny Games um filme absolutamente brilhante. Brilhante na forma de manipular intencionalmente o espectador, como na cena em que a criança é morta no meio de vários gritos e o que vemos é um dos jovens calmamente a fazer uma sandes. Quem é que naquela altura não esperava/queria ver o que se tinha passado? Haneke é provocador e brinca perversamente connosco, fazendo uma crítica mordaz à violência gratuita no cinema e na televisão, à manipulação por parte dos mass media mas também à ânsia do público por sangue e drama e por só ver aquilo que bem quer. Exemplos disso estão espalhados por todo o filme: quando o Pitt fala para a câmara a perguntar se queremos mais, na mítica cena do review, um longo plano da televisão salpicada de sangue depois da morte da criança e de outros pormenores deliciosos como o facto de a primeira coisa que Ann faz quando os “convidados” saem de sua casa é… desligar a televisão.
Para além desta componente de crítica quase cruel, a verdade é que o filme é também um drama fabuloso, onde percebemos e sentimos a raiva, a dor, a angústia daquela família tão bem espelhados por dois desempenhos prodigiosos de Naomi Watts e Tim Roth a mercê dos fantásticos Michael Pitt e Brady Cobert.
Se este é um filme que divide opiniões a mim conquistou-me por completo. Acho que é um exercício singular sobre os efeitos devastadores da violência quer na forma, quer no conteúdo. E é um dos melhores do ano.
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Absolutamente de acordo! Deixa-me só acrescentar que este Funny Games não perde nada na comparação com o original. E chega numa altura crítica... É já um dos melhores do ano!
Abraço