quarta-feira, fevereiro 04, 2009 |
Filme do mês | Janeiro |
Ana Silva Revolutionary Road Este mês foi particularmente rico em cinema de qualidade, o suficiente para tornar esta escolha também particularmente difícil. Entre uma paixão condenada ao que chamam "tempo"; aos diálogos empolgantes de que dependem a reputação de um presidente; e um casal (aparentemente) como todos os outros – o pilar de uma família feliz. É, por fim, este que tenho de destacar: os desempenhos de Revolutionary Road são de uma realidade inquestionável. De qualidade indelével, de extrema intensidade. Cada cena é digna dos desempenhos brilhantes de todo o elenco, onde Kate Winslet e Leonardo DiCaprio são o melhor espelho de uma grande realização. not_alone Revolutionary Road
Este mês não há dúvidas. Está encontrado o filme do mês, com fortes possibilidades de se tornar o meu filme do ano. Revolutionary Road coloca-nos muitas perguntas. Ás quais cada um de nós terá de responder, a dada altura da sua vida. Kate Winslet tem o melhor papel no cinema desde há muito tempo e Leonardo Dicaprio não lhe fica nada atrás. Longe vão os tempos de Titanic. Há algo de seriamente importante num filme que nos provoca uma indisposição física. Porque nos atira com a verdade à cara. E a verdade - pelas palavas de April Wheeler - nenhuma pessoa esquece, só se vai tornando melhor a mentir. Paulo Changeling
Num mês que viu algumas excelentes estreias, o primeiro dos dois filmes de Clint Eastwood deste ano marcou-me de forma particularmente forte. Ancorado numa magnífica performance de Angelina Jolie, Changeling consegue ser daqueles raros filmes cuja força dramática aumenta de forma proporcional às crescentes ambições de um argumento riquíssmo em temas, subtemas e personagens. E é talvez uma das mais aprimoradas realizações de Eastwood, conseguindo imagens e cenas de rara beleza, em contraste com o negrume de toda a história, elevando a um patamar intocável que o destaca como o primeiro grande filme de 2009.
P.R. Revolutionary Road
Num mês em que também se realçaram filmes como Changeling, Valsa com Bashir ou Benjamim Button, o meu destaque vai para o filme que mais me marcou: Revolutionary Road. Se procuram um filme sobre um grande história de amor não o vejam. O novo filme de Sam Mendes é um retrato cru e amargo da vida a dois, dos sonhos despedaçados e da clausura de alguém que não pode partir e não pode ficar. Estando a passar completamente ao lado dos holofotes que premeiam os melhores, fica a esperança que, daqui a uns anos, muitos outros descubram esta história que parece, infelizmente, não ter espaço nesta era tão falaciosamente esperançada. Duarte Milk Gus Van Sant, o artista conceptual, tinha-nos habituado a todos, ultimamente, ao avant-garde narrativo e visual do seu cinema. E quando funcionava, mais vezes sim do que não, era algo delicioso de explorar. Com "Milk", o cineasta de Oregon, volta às convenções de uma história linear, neste caso, a história verídica de Harvey Milk, o primeiro homossexual assumido a ser eleito para servir num cargo público-administrativo nos EUA. Mas longe de quem queira pensar que há aqui simplismos inerentes, e clichés fáceis, para o desenrolar, inevitavelmente trágico, deste conto da vida real. Existe todo um cuidado no tratamento da imagem, imíscuida de uma veracidade documental, e na subtileza do retrato de uma época e de uma vivência, e na imersão, sublime, de Sean Penn, no modo como encarna uma figura que luta contra o destino da sua persistência, mas cuja inerente força humana, serve de exemplo para gerações posteriores.
P. Milk Curiosa edição de Óscares, esta que se aproxima. Clint Eastwood arredado da luta e realizadores de culto a entrar na lista "dos grandes". David Fincher, Danny Boyle e…claro, Gus van Sant. De Elephant a o Bom Rebelde, era difícil prever o registo de van Sant em Milk. Mas Milké um filme vivo e bastante coeso. Sem conhecer a concorrência, afirmo já que se o Óscar recair sobre Milk, não me posso queixar. Um trabalho de filmagem muito interessante, numa obra que, entre a história e as estórias, mostrauma sensibilidade muito especial. E nesta "parada gay", Sean Penn (mais uma vez fabuloso) é o líder de excelentes interpretações, com dois actores em específico (o miúdo em crescendo, Emile Hirsch, e James Franco, num papel já com alguma elevação), que não ficam a dever nada a Josh Brolin, nomeado para a categoria de actor secundário. Veremos o que a Academia terá a dizer. Pela minha parte, Milk deve ser visto, nem que seja pela "pequena" lição política que nos dá.
Carlos Pereira The Curious Case of Benjamin Button Fincher + Blanchett + Pitt parecia uma fórmula mágica. E é de facto um milagre cinematográfico, uma obra capaz de nos devolver o olhar mais fascinante sobre o Cinema. Um filme sobre o tempo em que todos os encontros de uma vida atípica merecem destaque. E depois há um amor incondicional: mesmo que os corpos físicos vão em sentido contrário, existe uma transcendência que já não se via - nem se sentia - desde "The Fountain", de Darren Aronofsky. Ursdens Nada a destacar |
posted by P.R @ 3:34 da tarde |
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4 Comments: |
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queridos take a break, não gostei particularmente do benjamin, será que sou eu? como também não gostei do revolutionary road, devo ser eu ;) há tanto hype à volta do benjamin, que não me marcou. talvez se não fosse nomeado para tantos óscares tivesse gostado mais - isto faz algum sentido pra vocês? achei o filme muito emocional. mas é bom saber que outras pessoas gostaram muito, e são mesmo muitas pessoas (que conheço) que gostaram muito. gostei sim dos efeitos especias e da caracterização dos actores, e de várias frases, tipo: in the end you have to let go, you never know what comes your way, we are marked by the oportunities, even the ones we don't take (ou algo assim parecido). também gostei de me aperceber que afinal se calhar não seria assim tão bom se a vida fosse "ao contrário", ao fim ao cabo é uma história muito triste. uma amiga minha tinha essa teoria, de que devíamos nascer velhos e morrer bebés, que fazia muito mais sentido, mas ao ver o filme achei que nem por isso.
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e o filme pareceu-me muito mais do género do tim burton do que do david fincher...
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Bons destaques (mas também me parecem os óbvios)...
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gostei imenso do milk, espero que o sean penn ganhe o óscar.
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queridos take a break,
não gostei particularmente do benjamin, será que sou eu? como também não gostei do revolutionary road, devo ser eu ;)
há tanto hype à volta do benjamin, que não me marcou. talvez se não fosse nomeado para tantos óscares tivesse gostado mais - isto faz algum sentido pra vocês? achei o filme muito emocional. mas é bom saber que outras pessoas gostaram muito, e são mesmo muitas pessoas (que conheço) que gostaram muito. gostei sim dos efeitos especias e da caracterização dos actores, e de várias frases, tipo: in the end you have to let go, you never know what comes your way, we are marked by the oportunities, even the ones we don't take (ou algo assim parecido). também gostei de me aperceber que afinal se calhar não seria assim tão bom se a vida fosse "ao contrário", ao fim ao cabo é uma história muito triste. uma amiga minha tinha essa teoria, de que devíamos nascer velhos e morrer bebés, que fazia muito mais sentido, mas ao ver o filme achei que nem por isso.