Antes de mais, convém esclarecer desde logo que o desafio de escolher um filme de Tim Burton e defendê-lo em detrimento de outro é, à partida, bastante ingrato, não se tratasse da obra daquele que é um dos mais interessantes cineastas americanos da sua geração – é como escolher o melhor título de campeão nacional do FCP. Tudo se torna ainda mais difícil quando se tem de escolher uma película para ombrear com essa preciosidade que é
Ed Wood que, além das características tão deliciosas que o Duarte descreveu, ainda conta com Bill Murray em modo de “mau actor homossexual”, a cereja no topo do bolo.
Ainda assim, a ter de escolher um Burton favorito, não posso ignorar os múltiplos prazeres que
Batman Returns me proporcionou na infância, e consegue prolongar ainda hoje, sempre que calho de colocar o DVD no leitor. Desde os sinistros créditos góticos com a banda-sonora enorme de Danny Elfman que me arrepio por completo à medida que o berço do bebé pinguim se vai deslocando à deriva pela imensidão dos esgotos de Gotham. Depois, temos sequências de acção maravilhosas, e todo um tom de tragédia que culmina num final verdadeiramente comovente. Para completar o ramalhete: Michelle Pfeiffer aka Classe. Se costumo dizer que aos meus 15 anos desenvolvi uma paixoneta pela Mira Sorvino quando a vi em
Mighty Aphrodite, também não me posso esquecer da vontade com que devorava cada plano em que a actriz aparecia na tela vestida de cabedal como a sensual
Catwoman. Mesmo a chorar, borrando a pintura, ou a servir de alimento a gatos vadios, a mulher está sempre impecável. Ah, também é uma excelente actriz e está maravilhosa em todas as suas cenas, caso o leitor se interesse por essas coisas. Além de tudo o resto, o argumento é também rico na forma como explora a dualidade existente em todas as personagens. Antes de Joel Schumacher ter iniciado o processo de destruição do mito do homem-morcego (com direito a mamilos nos fatos e tudo) agora recuperado por Christopher Nolan, Tim Burton conseguiu realizar aquele que é ainda a melhor adaptação para cinema de um herói da banda desenhada e o seu melhor filme, batendo mesmo o jovem das tesouras e o Mr. Camisolas de Angora.
Adar com um texto,imagem maravilhoso.
muito boas, mo' gostou muito, da mesma maneira que o blog, obrigado muito.
alegre e cheio de vida
Enfim… :)