terça-feira, julho 22, 2008
Funny Games
Spoilers!

Começo este texto por referir que nunca vi o original e, como tal, é impossível fazer comparações. Posto isto devo dizer desde já que acho Funny Games um filme absolutamente brilhante. Brilhante na forma de manipular intencionalmente o espectador, como na cena em que a criança é morta no meio de vários gritos e o que vemos é um dos jovens calmamente a fazer uma sandes. Quem é que naquela altura não esperava/queria ver o que se tinha passado? Haneke é provocador e brinca perversamente connosco, fazendo uma crítica mordaz à violência gratuita no cinema e na televisão, à manipulação por parte dos mass media mas também à ânsia do público por sangue e drama e por só ver aquilo que bem quer. Exemplos disso estão espalhados por todo o filme: quando o Pitt fala para a câmara a perguntar se queremos mais, na mítica cena do review, um longo plano da televisão salpicada de sangue depois da morte da criança e de outros pormenores deliciosos como o facto de a primeira coisa que Ann faz quando os “convidados” saem de sua casa é… desligar a televisão.

Para além desta componente de crítica quase cruel, a verdade é que o filme é também um drama fabuloso, onde percebemos e sentimos a raiva, a dor, a angústia daquela família tão bem espelhados por dois desempenhos prodigiosos de Naomi Watts e Tim Roth a mercê dos fantásticos Michael Pitt e Brady Cobert.

Se este é um filme que divide opiniões a mim conquistou-me por completo. Acho que é um exercício singular sobre os efeitos devastadores da violência quer na forma, quer no conteúdo. E é um dos melhores do ano.

posted by P.R @ 11:45 da manhã  
8 Comments:
  • At 3:43 da tarde, Blogger Cataclismo Cerebral said…

    Absolutamente de acordo! Deixa-me só acrescentar que este Funny Games não perde nada na comparação com o original. E chega numa altura crítica... É já um dos melhores do ano!

    Abraço

     
  • At 3:46 da tarde, Blogger P.R said…

    Pois na comparação não faço ideia. Mas como objecto independente é magistral. Tenho de aprofundar a obra de Haneke. Vi o último dele, o Cache,e é igualmente soberbo!

    Abraço!

     
  • At 4:48 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    O Caché é o melhor dele sem dúvida.

     
  • At 4:52 da tarde, Blogger P.R said…

    the nader: Confesso que entre este Funny Games e o Caché tenho algumas dificuldades em escolher... Embora o segundo seja bem mais subtil na sua mensagem. Abraço!

     
  • At 9:03 da manhã, Blogger Ana Silva said…

    Gosto muito do post, mas para mim não é um filme brilhante, nem fantástico, nem um dos melhores do ano. Não posso apontar o dedo às intenções (e consequências) do realizador, mas é um filme que incomoda e que por isso nos faz dar voltas na cadeira. Confesso que houve momentos em que me apeteceu sair. Talvez seja mesmo esse o objectivo do filme: incomodar, perturbar. A mim conseguiu.

     
  • At 9:28 da manhã, Blogger Ana Silva said…

    PS: atenção aos spoilers ;)

     
  • At 10:24 da manhã, Blogger P.R said…

    A questão é exactamente essa, o objectivo é incomodar e perturbar quem vê. Pelos vistos contigo Haneke conseguiu-o plenamente :P

     
  • At 2:45 da tarde, Blogger Cataclismo Cerebral said…

    O Caché é muito bom, mas o "A Pianista" consegue ser ainda mais espantoso!

     
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