Há precisamente 100 anos nascia no Porto Manoel de Oliveira. Ao mesmo tempo dava os seus primeiros passos uma arte, a sétima, que não só iria transformar a vida de todos como elevaria aquela criança a um estatuto ímpar. É assim Manoel de Oliveira. Uma vida que se funde com o cinema e a qual é impossível de dissociar.
Manoel de Oliveira é, como todos sabem, o realizador activo mais idoso do mundo. Tendo granjeado inúmeras ovações (mais do publico internacional do que do português), foi alvo de várias distinções e é, sem dúvida, das figuras mais emblemáticas e carismáticas da cultura do nosso país.
Tendo começado pelo desporto (foi atleta profissional e chegou a ser campeão nacional), foi o documentário vanguardista
Berlim, Sinfonia de uma Cidade, de
Walther Ruttmann que originou o fascínio de Oliveira pelo cinema. Nascido no seio de uma família burguesa de classe alta, Manoel decidiu criar o seu próprio documentário sobre a cidade do Porto e actividade fluvial do Douro:
Douro, Faina Fluvial (1931). Como quase sempre o filme recebeu aplausos da crítica estrangeira mas foi um fracasso em Portugal. No entanto, começava aí a carreira entusiasta de Manoel de Oliveira, agora um jovem adulto fascinado pela arte do documentário.
Depois do aprofundamento técnico com formação nos estúdios alemães da Kodak e tendo participado como actor no célebre
Canção de Lisboa de 33, Oliveira iniciou a sua obra ficcional como realizador com o
Aniki-Bobó em 1942, filme considerado unanimemente uma das melhoras obras do realizador mas completamente vaiado no seu ano de estreia. Era, talvez, demasiado arrojado para o seu tempo. Afinal foi, segundo o próprio, o
primeiro filme neo-realista do cinema mundial, embora esse título quase sempre pertença a
Romma Città Aperta de
Rossellini.
Mas apesar de acreditar nas suas qualidades e nos passos que estava a dar no sentido de redefinir o cinema, Manoel de Oliveira pareceu ficar ressentido com o público e critica nacional e afasta-se do cinema. Mas a paixão não diminui e volta em 56 com o
Pintor e a Cidade. Mas foi com o
Acto da Primavera em 63, que Manoel de Oliveira marca uma nova era do cinema português iniciando a prática da
antropologia visual no cinema. Esta corrente, que iria ser explorada por cineastas como João César Monteiro e Pedro Costa é mais uma marca do arrojo de Manoel Oliveira e do seu contributo para a arte do cinema.
A partir deste momento Manoel de Oliveira é já um nome respeitado no cinema mundial. Colecciona histórias que nos oferece em oferece em obras cinematográficas que marcaram e marcam a diferença pelo seu estilo, pela sua tão acusada teatralidade que mais não é que intencional
100 anos. 77 de carreira. 14 curtas e médias metragens. 28 longas metragens. 39 prémios. Inúmeros aplausos. Estes são os números de uma vida e carreira apaixonantes. De um percurso do homem que diz que continua a criar filmes pelo gozo de os fazer. E foi este gosto pelo cinema que o elevou a uma das figuras emblemáticas do cinema mundial. É este o homem. A vida. O cinema português. O mesmo que diz que não tem medo de morrer. Apenas receia não conseguir fazer todos os filmes que quer.
Isto não é um comentário. É um pedido de autorização para usar as fotos do sr. Manoel de Oliveira deste blog no site IMDB.
Sou assinante do IMBD e estou tentando ajudar a divulgar os nossos actores e demais pessoas relativas ao cinema nesse site.
Obrigado