Neste mesmo dia há 10 anos, Jeff Buckley, cantava a sua última música. De botas biqueira-de-aço e toda a sua roupa ainda vestida, entoava "Whole Lotta Love" dos Led Zeppelin, momentos antes de se afogar no rio Wolf.
Apenas com um álbum editado, Jeff Buckley tornou-se uma confirmação no mundo da música. Depois da sua morte tornou-se uma lenda. Hoje, 10 anos passados desde a sua morte, a sua força permanece e continuará a marcar as vidas de quem o ouve.
É sem dúvida a notícia do dia, e talvez a notícia do ano: Police em Portugal a 25 deSetembro!
No dia que foi revelada os locais por onde passarão na sua tournée, a banda de Sting avança que passará por Portugal para um concerto no Estádio Nacional. Ainda não se conhecem preços dos bilhetes, nem quando estarão à venda.
Outro pormenor muito interessante é que o guitarrista da banda, Andy Summers, revelou que se a digressão correr bem, poderá haver um novo álbum de originais.
Como saberão perfeitamente aqueles que conhecem o seu trabalho, Lars von Trier é um realizador bastante... diferente. Começando na forma, e acabando no conteúdo, os seus filmes são sempre obras que se destacam por um grande arrojo, seja quando decide quebrar as regras tradicionais da linguagem cinematográfica, seja quando decide apresentar-nos assuntos polémicos (diga-se, em boa verdade, nunca um acontece sem o outro na sua obra). A meu ver, Dancer In The Dark surge como um espécime perfeito das maiores virtudes do cinema do dinamarquês. Primeiro, porque consegue o essencial: comover-me dolorosamente com a história tocante de Selma (Björk, numa interpretação verdadeiramente brilhante), uma mulher que apenas quer poder pagar ao filho uma operação aos olhos de forma a evitar a cegueira hereditária que também a afecta. Depois, porque a forma como filma esta história (totalmente rodada em vídeo) dificilmente poderia ser mais bem conseguida - os números musicais cheios de cor, coreografia e melodias criadas pelos instrumentos mais banais (desde um combóio às máquinas da fábrica onde trabalha Selma) contrastam com a bruta realidade, dolorosa e descolorida da vida da sua protagonista.
Acima de tudo, aquilo que mais me encanta neste filme, remete para o olhar que exerce sobre o cinema - sobre quem o vê (não é, certamente, à toa que o problema de Selma é estar a ficar cega), mas também, e especialmente, sobre os seus efeitos no ser humano, uma vez que Selma, fã acérrima de musicais, não perde uma oportunidade para escapar até eles e afastar-se da crueldade do mundo, criando mesmo momentos arrebatadores que estiveram bem perto de me levar às lágrimas assim que o vi pela primeira vez. Ao contrário do que acontece com Dogville, que o meu colega Pedro tratará de defender e possivelmente contrariar, onde tudo não me parece passar de um vazio e redutor exercício sobre a crueldade humana, sem nada que o justifique.
Por P.R
Neste frente-a-frente, é me bastante complicado escrever um texto acerca de Dogville. Para este facto contribuem dois aspectos: o facto de ser um dos meus filmes de eleição de sempre, e a constatação natural que Dancer in the Dark é um excelente filme. Comecemos talvez por aqui. Dancer in the Dark é sem dúvida um belíssimo filme. A história dolorosa, a actriz excepcional e a reinvenção do género musical à la Lars VonTrier, compõem uma tríade perfeita. Não existindo Dogville, e este seria o "meu" filme de Lars Von Trier.
No entanto, Dogville existe. Em 2003,o realizador Von Trier traz até nós a sua verdadeira obra-prima, o seu legado na reconstrução da arte e do próprio cinema. Fundindo as virtudes de teatro, literatura e cinema, a simbiose dos três géneros não só é notável, como, na minha opinião, é pioneira no seu experimentalismo. Com um mise-en-scene absolutamente inacreditável, com uma ausência de cenários e adereços propositada para o espectador centrar a sua atenção na evolução da personagem de Grace (Nicole Kidman numa interpretação absolutamente perfeita) , o olhar de Trier é cru, pessimista e demonstrativo da podridão da natureza humana. O espectador é exactamente isso, um observador do homem e dos sentimentos mais básicos. E o que se vê é um grito de revolta, um grito de alerta, uma constatação que mesmo o homem evoluído, sucumbe aos seu mais primários instintos. Se o filme não é excessivamente violento? Talvez… Mas sinceramente não creio que o que vemos em Dogville seja tão diferente da realidade actual. O filme assusta porque é verosímil. Marca porque nos revemos nas personagens mesmo não o querendo.
É fácil não gostar de Dogville. Pensar que tudo não passa de um argumento exagerado do lunático Lars Von Trier devolve-nos a tranquilidade. Sim, porque a visão é de facto pessimista, mas todos sentem que é verdadeira.
Grandes momentos | Programa da Maria | Ar de Portugal
Esta semana, no Grande Momento, trago à memoria um dos programas que teve pouquíssimo sucesso na altura em que estreou, mas que se tornou um verdadeiro programa de culto. Muito antes dos Gato Fedorento, já Maria Rueff brindava os interessados com um humor inteligente e ácido que cativa aqueles que esperavam até as 3 da manhã para verem o programa...
Como símbolo do programa, escolho um dos meus sketches preferidos: o Ar de Portugal. Escrito por Nuno Markl, e protagonizado por Rueff e Nuno Lopes (um fantástico actor de comédia), este é um momento de humor inspiradíssimo que captura muito bem a essência do programa.
Após uma primeira vez inesquecível em Paredes de Coura o ano passado, os Bloc Party regressaram ontem para encher o Coliseu dos Recreios a um público já fiel. A simplicidade dos membros da banda permanece, o entusiasmo do público mantém-se. Mas agora a festa imparável do primeiro álbum já vem acompanhada de alguma amarga melancolia. Houve momentos em que todo o Coliseu saltou eufórico e houve momentos em que parou para escutar as melodias mais calmas. O melhor de “Silent Alarm” e de “A Weekend in the City” passou ontem por Lisboa.
Começaram com “Song for Clay”, faixa de abertura do último disco, e a reacção entusiasta do público foi imediata. O auge viria, previsivelmente, com “Banquet”, com toda a sala a entoar que estava on fire. Descargas de adrenalina em “Positive Tension”, “Like Eating Grass” e “She’s Earing Voices”, intercaladas com momentos mais serenos com “Blue Light” e “Sunday”, ou de uma festa já nostálgica com “I Still Remember”. Houve a política “Haunting for Witches” e, para lembrar, as belíssimas “So Here We Are” e “Modern Love”.
O vocalista Kele Okereke mostrou-se simpático e foi mais do que uma vez até à primeira fila contactar directamente com o público. Com encore e um sentido agradecimento final provaram que, para todos os efeitos, os Bloc Party já são queridos por muitos. Os muitos perdidos que encheram a sala para dizer num uníssono particularmente belo: in every headline / we are reminded / that this is no home for us...
Venha o Super Bock Super Rock. Lá estaremos para viver tudo de novo.
Depois de Godfather 2 e Heat (o primeiro não vi, mas o segundo é extraordinário), Al Pacino e Robert de Niro, dois dos maiores actores mundiais, vão voltar a contracenar.
Segundo a revista Variety, a obra, cujo argumento será assinado por Russell Gerwirtz (Inside Man) e realizada por Jon Avnet, terá o nome de Righteous Kill e seguirá dois parceiros do FBI (Pacino e de Niro) na caçada a um serial killer. Começando a rodar em Novembro, o filme deverá estrear em finais de 2008...
Contrariamente ao que foi dito inicialmente, as aventuras de TinTin vão chegar ao cinema com personagens animadas e numa trilogia. Sendo um projecto de Steven Spielberg, a verdade é que Peter Jackson acaba de se juntar ao projecto no seguimento do acordo dos dois para o Lovely Bones, o novo projecto do realizador de The Lord of The Rings.
A trilogia será filmada usando a tecnologia de motion-capture desenvolvida pela empresa de CGI de Jackson na Nova Zelândia. O resulto desta técnica estará muito perto do que já vimos, por exemplo na personagem Gollum e nos filmes The Polar Express e Monster House. No entanto, e dado o facto de serem fãs acérrimos da personagem, ambos prometem que o resultado será bem mais sofisticado. De facto, o objectivo é que o produto final seja uma simbiose do detalhe do filme com actores reais com o universo singular criado por Hergé.
Sendo uma trilogia, cada um realizará um filme. O nome do terceiro realizador ainda não está escolhido.
De forma impressionante, uma das mais interessantes bandas portuguesas lança um novo álbum e isso passa totalmente ao lado da generalidade do público. Como fã do grupo e particularmente da voz de Margarida Pinto, não pude deixar de realçar este lançamento. Supafacial é o nome do álbum, mas também do single que o apresenta. Aqui fica, no formato youtube:
Dennis Haysbert (“24”, “Far from Heaven”) interpreta Nelson Mandela em “Goodbye Bafana”, filme que retrata os seus mais de vinte anos de prisão, contados na perspectiva do seu guarda prisional, encarnado por Joseph Fiennes (“Shakespeare in Love”). O filme é realizado pelo dinamarquês Bille August (“A Casa dos Espíritos”) e estreia este mês em Inglaterra. Desconhece-se quando chegará às salas portuguesas.
Há uns meses atrás noticiava a intenção de Hollywood em realizar uma biopic acerca do vocalista dos Queen, Freddie Mercury.
Pois bem, após muitas semanas de negociação já se sabe quem será o realizador e o actor principal do filme. E se a notícia de Robert De Niro para realizador é deveras interessante (de Niro trouxe-nos este ano o grande The Good Sheperd), é a escolha do actor principal que espanta tudo e todos. Apesar dos rumores que seria Johnny Depp o actor principal do filme, a verdade é que com os castings, os produtores acabaram por escolher:
É verdade… Será Sacha Baron Cohan, o conhecido Borat, que encarnará o mítico vocalista dos Queen. Sendo realmente uma escolha que poucos adivinhariam, a verdade é que o actor também espantou os produtores, que decidiram apostar na sua versatilidade. E confesso, até gosto da escolha…
Pedindo desculpa pelo ligeiro atraso, aqui vão as nossas escolhas deste mês:
Uma fotografia do filme mais destacado este mês
Ana Silva Dot.Com
"Este mês a minha escolha recai em Dot.com. Um bom filme português. Bons desempenhos, bom texto, boa onda. Para além de o podermos associar a uma nova fase do cinema português, nota-se também uma tendência para elevar os grandes actores nacionais, de gerações anteriores. O humor é um ingrediente fulcral nesta história, que consegue apimentar de forma perfeita a relação estabelecida entre velhos e novos, entre o interior do país e a sua ‘grande’ metrópole. "
H. INLAND EMPIRE
"Começando por fazer uma referência ao festival Indie Lisboa, que marcou este mês de Abril, elejo como obra estreada comercialmente o incontornável regresso de David Lynch com "INLAND EMPIRE". Filmado com uma camarazinha digital, Lynch lega-nos um monumento artístico ímpar. Uma exposição com a confusão de um pesadelo que é uma manifestação de génio e do poder do cinema. Sem dúvida, a obra do mês e uma das obras do ano. . "
not_alone 300
"300 é um épico dos tempos modernos. É uma mistura de Braveheart e Sin City, com a força do primeiro e a estética aprumada da obra de Frank Miller. Um contraste bruto entre uma história clássica e a simplicidade de cores que chegam para encher o ecrãn e satisfazer na perfeição as duas horas em que também nós nos sentimos um pouco espartanos..."
Paulo INLAND EMPIRE
"Como é habitual sempre que nos chega com um novo filme, David Lynch encanta, assusta, emociona e apaixona, e por isso mesmo se destaca dos restantes. INLAND EMPIRE oferece-nos toda essa gama de emoções e mais algumas, tornando-se em mais um bizarro e ao mesmo tempo belíssimo momento da filmografia do realizador. Gravado com uma pequena câmara digital, muitas ideias, maior talento e uma actriz em estado de graça, foi sem dúvida o filme que se suplantou a todos os outros neste último mês. A ver, mesmo mesmo até ao fim! "
P.R INLAND EMPIRE
"Este mês de Abril foi palco de duas estreias importantes: em cinema de entretenimento 300, em cinema de autor INLAND EMPIRE. Ainda a "quente", tendo em conta que vi o filme há pouco tempo escolho como estreia do mês o novo filme de Lynch que considero, desde já, uma das obras máximas estreadas nos últimos tempos. Com parcos recursos, sem argumento escrito previamente, mas com um desempenho principal que entra já na galeria dos melhores de sempre, o realizador da obra-prima Mulholand Drive constrói um filme possante, inspirado, trágico e belo. INLAND EMPIRE é a descontrução e o reerguer do Cinema! INLAND EMPIRE é Arte!