terça-feira, fevereiro 03, 2009
Revolutionary Road


A estrada da vida. Revolutionary. Um filme onde atrás de uma janela se escondem as manchas da culpa, dos erros cometidos, dos piores pensamentos. O novo filme de Sam Mendes traz-nos uma nova perspectiva sobre a vida a dois. Faz-nos entrar na relação de April e Frank Wheeler, sem barreiras; faz-nos sentir o ‘desespero vazio’ destas pessoas que podem se qualquer um de nós. É uma intromissão de tal forma profunda, que conseguimos viver (quase na primeira pessoa) o remorso, a raiva, o descontrolo; penetramos nos olhares transtornados de cada personagem, sentimos a angústia sempre que April acende o próximo cigarro. Aqui, somos espectadores presentes, imediatamente convidados a conhecer as entranhas de uma relação que está em todo o lado, em todas as casas.

Who made these rules, anyway? Nenhum de nós tem de escolher, mas acabamos sempre por fazê-lo. Opções, escolhas, decisões; mais ou menos voluntárias. Revolutionary Road é uma espécie de 'grito de revolta' – aquele que muitas vezes carregamos connosco uma vida inteira e que nunca chega a ser ouvido. Que por um motivo ou por outro, não deixamos sair.

Se por um lado boicotamos esse ímpeto de perseguir sonhos, desafios, por outro lutamos por manter uma ‘sanidade’ controlada. Ainda que a personagem de John Givings, belíssima, nos confronte com um ’louco’ assumido onde predomina a verdade e a clareza das ideias. Who made these rules, anyway? Mais do que definir o que é certo ou errado, o mais importante é estarmos conscientes de que a moeda tem sempre dois lados. Sempre. Talvez April e Frank Wheeler não tivessem essa noção.

O casal que fascinou 'meio mundo' há dez anos, volta com mais maturidade, com pulso, e com uma intensidade sufocante, que nos ataca desde o primeiro momento. Quase sem espaço para respirar, mas com força suficiente para nos questionarmos "Vamos ser assim? Vamos ceder, (quase inevitavelmente) a estas so called rules?". É um filme pesado, mas precioso. Relevante. Leonardo DiCaprio num dos seus melhores desempenhos (se não o melhor), ao lado de Kate Winslet, absolutamente brilhante. Para mim, os melhores olhares de sempre e, mais do que isso, os melhores silêncios.


posted by Ana Silva @ 10:55 da tarde  
4 Comments:
  • At 11:31 da tarde, Blogger not_alone said…

    É um filme que nos atropela. Que torce os órgãos por dentro. E o teu texto espelha bem essa angústia. Se há filme de 2009 que vai figurar na lista dos meus preferidos de sempre, é, sem dúvida, Revolutionary Road. Ah e Kate Winslet é memorável como April Wheler. Daqueles papéis de uma vida.

     
  • At 11:57 da manhã, Blogger P.R said…

    Bom texto! :)

    É tudo isso que dizes e ainda mais um bocadinho :)

    É injusta tanta indiferença ao filme, mas pronto... no ano Obama surgir um filme que estilhaça desta forma o sonho americano não é muito bem-vindo do ponto de vista de predisposição e disponibilidade emocional.

    Vai ser um daqueles filmes que daqui a uns anos todos vão dar valor... assim o espero :P

     
  • At 3:08 da tarde, Blogger P. said…

    Vi o the reader há pouco tempo e Kate Winslet está assombrosa. Estou curioso com este revolutionary road, apesar de ter sido um pouco arredado dos óscares. São dois actores excelentes, mas, ao contrário de boa parte da população mundial, achei a relação deles em Titanic uma coisa perfeitamente adolescente e recheada de lugares comuns.
    Certamente que esta relação no ecrã este será "melhor" do que a de há 10 anos atrás.

     
  • At 3:14 da tarde, Blogger Unknown said…

    É um excelente filme sem dúvida. Acabo por não lhe atribuir a pontuação máxima mas fica lá perto. Além das interpretações (como foram esquecidas pela academia???) e da realização, temos uma banda sonora excelente de Tomas Newman. A Academia andou mesmo a dormir.

     
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