Prevendo em alguns anos a onda neo-realista que chegaria ao cinema nomeadamente pelas mãos dos cineastas italianos do pós-guerra, Aniki Bóbó é um trabalho de génio que, por si só, poderia justificar a existência do Manoel de Oliveira realizador. Arrisco mesmo a dizer que se trata de um dos grandes filmes do Cinema, aqui reduzido ao essencial, tendo como centro das atenções um grupo de miúdos que brincam nas ruas do Porto. Não será apenas, até agora, o grande filme sobre a cidade, mas também um trabalho sobre a condição humana numa história simples e universal, ainda hoje capaz de tocar qualquer espectador. Por estas coisas é que faz confusão ouvir que Oliveira está atrasado no tempo, quando há mais de 60 anos atrás estava claramente à frente da sua época. É um portento em termos humanos e cinematográficos.