quinta-feira, junho 04, 2009
Let The Right One In
Numa altura em que os vampiros e seus derivados parecem estar de volta em força ao cinema e à televisão (Twilight, True Blood...), o sueco Tomas Alfredson não quis ficar para trás, e apresentou-nos a sua própria visão do mito. O resultado é um filme perturbador, onde os condes da Transilvânia dão lugar a crianças de 12 anos de inocência ainda não totalmente perdida. Sem ser um exemplo de absoluta perfeição cinematográfica, Let the Right One In é um trabalho bastante sóbrio, que utiliza os dispositivos fantásticos e a temática do vampirismo para falar sobre outros temas – como, de resto, acontece com os melhores títulos do género. No jovem Oskar, um rapaz filho de pais divorciados, alienado dos colegas e fácil alvo de violência na escola, vemos espelhados muitos dos problemas sociais dos jovens da sua idade: a dificuldade na ligação com o mundo, o escapismo. E em Eli, a sua nova vizinha que só costuma sair de casa à noite, Oskar encontra alguém com quem pode identificar a sua diferença. Obedecendo de forma muito particular às regras do género, Alfredson oferece-nos um filme ao mesmo tempo sinistro e poético, desconfortável e perturbador. Peca sobretudo quando se desprende da história dos dois jovens e tenta seguir outros caminhos (uma cena gore envolvendo um ataque de gatos, por exemplo, era perfeitamente dispensável), mas quando se centra apenas em Eli e Oskar, mantendo de lado a preocupação com os sustos, e deixando estas personagens desenvolverem a sua relação tão comovente, Let The Right One In consegue ser excelente. E aqueles momentos finais, tão doentiamente encantadores, são dignos de permanecer entre os melhores do ano. Para os mais impressionáveis, fica no entanto o aviso: algumas das cenas não serão certamente muito bonitas de se ver...

posted by Juom @ 1:04 da manhã  
1 Comments:
  • At 10:08 da manhã, Blogger P. said…

    Concordo contigo, mas acrescento: Este filme é uma preciosidade, certamente do mais especial que vamos ter este ano. O realizador, que ninguém conhecia, pegou em dois miúdos que eram tudo menos actores, e deu-nos uma história que varia entre o mais doce e o mais bizarro. Sem perder verdadeiramente coerência. É daqueles filmes que leva o chavão de "não ser para toda a gente". Mas consegue provocar tensão suficiente para ficarmos presos a toda a narrativa. Não lhe chamem é um filme de terror. Tem vampiros e é sangrento por isso. Tudo o resto é uma pequena abordagem ao início da adolescência, ao primeiro amor e à forma como um inadaptado aprende a lidar com sentimentos obscuros. Aconselha-se vivamente o filme - e há dias em que dizer isso já é muito.

     
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