quinta-feira, junho 12, 2008
The Happening



E ao sexto filme, a desilusão.

Depois do quebrar de convenções que foi o Lady in the Water (sim, gostei muito do filme) é triste ver esta necessidade de agradar de Shyamalan. Bem sei que os seus últimos filmes têm sido um fiasco de bilheteiras e que havia a necessidade de extender o público-alvo mas, para isso, não era necessário descuidar tanto o argumento.

É que o pior disto tudo é que o conceito e a ideia-base do filme são realmente muito bons. O filme começa logo a inserir-nos na acção, pondo-nos no lugar das personagens. Não sabemos o que se passa, e ficamos tão perplexas quanto estas. E isso até que funciona. O problema está, imagine-se, na construção dos diálogos e nas relações entre as personagens. O ponto onde Shyamalan mais se destaca, o campo das emoções e das reacções das personagens face às várias temáticas abordadas no seu filme, é claramente relegado para o segundo plano, havendo uma clara sobreposição dos efeitos e as razões do “acontecimento” à reacção dos das pessoas face ao mesmo. E é nessa escolha de Shyamalan que o filme se perde, tornando-se um thriller banal.

Para além disso, a verdade é que o elenco, com desempenhos muitos furos abaixo do exigível, não ajuda o realizador indiano a conseguir estabelecer uma ligação emocional com o público. Shyamalan até é conhecido por arrancar bons desempenhos dos actores que escolhe (Bruce Willis, Bryce Dallas Howard, Paul Giamatti…) mas aqui houve um erro de casting tremendo. Mark Wahlberg tem aqui um dos piores desempenhos da sua carreira. Há muito tempo que não via palavras saídas da boca de um actor a soar tão falso como aqui. Zooey Deschamel tem uma actuação apenas ridícula nunca conseguindo encontrar o registo certo em cada cena e Leguizamo o pouco que tem que fazer é mau. Salva-se Betty Buckley que assina alguns dos melhores momentos do filme.

E se os motivos apresentados já são per si demonstrativos do que não gostei do filme há que realçar, contudo, que se assiste em “The Hapenning” a grandes momentos de cinema. Cenas non sense e outras brilhantemente orquestradas resgatam esporadicamente o filme da mediania que o caracteriza, mostrando ao espectador que é Shyamalan quem está por detrás do que vemos.

Mas no fim, fica a certeza que se deve exigir mais do que alguns grandes momentos a alguém criou e nos ofereceu filmes como Sexto Sentido, A Vila, ou Lady in a Water.

posted by P.R @ 2:09 da tarde  
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home
 
 

takeabreak.mail@gmail.com
Previous Post
Archives
Cinema
>> Críticas
>> Filme do mês
>> Grandes Momentos
>> 10 Filmes de Sempre
>> Balanços
"Combates"
Críticas Externas
Música
>> Concertos
>> Discos
>> Sugestão Musical
>> Video da Semana
>> Outros
Teatro
TV
Literatura
Outros
Links
Affiliates